Instituto de Sean Parker doa US$ 250 milhões para pesquisas sobre o câncer

13 de abril de 2016

Getty Images

O Instituto Parker acaba de doar US$ 250 milhões para um projeto que quer acelerar a descoberta de remédios para o combate do câncer.

Sean Parker, cofundador do Napster e o primeiro presidente do Facebook, se uniu a outros seis centros de pesquisa, dúzias de indústrias farmacêuticas e outros grupos para financiar o estudo coordenado por acadêmicos.

“Todos sabem que precisamos ir em frente para mudar o modelo de pesquisa do câncer”, disse Jeffrey Bluestone, pesquisador imunologista e CEO do Instituto. “O objetivo é transformar rapidamente nossas descobertas em patentes.”

Há décadas que as indústrias farmacêuticas protegem seus estudos atrás de leis e patentes. Já alguns pesquisadores acadêmicos guardam seus progressos para si até conseguirem uma promoção, prêmios ou até mesmo patentes para produzir os medicamentos, atitudes que têm atrasado os avanços contra a doença.

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Com o crescente custo e complexidade das pesquisas, os farmacêuticos começaram a comprar patentes e programas de pesquisa de universitários, e até a colaborar com indústrias concorrentes para baratear os gastos e acelerar os processos.

O Instituo Parker, fundado há nove meses, leva essa tendência a um outro nível, criando uma comunidade na qual diferentes instituições e cientistas podem trabalhar colaborativamente.

Cerca de 300 pesquisadores de importantes instituições que estudam o câncer participam do projeto, como a Universidade da Califórnia, a Universidade da Pensilvânia e o Memorial Sloan Kettering Cancer Center.

Depois de testes iniciais em pacientes, um comitê do Instituto irá eleger as indústrias farmacêuticas aptas a produzir os remédios. Esses produtores serão desde gigantes como a Amgen Inc. e Pfizer até pequenos desenvolvedores de diagnósticos e remédios.

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Parker trabalhou com centenas de cientistas para criar um mapa do trabalho do instituto, para saber investir primeiro e como fazê-lo. “Faremos progressos contra três ou quatro tipos de câncer nos próximos anos”, disse.

Ele falou ainda que para ser mais efetiva, a imunoterapia deve se tornar um tratamento inicial. Hoje em dia, é geralmente indicado para pacientes que já passaram pela quimioterapia ou outros tratamentos que enfraquecem o sistema imunológico.

Cientistas já tentaram estratégias menos sofisticadas para usar o sistema imunológico contra o câncer, segundo Eric Rubin, chefe de uma pesquisa de desenvolvimento de remédios na Merck & Co. Foram precisos avanços recentes em biologia celular e genética para que algum progresso acontecesse. Hoje, graças a essas pesquisas, existe uma gama de remédios imunoterápicos que estendem as vidas de pacientes com câncer de pulmão ou melanomas.

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Outras pequisas de imunoterapia que farão parte do trabalho inicial do Instituto incluem a terapia CAR-T, na qual linfócitos T são retirados do sangue e modificados para virarem “assassinos do câncer”. Os cientistas também irão desenvolver vacinas que levem o sistema imunológico a reconhecer e atacar tumores.

“O Instituto Parker tem muito potencial de acelerar o desenvolvimento de remédios e aumentar consideravelmente as curas”, afirmou Rubin. “Estamos muito felizes de fazer parte dessa empreitada.”