Dólar fecha acima de R$ 3,80

21 de março de 2019

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,9%, a R$ 3,8001 na venda

A cotação do dólar desacelerou, mas fechou em alta hoje (21), diante de preocupações com o andamento da reforma previdenciária, após a prisão do ex-presidente Michel Temer.

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A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,9%, a R$ 3,8001 na venda.

É o maior patamar desde sexta-feira (15), quando terminou o dia a R$ 3,8206. O ganho percentual é o mais forte desde quinta-feira passada (+0,91%).

Na máxima do dia (R$ 3,8390), o dólar mostrou alta de 1,94%. Na B3, a referência do dólar futuro ganhava 0,78%, a R$ 3,8060.

No exterior, a moeda norte-americana também mostrava força. O índice que mede o valor da divisa contra uma cesta de rivais apreciava cerca de 0,7%.

“O real tinha valorizado recentemente sem notícias concretas. Era tudo muito na base da expectativa. E o mercado está se dando conta disso”, disse Italo Lombardi, estrategista macro para a América Latina do Crédit Agricole.

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Outros mercados domésticos pioraram, também refletindo a piora da percepção sobre o cenário político. O Ibovespa caiu 1,34%, enquanto os juros futuros de longo prazo subiram.

Temer foi preso pela manhã em São Paulo pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato por suspeita de desvios de recursos nas obras da usina nuclear de Angra 3. Também foi preso o ex-ministro Moreira Franco.

O episódio piorou o humor dos agentes financeiros. Na véspera, o texto entregue pelo governo ao Congresso para mudar regras da previdência nas Forças Armadas, com economia líquida prevista de apenas R$ 10,45 bilhões em 10 anos, frustrou o mercado e caiu mal até entre parlamentares aliados do governo.

O receio agora é que o governo seja mais pressionado por outras categorias e faça mais concessões, o que pode reduzir a economia estimada com a reforma da Previdência.

O anúncio do nome do relator para a reforma dos civis na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, previsto para esta quinta, foi adiado à espera de um “esclarecimento” do governo sobre o projeto dos militares.

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Nos cálculos da UBS Wealth Management, uma reforma “razoável” traria economia de “pelo menos” R$ 600 bilhões ao longo de dez anos. A casa espera dólar de R$ 3,50 entre três e seis meses.

Lombardi, do Crédit Agricole, ainda se diz construtivo em Brasil, mas reconhece que os mais recentes reveses – a economia menor na reforma previdenciária dos militares e a prisão de Temer – aumentam desafios do governo para aprovar a reforma. O estrategista ainda vê o dólar em R$ 3,75 no fim do ano.