“A alta rentabilidade da soja, amparada por preços elevados, deve incentivar os produtores brasileiros a aumentar a área semeada com a oleaginosa, mesmo com o aumento generalizado dos custos de produção”, afirmou o analista da consultoria Luiz Fernando Roque em evento online.
Ele disse que a tendência é de recuperação na produtividade, após a quebra ocorrida em 2021/22 por seca, e o potencial de produção é de 151,5 milhões de toneladas, 20,3% maior que os 125,88 milhões de toneladas colhidos neste ano.
Segundo o especialista, o destaque positivo em termos de produção fica novamente para Mato Grosso, que apesar de já ser o maior produtor do país, deve registrar um crescimento de 3,5% na área semeada frente à temporada 2021/22.
Já na região Sul, a forte quebra produtiva registrada na temporada atual pode limitar o avanço de áreas de soja no Rio Grande do Sul e no Paraná.
“Os produtores ainda demonstram certa insegurança para expandir suas áreas, visto também os problemas financeiros derivados das grandes perdas produtivas (em 2021/22). De qualquer forma, esperamos por algum crescimento de área, mesmo que de forma pontual”, disse Roque.
Com isso, a área do cereal de verão 2022/23 deverá recuar 4,3%, ocupando 4,19 milhões de hectares no centro-sul, estimou a Safras.
Por outro lado, Molinari também acredita em uma reação nos níveis de produtividade do milho primeira safra –que, assim como a soja, foi afetado pela estiagem no Sul em 2021/22– e estimou produção potencial em 24,63 milhões de toneladas, alta de 12,8%.
Algodão
A Safras & Mercado também divulgou projeções para o algodão, cultura que tem recuo de 2,1% esperado para a área da temporada 2022/23, a 1,6 milhão de hectares.
“O tombo nos preços internacionais do algodão (também) acabou tirando a atratividade do produto e afetando a tomada de decisão”, acrescentou.
Ele lembrou que o algodão tem sido negociado abaixo de 90 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York ICE US, abaixo do patamar de 150 centavos que era praticado pelo mercado em maio até o início de junho.
“Sem dúvida, o cenário macroeconômico mundial extremamente desafiador, com desaceleração da economia, risco de recessão e aumento nos juros, naturalmente afeta negativamente a perspectiva de consumo global de algodão”, afirmou.
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