LogiGo pretende faturar R$ 1 bi em dois anos com inteligência artificial para carros

20 de agosto de 2019
Divulgação

Antonio Azevedo, CEO e fundador da LogiGo

Aos 14 anos, Antonio Azevedo iniciou seu primeiro negócio. Importava o MiniDisc (disco ótico de armazenamento de dados) dos Estados Unidos e o vendia em alguns sites na internet. Cinco anos depois, aos 19, abriu uma escola de informática, que permaneceu ativa por três anos. Essa empresa não deu certo: “Me ensinou muito, mas não foi para frente”, conta. Mesmo com a falha, a mentalidade de empreendedor não o deixou desistir. Foi um de seus incentivos, na verdade.

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Azevedo fundou, então, mais duas companhias, que foram bem-sucedidas, e as vendeu. Foi só em 2009 que criou a LogiGo, com capital inicial de R$ 90 mil. A empresa que promete uma tecnologia exclusiva para o setor automotivo alcançou faturamento de R$ 120 milhões no ano passado e espera chegar em R$ 1 bilhão até 2021.

“Queria oferecer algo que não existia no mercado. Desde o MiniDisc, esse sempre foi o meu propósito”, diz. A bandeira da LogiGo é inovação. Este foi o segredo para entrar em um setor tão fechado e conservador. A companhia faz isso ao trazer uma tecnologia que, até então, era inalcançável para o mercado nacional: os produtos de conectividade, com o uso de inteligência artificial, para o setor automotivo. “Quando apresentamos a LogiGo para pessoas do mercado automotivo ou até para as montadoras, todos ficam muito surpresos porque não existe outra companhia no Brasil que ofereça uma solução tecnológica em infotainment (sistema de direção inteligente na tela) tão veloz e com alta credibilidade”, Azevedo conta. 

Daí a escolha de investimento em automóveis. “Era o mercado mais defasado que encontrei na época”, conta. Como havia vendido um empreendimento, Azevedo tirou de seis a oito meses para definir o próximo negócio. Naquele período, carros não eram eram desenvolvidos tecnologicamente e não ofereciam mais do que já estava ali disponível. “Depois de pesquisar, entendi que era o lugar certo para investir e com uma ótima margem de lucro.”

Hoje, com a crescente onda de tecnologia e criação na indústria, as principais concorrentes da LogiGo são Panasonic, Bosch e Harman. São empresas de bilhões de dólares, como o CEO aponta. “Ganhamos nosso primeiro contrato com uma montadora porque oferecíamos recursos que ela queria no carro, como a TV digital full HD, mas ninguém tinha, apenas nós”, diz.

Segundo o fundador, a LogiGo se destaca e ganha espaço nesse mercado tradicional e concorrido por meio de uma cultura agressiva de entrega e resultados, em uma gestão horizontal. “Queremos passar a mensagem de uma empresa disruptiva, que entrega muito mais por muito menos”, afirma Azevedo.

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Mais do que isso, procura atender o que as montadoras parceiras querem. A Nissan, por exemplo, queria levar mais tecnologia a seus carros, para que o cliente pudesse checar o Waze ou Spotify no próprio computador de bordo do veículo. “Já tínhamos essa estrutura havia dois anos. Atualmente, estamos lá [na Nissan] há cinco. Com a Mitsubishi foi a mesma coisa.”

A startup, que atua no sistema OEM (que atende a montadora diretamente) atualmente, vê neste formato uma possibilidade de expansão dos negócios no México e Estados Unidos, por exemplo, onde já tem escritórios instalados. Até janeiro de 2019, a companhia não tinha um departamento comercial, o que, para o CEO, é algo importante a ser realçado, já que o faturamento de 2018 foi alcançado sem essa equipe.

Quando o plano de expansão comercial foi iniciado neste ano, foi necessário contratar esses profissionais nos três países em que a empresa atua. “Estamos falando de um mercado norte-americano de 17 milhões de carros, enquanto o Brasil, no máximo, tem três milhões. A oportunidade lá é muito maior do que aqui, por isso estamos indo”, comenta. “Quando chegamos quebrando paradigmas e com mindset de startup, as montadoras também se abrem.”

Para Azevedo, além da inovação, os preços melhores e prazos curtos da companhia são um diferencial. “As montadoras acabam preferindo isso. Elas tinham uma base de que o mesmo modelo de carro ficava no mercado por cinco anos, mas hoje isso não é mais possível. Se acontece, você perde a competitividade – sua marca não vai ser a preferida do cliente.”

O produto, conectado à internet, sempre se atualiza, de modo que é possível ter algo novo sem a necessidade de trocá-lo em um período definido de tempo, como acontece com os celulares. Há, ainda, a possibilidade de fazer compras pela central e receber mensagens personalizadas da fabricante.

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Hoje, a maior aposta da LogiGo é a LIA, a assistente virtual por trás da tecnologia. A proposta dela é tornar o carro um dispositivo humanizado. Ela não apenas responde ou executa seus comandos, mas, a partir de seu tom de voz, pode identificar seu nível de emoção ou estresse e sugerir formas de solucionar isso. Exclusiva no mercado, ela ainda tem sotaque, dependendo da região do país -entende e se adapta.

O principal produto da LogiGo quer revolucionar a condução. “Estamos criando, também, um marketplace para compras. A LIA vai pode fazer sugestões”, comenta. Haverá um pagamento de taxa, na qual uma parcela vai para a montadora e a outra para a companhia. “Vamos injetar dinheiro na montadora, algo que não acontece hoje. Estamos gerando receita recorrente por meio da tela do carro. Isso não existe.”


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