Por Nayara Figueiredo
CAMPINAS (Reuters) – Os agricultores do Brasil deverão utilizar até 1 trilhão de reais em recursos para financiar a safra 2022/23, que será plantada a partir de setembro, disse nesta terça-feira à Reuters o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, citando que o crescimento do setor não é dependente dos juros subsidiados pelo Plano Safra.
Ele acredita que a parcela vinda de juros controlados pelo próximo Plano Safra representará menos de um quarto do total, o que pode significar que a necessidade de recursos subsidiados pelo programa federal esteja “superestimada”.
“Isso não deve ser visto como um desprestígio ao plano, mas como um reconhecimento de que o agro brasileiro é muito maior do que o Plano Safra e o setor privado encontrou formas de financiar o agro brasileiro”, disse ele durante evento em Campinas (SP) promovido pela Syngenta.
A discrepância entre os valores ocorre porque o volume de recursos a juros controlados tem crescido em um ritmo muito menor do que a necessidade de financiamentos do agronegócio.
Para Fernandes, a capacidade de financiamento de até 1 trilhão mostra que o agro é considerado “um bom negócio” para ser financiado a taxas de mercado e que há maturidade no mercado financeiro para absorver toda essa demanda por crédito para custear a safra.
Mais cedo, o ministro da Agricultura, Marcos Montes, afirmou a jornalistas que trabalha para a destinação de 20 bilhões a 22 bilhões de reais em recursos do Tesouro Nacional para equalização de juros da safra 2022/2023, um nível próximo do que pede o setor agropecuário. Abaixo disso, o valor seria “insuficiente”.
Também nesta terça-feira, o Ministério da Agricultura informou que as contratações de crédito rural no Brasil em 2021/22, no âmbito do Plano Safra, chegaram a 252,46 bilhões de reais até maio, número que supera os 251,2 bilhões de reais disponibilizados pelo governo para a temporada. Mas uma parte do plano safra não conta com juros controlados.
(Por Nayara Figueiredo)