Credores aprovam plano de recuperação da Avianca Brasil

6 de abril de 2019
Getty Images

Companhia aérea pediu proteção judicial contra falência em dezembro

Credores liderados pelo fundo hedge Elliott Management aprovaram ontem (5) um plano de reestruturação da companhia aérea Avianca Brasil, horas após a agência de defesa da concorrência do país, Cade, ter manifestado preocupações de que o acerto pode violar regras de proteção à competição.

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O Cade, também informou ontem que poderia bloquear o plano, que a Avianca Brasil espera poder levantar cerca de US$ 210 milhões com ele. A companhia aérea brasileira pediu proteção judicial contra falência em dezembro do ano passado.

O alerta do Cade significa que a aprovação dos credores pode não dar um alívio de curto prazo para a Avianca, uma vez que o regulador afirmou que sua análise da operação pode durar pelo menos oito meses. Durante este período, a companhia aérea terá que operar com seus próprios recursos, ou fazer novas dívidas.

O plano foi modificado na noite de ontem durante a assembleia de credores, mas os novos detalhes não ficaram disponíveis de imediato.

Sob o plano da Avianca Brasil encaminhado nesta semana, as rivais Gol e Latam comprarão direitos de pouso e decolagens (slots) da Avianca nos principais aeroportos do país, onde já são dominantes. Gol e Latam já possuem controle de dois terços dos slots em cada um dos três aeroportos envolvidos no plano – Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

O plano pode levantar recursos para a Avianca Brasil, mas é de alto risco, afirmaram advogados, uma vez que a companhia aérea pode ficar muito tempo esperando por novas injeções de capital. Se a Avianca Brasil entrar em colapso antes da aprovação do Cade para a venda dos seus ativos, não haverá slots em aeroportos a serem vendidos.

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A Avianca Brasil atrasou pagamento de salários em março deste ano e há meses tem brigado contra empresas de leasing de aviões que tentam retomar aeronaves da frota da companhia.

A companhia aérea não poderá receber qualquer recurso até que o Cade aprove a operação, afirmou a advogada especializada em questões concorrenciais Tatiana Lins Cruz, em entrevista na última quinta-feira (4).

Uma fonte próxima da Latam disse que a companhia aérea espera que o Cade aprove o plano pois envolve apenas um modesto aumento na presença da empresa nos aeroportos do país.

AZUL PASSADA PARA TRÁS

O plano da Avianca Brasil representou um golpe contra a rival Azul, terceira maior companhia aérea do país, atrás da Gol e da Latam. Em Congonhas, Gol e Latam já controlam um total combinado de 92% dos slots e a Azul detém apenas 3%.

A Azul tinha acertado um acordo preliminar anterior com a Avianca Brasil para assumir slots da companhia por US$ 105 milhões e já tinha fornecido cerca de US$ 8 milhões para que a companhia aérea honrasse sua folha de pagamento em março.

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Mas o acordo foi cancelado depois que Gol e Latam entraram na negociação, em um anúncio surpreendente, na quarta-feira (3).

Ontem, o Departamento de Estudos Econômicos do Cade afirmou que a solução com menor potencial de gerar preocupação concorrencial seria um novo entrante assumir a operação das unidades (ativos da Avianca Brasil), tendo em vista que, neste caso, não haveria mudança do nível de concentração do setor.

Neste sentido, a aquisição dos ativos da Avianca Brasil pela Azul apresenta um nível de preocupação concorrencial menor do que no contexto com Latam ou Gol, segundo o Cade. “Seria necessária, no entanto, uma análise profunda para uma conclusão sobre essa operação”, afirmou o órgão de defesa da concorrência.

A nova proposta de venda de ativos da Avianca Brasil também pode atrair receios da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Segundo nota a clientes de analistas do Bradesco BBI, “não está claro se a Anac vai aprovar esta nova estrutura” de venda dos ativos.

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