Os mercados domésticos operam em compasso de espera no início do pregão de hoje (5), com expectativas pelo tom do comunicado da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) a partir das 18h30, horário de Brasília. Os resultados favoráveis dos balanços, somados ao dia marcado pela recuperação no exterior, ajudam no humor da Bolsa de São Paulo.
O Ibovespa subia 0,52% às 10h10, a 118.327 pontos. O papel PN do Bradesco subia 0,60%, após o banco superar as expectativas do mercado ontem (4) com a alta de 73,6% no lucro líquido do primeiro trimestre.
LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou hoje dados da produção industrial de março, com queda de 2,4% na comparação com o mês anterior, ante expectativa de queda de 3,5% em pesquisa da Reuters. Na comparação anual, houve alta de 10,5%, acima dos 7,6% esperados pelo consenso da Reuters.
As Bolsas no exterior favorecem o movimento local. Os futuros norte-americanos apontam para abertura em alta, com a recuperação dos papéis de tecnologia, que registraram fortes perdas na véspera. Os comentários realizados ontem pela secretária do Tesouro, Janet Yellen, de que talvez o país precise subir juros para conter o crescimento da economia dos Estados Unidos, ainda repercutem. Yellen ponderou ainda que isso não é motivo para reduzir os estímulos, que são necessários neste momento.
Na Europa, os mercados negociam em alta nesta quarta-feira, com o Stoxx 600 em alta de 1,37% e divulgação das leituras finais do PMI no bloco europeu. Na Alemanha, o DAX subia 1,38% perto das 9h30 de Brasília, enquanto o CAC 40, 0,90% na França, e na Itália, o FTSE MIB era negociado em alta de 1,36%.
O PMI Composto final do IHS Markit da Zona do Euro, divulgado mais cedo, subiu a 53,8 em abril, ante 53,2 em março, uma vez que o setor de serviços do bloco voltou a crescer apesar dos renovados lockdowns. “Os dados da pesquisa de abril fornecem evidências encorajadoras de que a zona do euro sairá de sua recessão de duplo mergulho no segundo trimestre”, afirmou Chris Williamson, economista-chefe do IHS Markit.
Os mercados asiáticos mostram fragilidade no terceiro dia de feriado na China e no Japão, pelo Dia do Trabalho e o Dia das Crianças, respectivamente. Enquanto isso, os mercados abertos adotaram uma postura defensiva. O Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,49%; e o BSE Sensex, de Mumbai, fechou em alta de 0,88%.
Segundo a XP, a expectativa está sobre a comunicação que será usada pelo Comitê: “50% esperam que a expressão ‘ajuste parcial’ seja mantida, enquanto 48% esperam que seja removida. Na XP, esperamos que o BC (Banco Central) entregue o aumento de 75 bps na Selic para 3,50% e que mantenha a expressão, mas com o cuidado de condicioná-la à evolução do cenário e à meta de inflação.”
O sócio da BRA, João Beck, avalia que a dúvida no momento está sobre o prolongamento do ciclo de altas. “Por quanto tempo vão se manter essas altas consecutivas de 0,75 ponto percentual? Quantas altas de 0,75 ponto percentual ainda vamos ter?”
Beck acrescenta que a expressão de “normalização parcial da taxa Selic” usada pelo BC no último comunicado gerou incômodo, e espera-se que isso seja alterado hoje. “O mercado espera que o Banco Central mude essa frase para um ajuste que for necessário para ancorar as expectativas de inflação. Isso daria uma sinalização bem mais forte e ancoraria melhor as expectativas de inflação.”
Os comentários de Rossano Oltramari, sócio e estrategista da 051 Capital, vão na mesma direção e explicam que as commodities colaboram para a manutenção prolongada de altas da Selic. “Um dos principais componentes que impacta os juros é o ciclo de alta das commodities, como soja, milho, trigo e carne, que estão subindo fortemente no mundo todo. Tivemos uma desvalorização cambial muito forte no último ano, o que traz pressão inflacionária grande, principalmente em relação a componentes importados.” Oltramari também alerta para os riscos políticos do país, que estão sob o radar do Copom, como a vacinação lenta, o desemprego alto e a insegurança fiscal.
O diretor de Investimentos do Paraná Banco, André Malucelli, aponta que, para este momento de incerteza e amplitude da Selic, a renda fixa pode ser a melhor alternativa. “Temos fatores que geram incerteza, como o desenrolar da CPI da Saúde e a eventual quebra do teto fiscal; e fatores positivos, como uma desaceleração do IPCA e o encaminhamento da reforma tributária, trazendo de volta uma pauta positiva no Congresso.”
Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, explica por que seria favorável para a economia brasileira ter um ciclo de altas da Selic. “Muitos economistas entendem que o câmbio e a taxa de juros estão fora do lugar. Com isso, pressionamos a inflação. Uma taxa de juros mais elevada e equilibrada traria o câmbio para o ponto ideal. Não teríamos um país com juro real tão negativo no curto prazo e mais equilíbrio na economia. A subida de juros é para conter o aumento da inflação, colocar o câmbio no lugar e termos o tripé macroeconômico equilibrado.” (com Reuters)
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Tenha também a Forbes no Google Notícias.