O negócio de US$ 1 bi que funciona com 700 funcionários remotos

25 de julho de 2019
Reprodução Forbes

Empreendimento atual de Sid Sijbrandij, GitLab, chegou à marca dos US$ 100 milhões em receita

Resumo:

  • GitLab, o empreendimento atual do holandês Sid Sijbrandij, atingiu US$ 100 milhões em receita e tem valor de mercado estimado em US$ 1 bilhão;
  • O empreendedor abriu a primeira startup ainda calouro na universidade;
  • Com ele, aprendemos que entender de ações e ter uma visão alinhada com os sócios é fundamental ao lançar uma startup;
  • Sua empresa de software de código aberto deve abrir capital ainda em 2020.

Sid Sijbrandij sabe uma coisa ou duas sobre criar, expandir e deixar um negócio. Seu empreendimento atual, GitLab, chegou à marca dos US$ 100 milhões em receita e está avaliado em mais de US$ 1 bilhão. Fundador de um dos unicórnios do Vale do Silício, o holandês já teve outras empreitadas no mundo das startups.

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Convidado recente do podcast Dealmakers, Sid Sijbrandij falou sobre a sua jornada empreendedora, sobre o processo pelo qual passou para encontrar sócios ideais, sobre o financiamento próprio que fez, sobre investimentos milionários e sobre seu vício em startups de crescimento rápido, entre muitos assuntos.

Sobre aproveitar as oportunidades

Sid Sijbrandij parece ter dom para identificar oportunidades de negócios. No ensino médio, o empresário estudou física aplicada e ciência da administração, e escolheu um tipo de graduação que mesclava os benefícios de um MBA com saberes de engenharia.

Sid Sijbrandij começou a primeira startup ainda calouro na universidade. A ideia veio de um colega estudante de Ph.D., que fez um receptor infravermelho capaz de pular as músicas no computador — a ferramenta que rodava o formato MP3 na época. Sijbrandij começou a comprar receptores de infravermelho e revendê-los nos EUA. Recebia um envelope com o valor e despachava uma placa de circuito.

Os cofundadores depois discordariam dos planos de expansão da empresa. Sid queria priorizar as contratações para não dedicar tanto tempo a determinadas tarefas, e seu sócio queria otimizar o fluxo de caixa livre. A separação foi amigável.

O que importa ao lançar uma ideia

Sid Sijbrandij passou por várias startups e, dessa experiência, lista dois pontos fundamentais para fundar uma empresa:

1) Ter conhecimento sobre ações

2) Ter certeza de que você e seus sócios possuem visões alinhadas

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Sijbrandij diz que é importante que as ações estejam alinhadas com “a contribuição de cada um para a empresa” e que a eventual saída de um dos cofundadores, no futuro, não prejudique o negócio — e a vontade dos investidores.

Sid Sijbrandij não encontrou na Holanda ambiente e recursos para fazer uma empresa crescer com rapidez. Se o plano é se expandir com velocidade, é bom estar em algum lugar como a Bay Area, onde todo mundo tem esse mesmo objetivo.

Todos devem ser guiados por essa neta: não apenas os cofundadores, mas também o funcionário do financeiro, o advogado, todos.

Paixão pelo crescimento

Depois de se formar, Sid Sijbrandij passou alguns meses na IBM, onde poderia ter feito carreira. Ele tinha interesse em consultoria estratégica, bem como na construção de um submarino só para diversão bem longe da IBM.

O holandês fez um uma lista com todos os cenários possíveis para o futuro. Um dos seus critérios de decisão era: “Essa é uma boa história para contar no bar?” Ele mostrou ao pai, que achou uma forma ridícula de decidir sobre a carreira, mas o apoiou.

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Sijbrandij então entrou em contato com um investidor interessado em empreendimentos submarinos. Seu argumento foi: “Você deve me contratar porque recebi uma oferta de trabalho da IBM. Caso contrário, vou começar a trabalhar lá, e nós dois não queremos isso”. E assim ele conseguiu o que queria.

Sijbrandij desenvolveu o primeiro computador de bordo para o submarino. Hoje, a U-Boat Worx é uma das maiores construtoras de submersos recreativos. Se você fizer um cruzeiro do tipo, é provável que seja do U-Boat Worx.

Ainda assim, depois de cinco anos, o holandês não se via crescendo a um ritmo que mantivesse seu interesse no negócio e passou a dividir seu tempo com outra atividade: ele passou a fazer um trabalho de meio período em um projeto de inovação em parceria com o governo, como funcionário público.

Nesse tempo, aprendeu muito sobre si mesmo e viu como empresas de rápido crescimento, com uma série contínua de pepinos a resolver, o mantinham interessado.

Financiando a sua startup

Depois de abrir e vender a loja de aplicativos Appappeal, Sid Sijbrandij transformou o software de código aberto GitLab em um empreendimento de crescimento rápido que segue em direção à abertura de capital em 2020. Ele tirou dinheiro de seu empreendimento anterior e dobrou o valor com bitcoin para criar o GitLab.com.

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As primeiras centenas de inscrições vieram com um texto publicado no site Hacker News. Então, junto com o sócio, inscreveu o projeto na aceleradora de startup Y Combinator. Estava dada a largada. Ele precisava de um projeto e um plano para apresentar a investidores de primeira linha. Comprimindo seu plano de negócios de três meses para apenas duas semanas, a equipe do GitLab teve na demonstração e conquistou ter Ashton Kutcher como investidor do projeto.

Houve tanto interesse em sua rodada de capital semente, que Sid e o sócio foram direto para a rodada de financiamento de Série A. Eles inclusive seguiram com as rodadas de de financiamento B, C e D, levantando US$ 158 milhões e uma avaliação de US$ 1,1 bilhão.

Hoje, alguns de seus investidores incluem a Khosla Ventures, a Google Ventures, a August Capital, a Iconiq Capital, a 500 Startups e a Sound Ventures, para ficar em alguns. Não há nada melhor do que isso quando se é uma startup de hiper-crescimento.

Para fazer isso, Sid e equipe tiveram que dominar a narrativa do negócio. Isso significa ser capaz de capturar a essência do negócio em 15 a 20 slides. Para uma jogada vencedora, pesquise sobre o modelo de apresentação criado pela lenda do Vale do Silício, Peter Thiel — ele foi o primeiro investidor anjo do Facebook, com um cheque de US$ 500 mil transformado em mais de US$ 1 bilhão em dinheiro.

Abraçando o trabalho remoto

No GitLab, não se fazem encontros pessoalmente, mas é bastante incentivado o uso de webcams em reuniões. Os sócios acreditam que há algo a ser visto na outra pessoa, mesmo que seja por vídeo. Para colocar isso em prática, todos os dias os funcionários fazem ligação com um certo número de pessoas. Grupos de cerca de 20 membros trocam figurinhas nesses encontros virtuais.

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Nas chamadas, os tópicos em discussão variam de filmes a revistas e não necessariamente são relacionados ao trabalho. A ideia é criar um clima positivo na equipe. Como parte da cultura do GitLab, a interação social desempenha um papel fundamental — mesmo que de forma remota.

Aquisições simplificadas

Recentemente, Sid e a GitLab têm sido ativos nas aquisições: foi a Gitorious em 2015, a Gitter em 2017 e a Gemnasium em 2018. Eles estão em busca de mais iniciativas para serem adquiridas. Querem equipes que já tenham trabalhado na construção de outros produtos . De preferência, um time que desenvolveu um ótimo item, mas não conseguiu distribuição.

Para facilitar as coisas, eles têm uma página digital de oferta de aquisição. A interface inclui até mesmo uma calculadora, para que você saiba o quanto eles estão oferecendo.

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