Com a fala, Campos Neto relativizou a viabilidade do cumprimento do objetivo para 2022 num momento em que ele é visto com cada vez mais desconfiança pelo mercado, em contraste com a postura assumida pelo BC logo após a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em outubro, quando a mensagem era de que ainda via convergência à meta de inflação do ano que vem com o ritmo de aperto monetário adotado.
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No boletim Focus mais recente, a estimativa para a inflação em 2022 subiu a 4,96%, ante meta central de 3,5%, com margem de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Segundo Campos Neto, o BC tem sido transparente sobre como vê as pressões inflacionárias e sobre como está agindo.
“Achamos que é muito importante perseguir a meta de inflação, entendendo as limitações de uma crise que tem quase nenhum precedente, mas entendendo que a disseminação através das cadeias de preços tem sido muito mais intensa do que antecipávamos”, afirmou.
“Temos destacado que o nosso objetivo é trazer a inflação para a meta. E também destacamos que os componentes qualitativos da inflação têm piorado muito mais que esperávamos”, disse ele, chamando atenção para o processo de propagação do aumento de preços.
“Também fomos surpreendidos sobre o quão persistentes alguns dos choques têm sido”, complementou.
De acordo com o presidente do BC, os bancos centrais podem cometer o erro de subir as taxas de juros muito rápido, o que pode atrapalhar a percepção sobre o impacto defasado da ação, ou muito devagar, o que acaba demandando taxas mais elevadas por mais tempo à frente.
“Se você tem um país que tem uma memória inflacionária mais vívida, você tende a acreditar que é muito importante assegurar que a desancoragem da inflação não comece a afetar os preços da economia de uma forma que crie uma inércia que é mais elevada e que poderia ter sido evitada por uma postura mais proativa”, disse.
Em outubro, o BC elevou a Selic em 1,5 ponto, ao nível atual de 7,75% ao ano, antevendo à época outro ajuste de igual magnitude na próxima reunião do Copom, que ocorre nos dias 7 e 8 de dezembro.
Parte das apostas do mercado, contudo, é de que um ajuste maior será necessário diante de um quadro inflacionário que mostrou-se mais desafiador e persistente, em meio a incertezas principalmente de cunho fiscal.
Sobre o panorama fiscal, Campos Neto voltou a avaliar que um prêmio de risco alto foi pago para desvio fiscal que não foi tão grande, em referência à mudança na regra do teto de gastos proposta na PEC dos Precatórios.
Na semana passada, ele já havia passado igual mensagem.
O presidente do BC também reforçou que houve melhora recente no resultado primário e frisou ser importante haver indicação, pelo governo, de qual será o arcabouço vigente para sinalizar a trajetória de gastos públicos adiante. (Com Reuters)