O real cai 1% ante o dólar no acumulado de 2020, enquanto o peso colombiano sobe 1,2%, o peso mexicano e a lira turca avançam 0,7% cada e o iuan chinês offshore se valoriza 0,4%.
LEIA MAIS: Dólar tem 1ª queda do ano ante real com alívio em tensões geopolíticas
Ainda assim, o real se valorizou menos que seus pares. O rand sul-africano ganhava 0,9% no fim da tarde de quarta, a lira turca subia 1,1%, e o peso mexicano somava 0,5%.
“O que fica claro é que o real segue para trás em relação aos pares. Acredito que dois pontos principais ainda estejam pesando: o menor diferencial de juros e uma postura de mais cautela depois de anos de frustração com expectativas de crescimento”, disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital.
O real depreciou 3,4% em 2019, depois de ter perdido 14,5% em 2018, ambos períodos em que o juro básico brasileiro (a Selic) atingiu novas mínimas recordes.
Dados do Banco Central mostraram na quarta-feira que o país teve saída líquida recorde de mais de US$ 44 bilhões em 2019.
VEJA TAMBÉM: Dólar recua ante real com alívio de temores sobre Oriente Médio
Enquanto a Selic está em 4,50% ao ano, no México – concorrente direto do Brasil por investimento estrangeiro – a taxa básica de juros está em 7,25%. Na Turquia, a taxa repo (a referência por lá) está em 12%, enquanto na África do Sul se encontra em 6,50%.
Isso se soma a preocupações de que a economia frustre novamente expectativas, que atualmente apontam para um crescimento de 2,30% em 2020.
No começo de 2019, a perspectiva era que o PIB cresceria 2,53% no ano passado, mas a estimativa foi rebaixada para 1,17% ao fim do ano, conforme a pesquisa Focus do Banco Central. No início de 2018, o prognóstico indicava expansão de 2,69% naquele ano, o dobro do crescimento realizado, de 1,3%.
Em tese, um cenário de crescimento mais forte tende a atrair investimentos estrangeiros, com maior oferta de dólares.
E TAMBÉM: Dólar fecha perto da estabilidade com vendas de oportunidade
Em outro fator contra a moeda brasileira, os profissionais calcularam que o desvio da taxa de câmbio em relação ao seu padrão histórico – uma medida de quão excessivamente fraca ou forte uma moeda estaria – ficou praticamente zerado no fim do ano passado. Ou seja, o real estaria neutro, sem argumentos relevantes para mais valorização depois de ter ganhado 5,7% em dezembro.
Em contrapartida, peso chileno, iuan chinês, rand sul-africano, ringgit malaio e as moedas de México, Polônia, Colômbia e Peru ainda teriam mais espaço para apreciação.
Ainda há dúvidas sobre uma volta do fluxo de investidores internacionais no curto prazo.
Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, acredita que o real vai se recuperar no curto prazo, mas que essa melhora ainda não será pelas mãos de estrangeiros. “Os leilões de privatização das estatais ainda não ocorreram, e, portanto, não se vislumbra, no curto prazo, uma significativa entrada de estrangeiros no País, mas sim no médio prazo”, explicou.
Segundo ele, o real continua vulnerável à economia brasileira como anteriormente, apesar do nível de reservas internacionais, em cerca de US$ 357,5 bilhões de acordo com os mais recentes dados do Banco Central, de dezembro passado.
E MAIS: Dólar avança ante real em semana de pouca liquidez
O apetite do investidor de fora pode ser afetado ainda pelo aumento do vaivém do dólar no mercado externo. O Credit Suisse chama atenção para a volatilidade implícita do dólar no mundo estar em patamares baixos ou próximos de mínimas em vários anos, a despeito do aumento do risco geopolítico.
“Em nossa avaliação, dada a falta de claro impacto direcional para muitos pares de moedas, usar produtos de volatilidade de moedas… para bloquear a exposição a longo prazo a um aumento na volatilidade macro parece sensato”, disseram estrategistas do banco suíço em nota a clientes na quarta-feira.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Tenha também a Forbes no Google Notícias.