HBO tenta se reconectar com millennials após “GoT”

19 de julho de 2019
Reprodução/Forbes

O público de 22 a 38 anos esteve entre os mais leais de “GoT”, sustentando o drama medieval por oito temporadas

Resumo:

  • “Game of Thrones” acabou e marcou o fim da fidelidade de muitos espectadores à HBO;
  • Os millennials, consumidores entre 22 e 38 anos, são a maior parte desse público;
  • Dividir ou emprestar contas de streaming e canais de TV são atitudes comuns a esse nicho, e podem ser um problema para as emissoras;
  • A venda da WarnerMedia para a AT&T também é um tópico de risco para o futuro da HBO.

Em se tratando da audiência dos millennials, o “inverno” chegou para a HBO com o fim de “Game of Thrones”. Pelo menos, essa é a conclusão a que chegou a empresa de pesquisas de mercado “InMyAreaResearch” depois de entrevistar mil consumidores entre 22 e 38 anos que assistiram ao canal nos últimos três meses. De acordo com a InMyArea, um em cada três entrevistados cancelou ou planeja cancelar seu plano de assinatura da HBO.

Esse dado, porém, não conta a história toda. A pesquisa também descobriu que 26% dos millennials assistem à HBO pela conta de outra pessoa. O consolo para o canal é que, para a rival Netflix, a situação é pior: 35% dos entrevistados admitem dividir contas.

“Se um terço dos millennials fãs de ‘GoT’ cancelar a assinatura após dar adeus a Westeros (o continente ficcional em que a maior parte da série se passa), a HBO pode perder toda uma audiência segmentada e seus significativos rendimentos”, conclui o levantamento da InMyArea.

O público de 22 a 38 anos esteve entre os mais leais de “GoT”, sustentando o drama medieval por oito temporadas com memes e debates nas redes sociais. Nas duas últimas levas de episódios, a série alcançou 10 milhões de visualizações. Na estreia da oitava temporada, conquistou 17,4 milhões de transmissões, mais do que qualquer episódio da história do canal pago.

“GoT” tinha três vezes mais espectadores do que “Westworld”, a segunda série mais popular do canal, e ofusca sucessos como “Chernobyl” e “Big Little Lies”, segundo a InMyArea.

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“Nossos dados mostram que quem manda é o conteúdo. Os consumidores escolhem programações específicas, e não marcas”, diz John Busby, diretor da InMyArea. “O mundo mudou. O menu do streaming saltou de apenas algumas marcas para dezenas delas, e, à medida que a competição se intensifica, a tendência é que os consumidores escolham com cuidado o que comprar — e quais contas pegar ‘emprestadas’ dos amigos.”

Em meio a esse acirramento da competição,a HBO acaba de anunciar o plano de lançar o serviço de streaming HBO Max. A plataforma vai tirar da Netflix todos os 236 episódios de “Friends”, um dos programas mais populares da história da TV. Outra série favorita do catálogo da Netflix, “The Office”, está voltando para “casa” — para a NBC — em 2021, quando os donos do canal estão planejam lançar seu próprio serviço de streaming.

Pelo menos seis executivos antigos da WarnerMedia, entre eles o chefe de longa data da HBO, Richard Plepler, deixaram a companhia na sua aquisição pela AT&T por US$ 85 bilhões, em 2018. Plepler ficou irritado quando o CEO da WarnerMedia, John Stankey, disse aos funcionários da HBO que a emissora, com receita superior a US$ 2 bilhões em 2017, não era rentável o bastante.

“Como alguém que cresceu acostumado a organizar os próprios negócios, Stankey pareceu se irritar com o seu novo chefe desde o início”, escreveu o “The New York Times”. “A AT&T provavelmente será uma administradora ativa da WarnerMedia, daquelas que não hesita em desfazer uma emissora que é o pote de ouro do grupo.”

A HBO não retornou o pedido da reportagem para comentar o cenário.

 

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