Como o coronavírus causou estragos na economia global, muitas empresas se viram obrigadas a mudar para sobreviver. Designers estão fazendo máscaras. Destilarias estão fazendo álcool em gel. A Resy, empresa de softwares para restaurantes, está adotando o delivery, o ClassPass, app de aulas fitness, reviveu suas aulas ao vivo e o GoPuff, serviço de delivery, mudou seu foco para os profissionais de saúde.
Esses são os tipos de adaptação que devem ocorrer já que a vida pode não voltar ao “normal” por um ano e meio, e onde apenas um terço das pequenas empresas possui recursos para sobreviver a um desligamento que dura mais de três meses. Como Cardiff Garcia relatou no The Indicator, da rádio norte-americana NPR: “A receita acabou. E muitas [empresas] estão tentando desesperadamente se adaptar. Eles estão tentando mudar para o online, configurando a entrega, tentando de tudo para manter algum dinheiro entrando.”
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As empresas mais bem-sucedidas em meio à crise compartilham várias características: utilizar os recursos e as habilidades que já possuem, criar um produto ou serviço que esteja em demanda e encontrar uma maneira de atender às populações carentes. As empresas devem, é claro, também adotar velocidade e flexibilidade se desejam acompanhar o ritmo da pandemia. Para os líderes interessados em encontrar novos fluxos de receita —além de contribuir para a causa—, aqui estão três companhias que concluíram mudanças inteligentes para se adaptar ao coronavírus:
Denny’s
A indústria de restaurantes foi uma das mais atingidas pela pandemia. Muitos desenvolveram soluções criativas para ajudar seus funcionários e empresas a se manterem à tona. Bares na cidade de Nova York estão servindo coquetéis pela janela, restaurantes com estrelas Michelin estão oferecendo entrega e comida para viagem, e a Guerilla Tacos está vendendo “kits de emergência” com um rolo de papel higiênico e suprimentos para 40 tacos.
A Denny’s, cadeia multinacional de lanchonetes, não é exceção: as vendas de março caíram 19%. Para estancar as perdas, a empresa adotou uma abordagem multifacetada: oferecendo entrega gratuita, entrega de comida na calçada e, em breve, kits de refeições em casa com ingredientes e receitas simples. O que é mais notável, no entanto, é sua nova opção de compras. Em mais de 30 locais em Oregon e Califórnia, os clientes agora podem encomendar uma variedade de itens de supermercado abaixo de US$ 10 para retirada. A empresa, informou a NBC, espera que esse serviço ajude a aliviar o estresse dos moradores e das mercearias.
Embora algumas dessas ideias já estivessem em consideração, de acordo com o “Wall Street Journal”, “os negócios e a vida real atrapalham o processo, eles não avançam tão rápido quanto você deseja”, disse John Dillon, vice-presidente executivo da empresa e diretor de marca. “Com a Covid-19, a maneira como esta organização se uniu para implementar esses programas muito rapidamente foi fascinante e animadora de assistir. Estamos evoluindo à medida que vamos cuidando não apenas do aqui e agora, mas também nos preparamos para qualquer resultado.”
The SnapBar
No ano passado, a SnapBar, uma empresa de aluguel de cabine fotográfica com sede em Seattle, foi nomeada uma das empresas de mais rápido crescimento do país pela “Inc”. Sete meses depois, com o coronavírus, a empresa se viu pronta para perder três meses de receita em uma única semana. “Os fundadores, os irmãos Sam e Joe Eitzen, perceberam que precisavam tomar decisões rápidas”, disse a empresa em um comunicado de 19 de março. “Aumente as despesas reduzindo o tamanho de sua equipe ou tente criar algo novo que dure mais que a situação. Eles se decidiram pelo último.”
Em quatro dias, a empresa lançou um projeto chamado Keep Your City Smiling, que vende caixas de presente “cheias de produtos de alta qualidade, provenientes de pequenas empresas locais em cada cidade em que operamos”. O site incentiva os consumidores a comprar as caixas para si mesmos, seus entes queridos ou seus funcionários. Ele também oferece uma caixa de presente de assistência médica que os indivíduos podem enviar para os profissionais da saúde da linha de frente.
Essa solução é incrivelmente inovadora e atenciosa, atendendo às necessidades de várias partes interessadas —incluindo as comunidades nas quais o The SnapBar trabalha. É exemplar porque conta com os pontos fortes existentes e, ao mesmo tempo, contribui para o bem maior. “Temos muita sorte de ter uma equipe incrível, com uma base diversificada de experiência e habilidade, incluindo expedição e logística, atendimento ao cliente, desenvolvimento da web e design”, explicou a empresa. “É assim que podemos manter nossa equipe empregada, ajudar outras empresas em dificuldades e aprimorar nossas habilidades”.
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General Motors
A General Motors começou a produzir ventiladores pulmonares em sua fábrica em Kokomo, no estado norte-americano de Indiana, no mês passado. A GM disse que estava pronta para entregar seu primeiro lote: mais de 600 ventiladores pulmonares, com planos de faturar mais de 30 mil até o final de agosto. A empresa também está fabricando “máscaras cirúrgicas de Nível 1 aprovadas pela FDA” em sua fábrica em Warren, no Michigan. Em breve, planeja produzir 50 mil máscaras por dia e, eventualmente, dobrar essa capacidade.
Embora a alteração das linhas de produção em duas fábricas não indique, de forma alguma, um pivô em toda a empresa, as mudanças da GM farão uma diferença significativa no número de ventiladores e máscaras disponíveis. Também permitirá que a empresa continue gerando receita —US$ 489,4 milhões para os ventiladores— e continue empregando trabalhadores. Em Kokomo, por exemplo, os 1.000 funcionários que retornaram à fábrica representam quase 3% da força de trabalho da cidade.
Os líderes devem prestar atenção especial à utilização de parcerias da GM. A empresa tem trabalhado ao lado da Ventec Life Systems, com o “The New York Times” relatando que “[a situação] pede que o que normalmente levaria semanas ou meses seja concluído em dias”. Falando sobre a parceria, Mary Barra, presidente e CEO da GM, disse: “Estamos orgulhosos de estar com outras empresas americanas e nossos funcionários qualificados para atender às necessidades dessa pandemia global. As equipes estão trabalhando juntas com uma incrível paixão e comprometimento.”
Seja em tempos de crise ou não, os líderes nunca devem hesitar em colaborar com outras pessoas para obter os recursos e conhecimentos de que precisam.
De firmas como a GM a startups como o SnapBar, o coronavírus forçou muitos líderes empresariais a buscarem novas estratégias para manter suas portas abertas, seus funcionários alimentados e seu país progredindo. Independentemente do tamanho ou idade da empresa, eles devem considerar os conselhos de Steve Strauss, autor do livro “The Small Business Bible” (ou “A Pequena Bíblia dos Negócios”, em tradução livre): “Agora é a hora de ser ousado e ágil. Não invista em nada além de resultados. Veja o que funciona e duplique isso”.
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