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Em comunicado, o BC deixou de considerar o cenário externo benigno. E, ao detalhar seu balanço de riscos para a inflação, a autoridade monetária não ressaltou mais qual dos fatores tem mais peso em sua análise, após frisar em comunicações prévias que o risco ligado à frustração nas reformas era “preponderante”.
Para o economista Thomaz Sarquis, da Eleven Financial Research, o BC mostra inclinação “muito forte” de continuar reduzindo os juros. Mas ele avaliou que a retirada da avaliação do risco ligado às reformas como preponderante pode ter sido precipitada. “Na nossa visão, esse risco continua bastante preponderante. A gente entende que o mercado e o BC estão subestimando risco fiscal”, disse.
Esta foi a segunda redução seguida da Selic, levando a taxa à nova mínima histórica. Em pesquisa Reuters com 30 economistas, 28 previam um corte nessa magnitude, enquanto um apostava em manutenção e outro em redução mais tímida, de 0,25 ponto.
A decisão teve como pano de fundo um cenário externo carregado por mais turbulências, enquanto o quadro doméstico seguiu marcado por lenta tração da economia e comportamento favorável da inflação, além de prosseguimento na tramitação da reforma da Previdência no Senado.
Mas ponderou que o cenário segue incerto e que riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem. Nos últimos dias, o mundo assistiu à disparada das cotações de petróleo, após ataques no sábado às unidades da petroleira Aramco na Arábia Saudita.
O movimento tem o potencial de elevar o preço de combustíveis e, por conseguinte, pressionar a inflação para cima. No Brasil, a Petrobras informou que não adotará nenhuma medida por ora, mas que observará as condições de mercado nos próximos dias e tomará uma decisão sobre preços no momento adequado. O dólar, outro elemento que tem influência nos preços domésticos pelo potencial de encarecimento das importações, tem mostrado comportamento volátil, reagindo às tensões geopolíticas, aos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e às perspectivas para os juros básicos norte-americanos.
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Com a economia em lento compasso de recuperação, as pressões inflacionárias têm sido limitadas no país. Nos 12 meses até agosto, o IPCA acumulou alta de 3,43%, numa aceleração sobre o acumulado até junho, mas ainda guardando boa folga em relação à meta oficial, que é de 4,25% para este ano, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Na mais recente pesquisa Focus, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a estimativa para a Selic até o fim de 2020 foi cortada a 5%, o que indica expectativa de estabilidade da taxa básica de juros ao longo do ano que vem, uma vez que os profissionais já veem o juro básico em 5% ao fim de 2019. A próxima reunião do Copom acontece em 30 de outubro.
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