A pandemia está fazendo com que pessoas do mundo todo vejam seus freezers sob um novo ponto de vista. Com rápida disseminação, o novo coronavírus transformou uma simples ida ao supermercado em um potencial risco, impulsionando o hábito de guardar alimentos para estadias prolongadas dentro de casa, em isolamento social. Com compras extensas, uma nova categoria de alimentos ganhou destaque: os congelados –em especial os nutritivos.
Difíceis de estragar, fáceis de fazer e ainda por cima saudáveis. Parece o combo perfeito para uma jovem geração acostumada a rapidez e praticidade. Agora forçados a ficar em casa, a crescente demanda por produtos de empresas como a Liv Up mostra que os consumidores já perceberam os benefícios. Victor Santos, CEO e fundador da marca, conta que desde que a quarentena foi decretada no estado de São Paulo, a demanda dobrou.
“Acredito que, desde nossa fundação, em 2016, criamos um modelo com alto potencial, e isso passou a ser notado pelos investidores e pelo público rapidamente”, revela Santos, que já fez parte da lista Forbes Under 30. De iniciais oito funcionários para a marca de 450 colaboradores, o fundador explica que já estava em forte ascensão desde o ano passado, quando passou por uma rodada de investimento de mais de R$ 90 milhões, possibilitando a expansão da empresa e o lançamento de novos negócios. “Nosso maior público são as pessoas que possuem uma vida ativa e acabam precisando de mais praticidade na hora de comer”, explica, deixando claro por que a atual rotina de muitos brasileiros em isolamento –administrando home-office, família e casa– aumenta tanto a relevância da empresa.
Para ele, outro grande diferencial é o uso da tecnologia para entregar uma comida quase caseira. A Liv Up foi criada a partir de uma necessidade que Santos e seus sócios, os irmãos Henrique e Felipe Castellani (também Under 30s), tinham enquanto consumidores para encontrar alimentação saudável e rápida para o dia a dia. Funcionários do mercado financeiro, a rotina corrida geralmente propiciava duas opções: atacar um fast food ou se empenhar na cozinha para comer bem.
Com a visão de que essa realidade deveria ser a de muitas outras pessoas, eles descobriram algo que abriu portas para um novo negócio: uma técnica italiana de ultracongelamento. A questão é que, de repente, aquela forma conhecida de congelar comidas não era a única possível e muito menos a melhor para a qualidade das refeições. “Entendemos a nossa necessidade como uma oportunidade no mercado de alimentação e, quando conhecemos a técnica italiana, que mantém a textura e as propriedades das comidas, tomamos a decisão de começar a viabilizar o negócio”, relembra.
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O CEO ressalta a grande diferença de um ultracongelamento para um “tradicional”. Com um equipamento que faz com que o alimento chegue a temperaturas negativas rapidamente, a técnica se aproveita de uma troca de calor veloz, o que impede a formação de cristais de gelo. São eles os responsáveis pela comida com textura estranha e aguada no pós-congelamento. “Se uma peça de carne saísse do fogão e fosse direto para um congelador comum, o centro dela demoraria de 10 a 12 horas para atingir -20 ºC. É muito mais lento”, exemplifica.
O segredo do sabor caseiro não para por aí. Santos também destaca a importância de trabalhar com orgânicos. “A parceria com 25 famílias de pequenos produtores nos garantem mais de 80% de nossos produtos de origem natural e reforçam nosso compromisso com alimentação saudável”. Com parcerias em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, a brasilidade mostra sua riqueza na qualidade dos alimentos e na sazonalidade especialmente organizada pela natureza.
“Trabalhamos com famílias de vários estados e assim contornamos questões como clima e época de plantio e colheita e podemos garantir a eles uma boa renda média mensal, de cerca de R$ 6.500”. Já os alimentos mais delicados, como palmito, cogumelos, brócolis e couve-flor representam os 20% restante dos produtos trabalhados pela marca, e podem ser adquiridos de diversos lugares, sem depender de parceria, mas sim da qualidade e quantidade de certas plantações.
Esse mix entre tecnologia e saúde deu certo e com o aplicativo repleto de pedidos nos últimos meses, o fundador decidiu expandir ainda mais o conceito de rapidez. “Lançamos o Salad Stories, um serviço de cloud kitchen que atende necessidades mais imediatas, um produto que vem pronto para o consumo”, explica. Por enquanto especializado em saladas, para mostrar que ela não é “apenas um acompanhamento, mas sim um prato completo com receitas exclusivas desenvolvidas por nosso time de chefs e nutricionistas”, Santos revela o desejo de aumentar o cardápio para outras gastronomias.
São todos projetos de meses atrás, ideias que nem passaram pela possibilidade de uma pandemia como a que vivemos, mas parece que tudo se encaixa com as necessidades atuais. Com aumento de demanda, o CEO revela ter reduzido o cardápio temporariamente para focar a produção nos itens com maior procura e assim não demorar no atendimento ao consumidor.
“Ainda não tivemos impacto logístico no nosso abastecimento, por se tratar de uma cadeia essencial para a alimentação das pessoas”, explica. Porém, ele diz que a colaboração nesse momento é essencial, já que muitos produtores familiares tinham parceria com estabelecimentos que foram fechados na quarentena. “Atualmente estamos também ajudando na comercialização de produtos que antes eram destinados a clientes que não estão comprando no momento, como é o caso de um produtor do interior de SP, que fornecia para escolas.”
Já nas medidas de segurança e saúde, diz ter suspendido a opção de pagamento na entrega, mudado os horários de entrada e saída dos turnos para evitar aglomerações, ampliado o atendimento de transporte fretado e a área de cobertura para evitar o deslocamento de funcionários via transporte público.
Além da rapidez e da praticidade como uma ferramenta amiga para as condições do atual coronavírus, Santos destaca a importância da colaboração e valorização de clientes e parceiros, “eles sabem que podem contar conosco.”
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