A chamada Máfia da Skype é um grupo que envolve dezenas de pessoas, com alguns nomes que realmente se destacam
Resumo:
O Skype foi uma das iniciativas europeias mais conhecidas no segmento de tecnologia;
Fundada no início dos anos 2000, a empresa foi comprada pelo eBay em 2005 por US$ 2,6 bilhões;
Veja quem foram os principais responsáveis pela companhia e o que fazem agora.
O Skype é considerado como uma das empresas de tecnologia de maior sucesso que saiu da Europa. Mas quem são as pessoas que o construíram e onde elas estão agora?
Eles estão envolvidos em muitos outros negócios, o que inclui um fundo de capital de risco com mais de US$ 1 bilhão à sua disposição e uma startup autônoma de robôs que entregam delivery no Reino Unido e na Califórnia.
A chamada Máfia da Skype é um grupo que envolve dezenas de pessoas, com alguns nomes que realmente se destacam.
Fundada no início dos anos 2000, a empresa foi comprada pelo eBay em 2005 por US$ 2,6 bilhões. O negócio recebeu investimentos de aproximadamente US$ 390 milhões de cada um dos fundadores, Niklas Zennström e Janus Friis. Na época, não foi apenas a maior saída do setor de tecnologia da Europa, mas também a maior em nível global desde a quebra das iniciativas pontocom.
A história por trás do acordo oferece uma leitura interessante. Zennström e Friis mantiveram a propriedade de parte da tecnologia da empresa, o que se mostrou vital quando as relações entre eBay e Skype azedaram. Os empreendedores europeus processaram o eBay por usar indevidamente seu IP, o que levou a Google e a Microsoft a pensarem duas vezes antes de adquirirem a companhia do eBay. Os fundadores alegaram que alguns de seus códigos, dos quais eles mantinham os direitos autorais, eram usados no Skype sem sua permissão.
Em 2009, o eBay vendeu 70% do Skype por US$ 2,75 bilhões para um grupo de investidores chamado Silver Lake, que incluía alguns dos cofundadores do Skype. O eBay e a Silver Lake, então, venderam a companhia para a Microsoft por US$ 8,5 bilhões em 2011, com o grupo de investidores saindo como vencedor do acordo.
Depois de falar com vários ex-funcionários do Skype e pessoas com ligações estreitas com a empresa, a Forbes identificou dez das pessoas mais influentes e bem-sucedidas dentro da Máfia do Skype. Veja na galeria de imagens a seguir:
PayPal versus Skype
Você provavelmente está pensando que esses são esses currículos são bastante impressionantes. Mas uma questão que vale a pena perguntar é se a Máfia do Skype teve o mesmo tipo de impacto que a Máfia da PayPal.
O Skype foi vendido por muito mais do que a PayPal quando abriu capital (US$ 1,5 bilhão). Mas os fundadores da PayPal -Peter Thiel, Elon Musk, Max Levchin, Ken Howery, Luke Nosek e Yu Pan- posteriormente passaram a cofundar várias outras empresas bilionárias, enquanto os fundadores da Skype não.
“Peter Thiel, Elon Musk, Max Levchin, fundadores do YouTube, etc., não estão realmente lá, o que é bizarro para uma empresa que era tão importante para o ecossistema da UE”, disse uma fonte que deseja permanecer anônima.
Alguns dizem que a Máfia do Skype estava interessada em construir um ecossistema de tecnologia européia próspero, enquanto a Máfia da PayPal queria apenas fazer mais alguém rico em um pequeno clube exclusivo.
Mark Tluszcz, sócio da Mangrove Capital e presidente da plataforma israelense de construção de sites Wix.com, afirma que não existem muitas empresas de tecnologia de sucesso construídas por ex-Skypers. “Houve uma oportunidade perdida com a Skype”, diz Tluszcz. “Taavet [da TransferWise] é provavelmente a maior história de sucesso que saiu de lá e, até certo ponto, é uma vergonha”.
Enquanto isso, nos EUA, os cofundadores da PayPal montaram a Tesla, a SpaceX e a Palantir, que coletivamente valem cerca de US$ 100 bilhões, bem como um número de empresas de investimento que são semelhantes ao fundo Atomico e ao Ambient Sound Investments.
“A Paypal produziu de cinco a dez vezes o número de milionários com uma saída de metade a um terço do que foi a Skype, mas há toneladas de membros da Máfia PayPal que fizeram uma enorme diferença”, diz um capitalista de risco que deseja permanecer anônimo. “Acredito que grande parte da riqueza da Skype foi acumulada ou disseminada, o que sufoca a inovação a longo prazo”.
Tluszcz diz que gostaria de ter visto Zennström investir em mais pessoas que trabalhavam para ele. “Ele (Niklas) teve a oportunidade de ser o investidor-semente de vários gênios, mas não fez isso”, diz ele. “Niklas nunca investiu, nem mesmo na TransferWise. É quase inimaginável que isso aconteça. Que oportunidade perdida. Ele poderia ter dito: ‘Vou usar esse network e dizer a todos os funcionários que qualquer um que queira levantar fundos, terá um milhão de dólares sempre que bater em minha porta.’ Ele nunca assumiu essa postura porque isso não é quem ele é. Ele não tem o caráter para ser magnânimo”.
Essas são acusações, e um representante de Zennström as contesta, dizendo que ele investiu em mais de meia dúzia de ex-Skypers.
Simon Cook, CEO da Draper Esprit, uma empresa de capital de risco com um montante semelhante ao fundo Atomico, diz que a indústria europeia de capital de risco não seria o que é hoje se não fosse pelo Skype. “Skype foi o ponto de virada mais importante no empreendimento europeu”, diz ele, acrescentando que a Index Ventures aplicou muito bem seu investimento. “Por conta da Index você tem tudo, de Adyen a Just Eat. Veja todos os sucessos. Há um grande número de unicórnios na Europa, e muitos deles fazem parte da Index. ”
Não há dúvida de que o Skype foi um dos maiores sucessos tecnológicos da Europa. Mas por que o sucesso não se espalhou por toda parte, como as vendas semelhantes do Vale do Silício?
“Seria interessante, se alguém realmente tivesse um mapa disso (da Máfia do Skype). Acredito que ficaríamos desapontados com os resultados”, diz Tluszcz.
O setor tecnológico europeu atrai bastante publicidade, mas está muito atrás dos EUA e da China. O continente carece de uma Apple, uma Amazon ou Alibaba.
São quase 15 anos desde a venda do Skype. Com um número recorde de empresas de bilhões de dólares ativas na Europa, se os líderes de hoje apoiarem e investirem nas próxima gerações, a tecnologia europeia poderá finalmente chegar ao amadurecimento.