FBI investiga petroleira Vitol por propina no Brasil

14 de fevereiro de 2019
Denis Balibouse/Reuters

Petrobras diz que ‘coopera estreita e constantemente com as autoridades’

O FBI está investigando os dois principais executivos da trading Vitol nas Américas, por suspeita de conexão com um caso de propina no Brasil envolvendo negócios com a Petrobras, disseram duas fontes. Mike Loya, chefe da Vitol nos Estados Unidos, com base em Houston, e Antonio Maarraoui, chefe da empresa para América Latina e o Caribe, estão sob investigação do FBI, disseram as fontes, falando em condição de anonimato. Os promotores brasileiros já alegam que os dois tinham conhecimento direto de um esquema de propina envolvendo a Vitol e a Petrobras.

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Com sede em Londres, a Vitol, maior operadora independente de petróleo do mundo, disse que tem uma política de tolerância zero para suborno e corrupção. Nem Loya nem Maarraoui responderam aos pedidos de comentários por e-mail. John Marzulli, porta-voz do promotor norte-americano do Distrito Leste de Nova York, Richard Donoghue, recusou-se na quarta-feira a confirmar ou negar que uma investigação com foco nos executivos está em andamento. O escritório de relações com a mídia do FBI declarou por e-mail que “não confirma nem nega a existência das investigações”.

A ação do FBI é o segundo sinal recente de que autoridades norte-americanas estão intensificando investigações na fraude comercial, um caso que é o mais recente desdobramento da operação Lava Jato.

O ex-negociante de petróleo para a Petrobras investigado pela Justiça norte-americana é Rodrigo Garcia Berkowitz, de 39 anos, baseado nos Estados Unidos e já acusado no Brasil por participar de esquema de corrupção envolvendo as empresas de commodities Vitol, Glencore e Trafigura. O trader está cooperando com as autoridades dos EUA na investigação e pode enfrentar acusações. Procuradores brasileiros disseram que Loya e Maarraoui tinham conhecimento direto de um esquema de propina da Vitol com a Petrobras.

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Eles ainda não enfrentam acusações no Brasil. Não se soube de imediato se estavam sendo acusados nos Estados Unidos. Concorrentes da Vitol, Trafigura e Glencore se recusaram a comentar a investigação norte-americana.

A Glencore reiterou declarações prévias de que está cooperando com as autoridades brasileiras. A Trafigura declarou levar as alegações a sério. Todas as empresas foram suspensas de negociações com a Petrobras.

A Petrobras disse que “vem cooperando estreita e constantemente com as autoridades que investigam assuntos relacionados à Operação Lava Jato e assim continuará fazendo”.

A empresa afirmou previamente que é vítima no suposto esquema de corrupção.