A Knotel, startup de escritórios flexíveis e grande rival da WeWork, está tentando arrecadar até US$ 100 milhões, segundo três fontes familiarizadas com o assunto. A empresa, que já foi avaliada em US$ 1,6 bilhão, enfrenta um mercado imobiliário dizimado em todo o mundo, especialmente nos EUA.
A nova rodada de investimento está sendo coordenada por uma empresa europeia e pode reduzir pela metade a avaliação da Knotel, disse uma fonte. As negociações estão em andamento há vários meses, desde o início do ano. Não está claro se a empresa será capaz de gerar interesse suficiente dos investidores para fechar um negócio.
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Em declarações à Forbes na semana passada, o fundador e CEO da Knotel, Amol Sarva, se recusou a confirmar a notícia, dizendo apenas que “ainda há a necessidade de mais um financiamento antes que a empresa seja totalmente lucrativa e cresça de uma maneira que se torne uma potencial empresa pública”.
Tem sido um período difícil para a startup. Em março, quando a pandemia de Covid-19 se intensificou, a Knotel demitiu metade de sua equipe. Até então, para Sarva, era óbvio que a crise econômica duraria meses, se não mais. “Olhando como o governo dos EUA estava se comportando, eu não conseguia ter nenhuma confiança”, diz ele. “Ficou bem claro que seria um problema muito pior do que deveria ter sido”.
Os danos continuaram no segundo trimestre, quando a receita da Knotel diminuiu cerca de 20% em relação ao primeiro trimestre, para aproximadamente US$ 59 milhões, embora Sarva observe que ainda é o dobro do número do segundo trimestre do ano passado. A startup cortou uma parte das despesas ao não efetuar todos os pagamentos de aluguel. Agora, enfrenta processos de vários locatários.
“É uma crise em especial para o setor imobiliário”, diz Sarva sobre a pandemia, acrescentando que o futuro do mercado imobiliário comercial não é claro. “Acho que nunca houve um dia na história do Google, por exemplo, em que a equipe se reuniu para se perguntar se haveria a internet no futuro”.
Sarva, que é PhD em filosofia por Stanford, é um empreendedor em série. Ele ajudou a lançar a Virgin Mobile USA e mais de meia dúzia de outras empresas, desde uma startup de neurociência até um aplicativo para anotações. Ele fundou a Knotel em 2015 com o objetivo de ajudar as empresas a evitar arrendamentos restritivos a longo prazo.
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O empreendimento cresceu rapidamente. Atualmente, a Knotel opera em 10 países, com mercados internacionais representando 40% de sua receita e crescendo. Semelhante ao seu rival maior e mais famoso, WeWork, no entanto, a Knotel acumulou enormes perdas. A empresa perdeu US$ 223 milhões em 2019, com uma taxa de execução de receita de US$ 370 milhões. Sarva diz que espera que a receita dobre este ano e alcance lucratividade no primeiro trimestre de 2021.
Se ele atender a essas projeções, vencerá a maioria dos participantes do setor. Prevê-se que o mercado global de coworking encolha 12,9% em 2020, de acordo com um relatório publicado pelo site Research and Markets.
Ainda assim, Francesco De Camilli, chefe de consultoria em espaço de trabalho flexível da Colliers International, espera que a desaceleração seja temporária. “O setor de espaço de trabalho flexível e coworking nasceu para ajudar as empresas a desbloquear estratégias imobiliárias ágeis. Portanto, a Covid-19 ampliou as vantagens inerentes desse setor”, diz ele. “À medida que as empresas retornam aos escritórios e os ocupantes começam a negociar novamente, o espaço de trabalho flexível será responsável por uma parcela maior de transações do que antes”.
Craig Deitelzweig, presidente e CEO da Marx Realty, discorda: “Eu acho que exatamente o oposto é a realidade. O que isso está mostrando é que as pessoas querem controlar seu próprio espaço.”
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No curto prazo, a questão é quanto tempo as empresas de coworking podem sobreviver à crise. Na semana passada, a startup de coworking Primary (fundada pela segunda funcionária da WeWork, Lisa Skye Hain) anunciou planos de pedir proteção contra falência, apesar de continuar operando enquanto passa pela reestruturação.
“Tive a sensação de que poderíamos ser os primeiros de uma onda de falências no horizonte para nossa indústria”, diz Skye Hain. “Um dos meus colegas me disse na semana passada que eles conhecem três ou quatro outras operadoras que planejam passar pelo mesmo processo no próximo mês.”
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