Como os bilionários japoneses mudaram ao longo dos últimos 20 anos

4 de julho de 2016

Masayoshi Son, segundo homem mais rico do Japão. (foto: Getty Images)

(foto: iStock)

Os bilionários japoneses podem ser descritos como uma espécie em extinção. Há muito menos deles hoje do que 20 anos atrás – e a média de idade deles está crescendo. Essas tendências parecem muito mais impactantes quando comparadas com outros bilionários asiáticos, sem mencionar os bilionários ao redor do mundo.

A companhia de administração de riquezas, a Ahmadoff & Company, divulgou um relatório com o mapeamento do desenvolvimento do número de bilionários no país nos últimos 20 anos. O relatório foi montado com base nas listas anuais de bilionários de FORBES, de 1996 e 2016, e análises subsequentes das companhias desses bilionários e suas riquezas pessoais. A Ahmadoff & Company também comparou os bilionários entre si, fazendo médias globais e também por país, todas dos mesmos anos.

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“Os dados e nossas análises mostram que o Japão é um país único quando se trata de bilionários. Há tendências que nunca vimos em outros países”, disse Fahkri Ahmadov, CEO e diretor administrativo da Ahmadoff & Company. Ele pontua que três quartos dos bilionários japoneses em 1996 haviam saído da lista até 2016. A média mundial de saída no mesmo período de 20 anos é de 50%.

Também vemos uma porcentagem muito mais baixa de bilionários japoneses cuja riqueza vem de heranças. Parte disso pode vir da alta taxa de recebimento de heranças no Japão, porém provavelmente também há outras razões subjacentes, como a falta de diversificação de fundos e de administração de riquezas.

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Há um argumento para justificar o fato da Coreia do Sul ser o país mais similar ao Japão nesse quesito, o que torna relevante a comparação entre as duas nações.

Durante o mesmo período, a Coreia do Sul viu uma verdadeira explosão no número de bilionários. Em 1996, havia apenas sete, enquanto atualmente, existem 31. Ao redor do mundo, os 424 bilionários que existiam em 196 se tornaram 1810 em 20 anos.

A idade média de bilionários japoneses subiu de 64 para 67. A Coreia do Sul viu o número cair de 68 para 59, e a média mundial se manteve estável em 63 anos. O Japão também viu um crescimento na relação no número de bilionárias de 0 em 1996 para 3 em 2016.

Bilionários criadores de tecnologia

Uma mudança interessante é que o número de bilionários da tecnologia aumentou vertiginosamente nesses últimos 20 anos. Um exemplo recente disso tem sido a Sharp, adquirida pela Hon Hai Precision Industry Co., mais conhecida como Foxconn.

Em 1996, apenas 8% dos japoneses haviam gerado seus fundos pela tecnologia, contudo 22% deles conseguiram suas fortunas por meio do mercado imobiliário, 17% com jogos de azar e 14% com materiais industriais. Avançando para 2016 é possível ver que 27% dos bilionários japoneses conseguiram seu dinheiro com o mercado tecnológico.

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Isso pode ser um indicador de como a indústria da tecnologia no Japão está se desenvolvendo como em outras partes do mundo. Ao longo dos últimos 20 anos, setor presenciou crescente participação de empresas denominadas “unicórnios” (companhias avaliadas em mais de US$ 1 bilhão). O Japão também viu um crescimento no número dessas companhias. Seus fundadores, entre eles Kenji Kasahara (Mixi) e Naruatsu Baba (Colopl), se tornaram bilionários graças aos seus investimentos pessoais nas companhias.

A idade média dos bilionários de tecnologia (53 anos) é também consideravelmente menor que a média geral dos bilionários japoneses.

Os bilionários do país estão focados em uma indústria, e parece que há pouca diversificação de suas riquezas durante a vida. Isso se torna um problema se as riquezas vêm de indústrias que geralmente não oferecem um futuro a longo prazo – como jogos de azar, por exemplo. O tempo que eles passam desfrutando das fortunas também é relativamente curto: cinco anos, em média, com um saldo bancário de dez dígitos. Os bilionários norte-americanos aproveitam, em média, 13 anos.