Em momentos de inflexão, instabilidade e ruptura, a criatividade humana expande suas fronteiras. A cada nova convulsão, negócios e iniciativas de impacto social se multiplicam. O “lucro pelo lucro” dá lugar a um olhar humanizado, sustentável e impregnado de atitude voltada ao bem maior.
Não é segredo que o país carece de uma estrutura pública que consiga absorver diferentes necessidades da população – muitas delas, básicas. Por isso, as ações sociais e filantrópicas como as feitas pelas 100 maiores empresas doadoras do Brasil são fundamentais para mudar ou amenizar esse estado de coisas. E, em uma crise mundial como a que estamos vivendo, mentes criativas se transformam em motores de ações focadas naqueles que mais sofrem as consequências deletérias dessa mesma crise.
Alguns desses profissionais da indústria criativa brasileira realocaram esforços para multiplicar o alcance da onda de solidariedade que se forma no país – como o chef David Hertz, fundador da Gastromotiva; o casal Sebastião e Lélia Salgado; os empresários Rony Meisler e Natalie Klein; e a designer Ana Khouri. Esta última, com seu Projeto Ovo, arrecadou R$ 500 mil em apenas dois meses vendendo peças de luxo doadas.
Conheça a seguir o que cada um deles criou para ajudar no combate à pandemia.
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Julia Assis DAVID HERTZ
Fundador da Gastromotiva
Em 2004, o chef curitibano David Hertz recebeu um convite para visitar a Favela do Jaguaré, em São Paulo. “Foi a experiência de entrar em um lugar que vem carregado de preconceitos, com medo, e ver um mecanismo próprio de funcionamento. Percebi ali que tinha sido preparado espiritualmente e mentalmente para levar oportunidades para
pessoas incríveis que estão em áreas de vulnerabilidade social e de risco”, diz. Da experiência “que mudou sua vida” foi gerado o embrião da Gastromotiva, organização sem fins lucrativos que tem como missão “a promoção de transformações sociais por meio da gastronomia”.“Fiquei fascinado por negócios sociais. Entre 2005 e 2011, fazia isso por meio de um curso de gastronomia gratuito na Universidade Anhembi Morumbi, onde operava um buffet. Na sequência, passamos a replicar a parte educativa, de capacitação de profissionais e também para pequenos negócios. E evoluímos para a promoção da educação alimentar de comunidades – até 2016, já tínhamos atendido mais de 100 mil famílias”, relata.
Nos últimos quatro anos, a Gastromotiva extrapolou o território brasileiro (atuava em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo) e desenvolveu parcerias para a aplicação da sua metodologia de ensino na Cidade do México, na Cidade do Cabo e em El Salvador.
Durante a Olimpíada de 2016, inaugurou no Rio o Refettorio Gastromotiva, idealizado em parceria com o chef Massimo Bottura e a jornalista Alexandra Forbes. O estabelecimento funciona, “em tempos normais”, como um restaurante-escola, onde chefs e voluntários cozinham menus feitos a partir de excedentes de ingredientes e que servem 90 pessoas em situação de rua.
A pandemia reconfigurou muito rapidamente a atuação da Gastromotiva: o Refettorio se transformou no Banco de Alimentos, que redireciona insumos às organizações parceiras, e foi criada a iniciativa Cozinhas Solidárias. “A meta é abrir 80 cozinhas em São Paulo, Rio e Curitiba e distribuir 80 mil refeições por mês. As Cozinhas Solidárias funcionam nas próprias casas de ex-alunos, que as transformam em centros de produção de quentinhas, distribuídas gratuitamente em suas regiões. Dessa forma, conseguimos manter a renda do empreendedor e seus funcionários, oferecemos os alimentos, apoio técnico e logístico”, conta Hertz. A operação de cada cozinha custa em média R$ 10 mil por mês, e para abrir uma nova é necessário ter garantidos três meses de funcionamento, ou seja, R$ 30 mil. Até o fechamento desta edição, oito delas já estavam funcionando, com uma lista de espera de 70 ex-alunos dispostos a empreender socialmente.
Em um mundo ideal, R$ 2,4 milhões garantiriam a inauguração de todas as Cozinhas Solidárias. Por isso, doações são bem-vindas, como os R$ 240 mil do BMA Advogados e os R$ 430 mil do PagSeguro. Algumas doações generosas também vieram de pessoas físicas e artistas, que preferem não ter a identidade revelada. Um crowdfunding está aberto na plataforma Kickante, na qual o objetivo é chegar ao valor de R$ 500 mil. “A desigualdade social sempre existiu, mas agora as pessoas invisíveis estão se tornando mais visíveis. É um momento de maior solidariedade, e as empresas entenderam que, se não houver responsabilidade social em sua estratégia, já ficaram para trás”, afirma o chef. “Minha meta é impactar 10 milhões de pessoas até 2030.”
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Divulgação RONY MEISLER
CEO do Grupo Reserva e conselheiro emérito do Instituto Capitalismo Consciente Brasil
Inovador é um adjetivo simplista para classificar o Grupo Reserva, atualmente proprietário das marcas Reserva, Reserva Mini, Eva, Ahlma e Oficina. Fundado em 2004 por dois amigos de infância, Rony Meisler e Fernando Sigal, respectivamente CEO e diretor de produtos, a Reserva nasceu como uma marca de bermudas masculinas, pensada para suprir uma necessidade do próprio círculo de amizade dos sócios.
O grupo – atualmente com 22 sócios – intensificou suas ações engajadas com a crise, pensadas para os funcionários e para causas sociais. Um exemplo é o movimento Somos Todos Vendedores, que tem como objetivo treinar o time para produzir conteúdos nas redes sociais e vender através de cupons individuais, lançado em setembro de 2019 para 14 vendedores e que saltou para mil funcionários com a chegada da pandemia. “Os bons empresários e empresárias cuidam da saúde das pessoas e se certificam de que elas estão em segurança. Também criam canais e rotinas para viabilizar a boa comunicação pessoal e profissional”, analisa Meisler.
Outra iniciativa, já famosa, é a 1P5P: a cada peça de roupa vendida das etiquetas Reserva e Reserva Mini, cinco pratos de comida são doados para o Banco de Alimentos, em São Paulo, e para o Sesc Mesa Brasil, em Alagoas. Em funcionamento desde maio de 2016, até hoje foram doadas mais de 37 milhões de refeições (o número é atualizado a cada 15 minutos no site da marca). A ideia nasceu de uma viagem para o Nordeste brasileiro: “Em 2014, entreguei um projeto social da marca em Pentecoste do Norte. Na volta, dei uma carona para um morador da região até Fortaleza, onde estava hospedado, e viemos conversando: ‘Rony, quando você tem fome na hora do almoço, você consegue trabalhar? Lá na bolha onde vocês moram, acreditam que o maior problema do país é a educação. Não que não seja um problema enorme, mas se o moleque está com fome, você pode montar a melhor escola do mundo que ele não vai prestar atenção em nada. Vocês deveriam tentar resolver esse problema’. Isso me sensibilizou e me levou a pesquisar para compreender a fome em nosso país”.
Nessa pesquisa, o empresário descobriu que um quarto dos cidadãos brasileiros (isso no cenário pré-crise) não sabiam se iriam comer no dia seguinte. E, desses mais de 50 milhões de pessoas, 8 milhões com certeza não teriam nada para comer. O empresário acrescentou a esses números o fato de termos um excedente de produção de alimentos no campo e na indústria (120%) e ainda a elevada taxa de desperdício (35%).
“Nosso investimento socioambiental é crescente ao longo dos anos. E isso, coincidências à parte, nos fez prosperar mais. Fazer o certo dá certo. Tenho dito que, no pós-pandemia, as empresas substituirão a missão pelo propósito. É uma transformação que já vinha acontecendo, e a Covid-19 apenas a acelerou. Os seres humanos estão aprendendo a valorizar mais o mundo no qual vivem. Isso faz com que até o mais insensível dos profissionais repense sua vida e seu negócio em termos de impacto socioambiental. Temos mais é que estimular a iniciativa privada a doar, mesmo que por um período curto de tempo. Só consigo enxergar vantagens”, conclui.
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Renato Pizzutto NATALIE KLEIN
Fundadora da NK Store e cofundadora do Instituto Samuel Klein
“A pandemia fez a indústria da moda olhar para dentro e trazer novos significados. Todas as partes estão se questionando sobre seu real propósito”, afirma Natalie Klein, fundadora da NK Store, referência no mercado de luxo brasileiro e protagonista de uma história que começou a ser escrita há 23 anos. Natalie, eleita uma das mulheres mais poderosas do Brasil pela Forbes em 2020, construiu uma cultura de empresa sólida.
Natalie já vinha repensando processos tradicionais da indústria quando foi atropelada – e ao mesmo tempo acelerada – pela chegada do coronavírus: “Em uma semana, a gente mapeou a empresa inteira e já sabia como se manifestar em relação aos clientes, fornecedores e caixa. Uma das iniciativas foi a Somos Todos Vendedores [a mesma citada no texto anterior], na qual todos os funcionários receberam cupons online para vendas. Depois acionamos os amigos e clientes da marca que também queriam fazer parte da corrente. Agora estamos na terceira fase, abrindo para vendedores externos. Normalmente, a comissão sobre vendas é de 4%; agora dobramos para 8%. Os 4% excedentes são doados ao Instituto Alinha – que presta assessoria para oficinas de costura regularizarem seus negócios e que cuida da nossa cadeia produtiva.”
De maneira muito rápida, ela também tirou do papel uma ideia antiga: um banco de tecidos comunitário batizado de Compartilhe Seu Acervo. A iniciativa promove a venda de tecidos ociosos de coleções passadas para outras labels, pequenos negócios e estilistas com preço de custo e com descontos que chegam a 40%. “As pessoas vão ter dificuldades para acessar crédito, e o tecido é a comida da moda. Já recebemos mais de 100 marcas, o que gerou vendas. Os retalhos nós doamos para nossas oficinas parceiras, para costurarem e comercializarem máscaras”, relata Natalie.
As pequenas marcas estão no radar da empresária. Elas serão auxiliadas por um novo marketplace, que estava previsto para junho, com o mesmo processo de curadoria das grifes que são compradas na NK. “Vamos levantar a força de vendas, abrir uma plataforma com um processo acolhedor e a reabertura da boutique, também um espaço físico”, planeja Natalie. A loja física, na sua visão, será ainda mais fundamental no pós-pandemia: “O B2B foi um fenômeno, na sequência o B2C e agora estou falando do H2H, que é o human to human. Acredito que qualquer empresa que tenha na flor da pele os contatos humanos será diferenciada. Claro que tudo vai ser diferente, não teremos mais eventos que juntem muita gente e trabalharemos com horários marcados”, acredita.
Ao lado de seu irmão Raphael Klein, Natalie é também cofundadora do Instituto Samuel Klein, que leva o nome do avô, o mítico fundador das Casas Bahia. São dois os pilares de auxílio da instituição: a contribuição para a melhoria contínua da educação de qualidade no Brasil, com foco no desenvolvimento da primeira infância, e o fortalecimento de vínculos com a comunidade e a cultura judaica. “Temos 20 projetos no portfólio, e as demandas são cada vez maiores. Estamos priorizando novas urgências. Se uma escola está precisando de cestas básicas, alocamos esforços para isso.”
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Getty Images SEBASTIÃO E LÉLIA SALGADO
Fundadores da agência Amazonas Images e do Instituto Terra
Em 56 anos de casados, Sebastião e Lélia Wanick Salgado visitaram algumas das comunidades mais isoladas do planeta. E mostraram ao mundo realidades desconhecidas – ele clicando e ela organizando livros, exposições e o dia a dia da agência Amazonas Images, sediada em Paris. Juntos desenvolveram um protagonismo social de relevância, sendo um braço fundamental de sua atuação o Instituto Terra, em Aimorés (MG), cidade natal de Sebastião – que, além de fotógrafo internacionalmente aclamado, atua em prol do desenvolvimento sustentável, do reflorestamento, da educação ambiental e da pesquisa científica.
Em meio a uma crise mundial sem precedentes, Sebastião e Lélia reafirmaram a força de seu ativismo com uma petição
publicada na plataforma Avaaz no começo de maio e que tem como objetivo atingir 300 mil assinaturas (até o fechamento desta edição, mais de 295 mil pessoas já haviam assinado) para pressionar o governo brasileiro a proteger da pandemia a população indígena que vive na Amazônia. Em um post no Instagram (@sebastiaosalgadooficial), ele escreveu: “Nós precisamos cuidar e proteger o povo indígena do nosso país. Não podemos deixar acontecer um genocídio com aqueles que são, historicamente, os primeiros habitantes de nossa terra”.Personalidades se manifestaram a favor da causa, como Richard Gere, Meryl Streep e Alberto 2º, príncipe de Mônaco. Em 28 de maio, a pressão foi reforçada em uma live global que durou mais de três horas, batizada de Artists United for Amazonia: Protecting the Protectors, com o objetivo de arrecadar US$ 5 milhões até o fim de julho. Oona Chaplin (neta de Charles Chaplin) foi responsável pela condução do evento, com a presença de Salgado e Jane Fonda. A apresentação começou com imagens da floresta e narração de Morgan Freeman. Na sequência, os espectadores foram convidados a embarcar em uma viagem pela floresta – Wagner Moura e líderes de aldeias indígenas narraram as dificuldades enfrentadas por eles.
Trecho da carta endereçada aos poderes do país e publicada na Avaaz diz o seguinte: “Hoje, com esse novo flagelo se disseminando rapidamente por todo o Brasil, comunidades nativas, algumas vivendo de forma isolada na Bacia Amazônica, poderão ser completamente eliminadas, desprovidas de qualquer defesa contra o coronavírus. (…) Sem nenhuma proteção contra esse vírus altamente contagioso, os índios sofrem um risco real de genocídio, por meio de contaminações provocadas por invasores ilegais em suas terras”.
O fotógrafo prepara sua próxima exposição mundial (intitulada Amazônia), que deverá ocorrer em diversos países simultaneamente em abril de 2021.
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Divulgação ANA KHOURI
Designer, proprietária de marca homônima e fundadora do Projeto Ovo
“O ovo representa o renascimento, novas possibilidades e a esperança de uma vida nova. Por isso o nome do projeto”, diz a designer de joias Ana Khouri, que, além da sua marca homônima vendida globalmente, com escritório-sede em Nova York, empenha-se, desde 2014, no Projeto Ovo (@projetoovo), plataforma de venda de artigos de grife doados (na maioria das vezes, second-hand) que funciona pelo Instagram e tem todo o valor arrecadado revertido para doações.
“Através da ajuda de amigos, recebemos doações de roupas e produtos a serem vendidos. Como não temos conta bancária, a venda acontece quando 100% do valor da peça é depositado como doação para uma instituição escolhida. Fazemos todo o trabalho de coleta, venda do produto, entrega e diligência com as instituições”, explica Ana. Atualmente o auxílio é direcionado a 20 instituições e organizações brasileiras sem fins lucrativos, entre elas a Central Única das Favelas (Cufa), Gerando Falcões, Mulheres de Paraisópolis e a Casa do Rio.
Com o começo da pandemia, o Ovo multiplicou seu alcance e número de seguidores, assim como as doações e, consequentemente, as vendas. Alguns rostos conhecidos das redes, como Helena Bordon, Lilly Sarti e Lelê Saddi, desapegaram recentemente de itens de seus armários na plataforma, o que também colabora para um círculo virtuoso de engajamento.
Entre março e maio de 2020, foram arrecadados R$ 500 mil, e a expectativa é chegar em R$ 1 milhão nos próximos dois meses. “A nossa missão é promover o bem de uma forma holística. O projeto prioriza e promove mudanças estratégicas que realmente podem fazer a diferença num todo. Através das doações, auxiliamos na melhoria de vida de muitos brasileiros, mas também buscamos capacitar e promover a cidadania que engaja, que transforma, que constrói. É a transformação da vontade de ajudar em ação”, exemplifica a designer. Quase como um “bônus”, a iniciativa também colabora para aumentar o ciclo de vida das peças, promovendo a revenda e o reúso.
Quando questionada sobre o que é fundamental para o desenvolvimento do Brasil, ela responde: “É todos terem acesso ao básico necessário para viver dignamente. Comer, por exemplo, é um direito humano. Assistencialismo é diferente de direito humano. Todos têm que ter direito a alimentação, saúde, moradia, saneamento básico, educação e tudo o que garanta uma mínima qualidade de vida. Sem isso não há vida. Isso não é utopia. Precisamos olhar para o lado e saber que estamos todos conectados. É necessário olhar para o todo como parte de nós mesmos”.
DAVID HERTZ
Fundador da Gastromotiva
Em 2004, o chef curitibano David Hertz recebeu um convite para visitar a Favela do Jaguaré, em São Paulo. “Foi a experiência de entrar em um lugar que vem carregado de preconceitos, com medo, e ver um mecanismo próprio de funcionamento. Percebi ali que tinha sido preparado espiritualmente e mentalmente para levar oportunidades para
pessoas incríveis que estão em áreas de vulnerabilidade social e de risco”, diz. Da experiência “que mudou sua vida” foi gerado o embrião da Gastromotiva, organização sem fins lucrativos que tem como missão “a promoção de transformações sociais por meio da gastronomia”.
“Fiquei fascinado por negócios sociais. Entre 2005 e 2011, fazia isso por meio de um curso de gastronomia gratuito na Universidade Anhembi Morumbi, onde operava um buffet. Na sequência, passamos a replicar a parte educativa, de capacitação de profissionais e também para pequenos negócios. E evoluímos para a promoção da educação alimentar de comunidades – até 2016, já tínhamos atendido mais de 100 mil famílias”, relata.
Nos últimos quatro anos, a Gastromotiva extrapolou o território brasileiro (atuava em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo) e desenvolveu parcerias para a aplicação da sua metodologia de ensino na Cidade do México, na Cidade do Cabo e em El Salvador.
Durante a Olimpíada de 2016, inaugurou no Rio o Refettorio Gastromotiva, idealizado em parceria com o chef Massimo Bottura e a jornalista Alexandra Forbes. O estabelecimento funciona, “em tempos normais”, como um restaurante-escola, onde chefs e voluntários cozinham menus feitos a partir de excedentes de ingredientes e que servem 90 pessoas em situação de rua.
A pandemia reconfigurou muito rapidamente a atuação da Gastromotiva: o Refettorio se transformou no Banco de Alimentos, que redireciona insumos às organizações parceiras, e foi criada a iniciativa Cozinhas Solidárias. “A meta é abrir 80 cozinhas em São Paulo, Rio e Curitiba e distribuir 80 mil refeições por mês. As Cozinhas Solidárias funcionam nas próprias casas de ex-alunos, que as transformam em centros de produção de quentinhas, distribuídas gratuitamente em suas regiões. Dessa forma, conseguimos manter a renda do empreendedor e seus funcionários, oferecemos os alimentos, apoio técnico e logístico”, conta Hertz. A operação de cada cozinha custa em média R$ 10 mil por mês, e para abrir uma nova é necessário ter garantidos três meses de funcionamento, ou seja, R$ 30 mil. Até o fechamento desta edição, oito delas já estavam funcionando, com uma lista de espera de 70 ex-alunos dispostos a empreender socialmente.
Em um mundo ideal, R$ 2,4 milhões garantiriam a inauguração de todas as Cozinhas Solidárias. Por isso, doações são bem-vindas, como os R$ 240 mil do BMA Advogados e os R$ 430 mil do PagSeguro. Algumas doações generosas também vieram de pessoas físicas e artistas, que preferem não ter a identidade revelada. Um crowdfunding está aberto na plataforma Kickante, na qual o objetivo é chegar ao valor de R$ 500 mil. “A desigualdade social sempre existiu, mas agora as pessoas invisíveis estão se tornando mais visíveis. É um momento de maior solidariedade, e as empresas entenderam que, se não houver responsabilidade social em sua estratégia, já ficaram para trás”, afirma o chef. “Minha meta é impactar 10 milhões de pessoas até 2030.”
Reportagem publicada na edição 78, lançada em junho de 2020
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