Até o momento, as secretarias estaduais de saúde registram 372 casos do novo coronavírus no Brasil, enquanto a última divulgação oficial do Ministério da Saúde, feita hoje (18), pela manhã, apontava 291. Os infectados contabilizados pelas secretarias de saúde representam 0,0001% da população brasileira, atualmente em 209,3 milhões de pessoas.
A taxa de mortalidade da doença chega a 3,74% – similar à da dengue, de 3,8% -, mas aumenta em quatro vezes no caso dos idosos (15%). Gestantes, fumantes, lactantes e pessoas com doenças preexistentes também fazem parte do grupo de risco pela facilidade de contrair a doença.
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Por aqui, Rio de Janeiro e São Paulo estão no segundo estágio do novo coronavírus, o de transmissão comunitária – quando o contágio não tem mais relação com pessoas que estiveram em países de risco. Hoje, o prefeito Bruno Covas, de São Paulo, decretou situação de emergência na metrópole, em uma tentativa de conter a disseminação do vírus.
Apesar de a doença estar na pauta principal e atingir a economia, a saúde, a educação e inúmeros outros setores da sociedade, o momento é de cautela – e não de pânico. Além das medidas preventivas de higiene e isolamento domiciliar sempre que possível, é preciso entender que os recursos para atendimento e detecção da doença são limitados e devem ser usados com parcimônia. No momento, os kits de testes, por exemplo, têm sido usados apenas em casos de indicação médica, mesmo em laboratórios particulares.
Grupo Fleury
O primeiro caso de coronavírus no país foi registrado em 26 de fevereiro. Doze dias antes, em 14 de fevereiro, o Grupo Fleury já havia lançado seu próprio teste para detecção da doença. “Começamos a produzir os reagentes em 12 de janeiro, quando os chineses publicaram a sequência genética do vírus. Mandamos fazer um vírus sintético para confirmar a eficácia do nosso teste, que chegou na primeira semana de fevereiro. No dia 14 já estávamos com tudo pronto”, diz Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury
Diante do cenário de cautela, a empresa recebe material para teste apenas de hospitais parceiros e com indicação médica, para evitar o mau uso do recurso. “É importante que ele seja bem utilizado, caso contrário vai faltar teste para quem realmente precisa. Grande parte dos reagentes que utilizamos veio de uma empresa norte-americana, contratada agora pelo Governo dos Estados Unidos. Isso significa que ela não terá capacidade de fornecer o material para outros lugares por conta da demanda interna.”
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Segundo o infectologista, o teste desenvolvido segue todas as diretrizes internacionais e está disponível em hospitais parceiros do grupo – é possível consultá-los aqui.
Fiocruz – Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos
Assim como o Grupo Fleury, a Fiocruz desenvolveu um kit de teste para Covid-19 após divulgação dos protocolos aceitos pela comunidade científica internacional, The Charité e CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças). “Nós desenvolvemos o teste e iniciamos a produção dentro do planejamento e da expectativa de evolução da doença. Estamos conseguindo atender à demanda da Coordenação Geral de Laboratórios da Saúde Pública”, conta Antonio Ferreira, gerente do Programa de Reativos para Diagnóstico da Fiocruz Bio-Manguinhos. Segundo ele, de 20 a 30 mil testes estão sendo distribuídos ao longo dos últimos dez dias para a rede pública de saúde, por meio de laboratórios centrais nos estados brasileiros. “As coisas têm acontecido de forma rápida”, atesta.
Testfy
A startup nasceu em janeiro de 2020 para democratizar o acesso à medicina diagnóstica. A empresa fornece para toda a Grande São Paulo coleta domiciliar de material para teste de Covid-19. Para Gustavo Janaudis, farmacêutico-bioquímico e CEO da empresa, o diferencial da companhia é a autocoleta isolada. “A grande maioria dos laboratórios que oferece coleta domiciliar desloca um profissional da saúde para isso. Essa pessoa entra em várias residências para fazer seu trabalho, o que aumenta o potencial de contaminação da mesma maneira que o convívio em hospitais.”
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O kit de coleta oferecido pela Testfy custa R$ 590,00, segue as diretrizes do CDC, pode ser adquirido via WhatsApp e tem sido comercializado para casos potenciais. “Montamos um kit de coleta que acompanha um manual com todas as orientações de como o procedimento deve ser feito. Ele é entregue por um portador que não entra na residência do paciente, mas fica aguardando do lado de fora a devolução do material lacrado. A análise é feita no laboratório por meio de biologia molecular e só serve para o diagnóstico da fase aguda. Testes confirmatórios ainda não estão disponíveis”, diz Janaudis. O resultado do teste fica pronto no prazo de dois a quatro dias.
Grupo Sabin
O Grupo Sabin, por meio da sua área de pesquisa e desenvolvimento, viabilizou o teste PCR para detecção de coronavírus em menos de 10 dias. Até agora, 2 mil testes já foram feitos, mas a previsão é fechar o mês com cerca de 15 mil. A companhia já fez contato com fornecedores no Brasil e no exterior solicitando o envio imediato dos insumos necessários para subsidiar toda a cadeia de atendimento nacional. Após a autorização da Anvisa, na semana passada, de oito novos testes diagnósticos para coronavírus, o Sabin diz que vai validar internamente para determinar quais deles serão adotados. “Mas isso não dá pra fazer do dia pra noite. Deve levar algumas semanas”, explica Lídia Abdalla, CEO do grupo de medicina diagnóstica. Por enquanto, o PCR, que demora entre dois e três dias úteis para ficar pronto, atende hospitais e pessoas físicas (desde que sintomáticos ou que tenham tido contato com pacientes positivos e com o respectivo pedido médico). Em Brasília, há coleta domiciliar.
O barato pode sair caro
Cenários de epidemia e pandemia podem ser uma grande oportunidade de negócio e avanço diagnóstico, mas é preciso agir com cautela e responsabilidade. Durante o surto de zika vírus no Brasil, inúmeros fabricantes ofereciam testes, mas nem todos com resultados assertivos, chegando a dar positivo para pessoas que apresentavam quadro de dengue e negativo para quem de fato apresentava zika. Para Granato, do Fleury, os testes precisam seguir as diretrizes internacionais. “É necessário saber como eles são desenvolvidos. O produto precisa ser aprovado pelo Ministério da Saúde, seguir as diretrizes internacionais para ser efetivo e ter registro na Anvisa.”
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