Paris luta para combater problemas de segurança

26 de janeiro de 2017

Kim Kardashian West está entre as socialites que foram roubadas na Cidade Luz

Paris está enfrentando problemas para garantir a segurança das visitantes poderosas que costumam frequentar seus hotéis, restaurantes e os eventos glamourosos que são realizados na cidade. Principalmente agora, quando começam as temporadas dos desfiles de moda.

Em vez de aproveitar a beleza da arquitetura do Grand Palais e de outros lugares memoráveis que servem de palco para as apresentações dos estilistas, muitas dessas mulheres serão obrigadas a abrir suas bolsas, abandonar seus casacos de pele e passar por rigorosos procedimentos de segurança, de acordo com informações do jornal norte-americano “The New York Times”.

Ataques terroristas e assaltos muito bem planejados estão acontecendo com certa frequência na capital da França, o que está abalando a reputação do local, conhecido como um parque de diversões para os mais ricos. A preocupação que surge é de que a elite – sempre cortejada durante esses eventos -, desista de frequentar a Cidade Luz.

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Em outubro do ano passado, por exemplo, ladrões entraram no quarto de hotel da socialite Kim Kardashian West durante a Paris Fashion Week. Eles a amarraram e roubaram milhões de dólares em jóias. Em novembro, a atriz de Bollywood, Mallika Sherawat, e seu cônjuge francês foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo por três homens mascarados. Cinco dias depois, duas irmãs do Catar perderam US$ 5,3 milhões quando três assaltantes as abordaram em um Bentley a caminho do aeroporto. Aparentemente, as mulheres foram rastreadas desde o momento que aterrissaram na cidade, a bordo de um jato particular.

.Há indicadores que apontam que, devido ao medo, muitos ricos, especialmente da Ásia e do Oriente Médio, estão evitando gastar seu dinheiro em Paris. As taxas de ocupação de hotéis, as reservas em restaurantes e o tráfego em boutiques caíram no ano passado, beneficiando cidades de outros países da Europa, especialmente as da Suíça e Londres.

Alguns dos visitantes mais abastados estão gastando centenas de euros por dia para aumentar sua proteção. “Não há dúvidas de que esses assaltos vão influenciar muito os turistas do Golfo Pérsico”, disse Deena Aljuhani Abdulaziz, princesa da Arábia Saudita e editora da Vogue Arábia, logo após o ataque à Kim Kardashian, em outubro. “As pessoas vão pensar duas vezes antes de visitar a cidade.”

Nos últimos anos, Paris contabilizou mais de 10 bilhões de euros (aproximadamente US$ 10,6 bilhões) em vendas de luxo em sua receita anual, sendo que mais de dois terços desse valor foram gerados pelos turistas estrangeiros, de acordo com a Bain & Company, empresa de gerenciamento e consultoria. Os titãs do alto luxo localizados na cidade vão ter que se reinventar para manter esses compradores.

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São poucas as empresas dispostas a comentar a situação da cidade. Entretanto, em dezembro do ano passado, a Comité Colbert, associação francesa de luxo, cujos integrantes incluem a Cartier e Hôtel Le Bristol, bancaram a ida de 100 grandes compradores internacionais à cidade, com o objetivo de provar que “dinheiro não compra experiências”.

Agora, Paris pretende restaurar a confiança dessas pessoas na cidade. Manuel Valls, que era primeiro-ministro quando aconteceu o ataque a Kim Kardashian, anunciou em novembro um plano de governo que inclui o gasto de aproximadamente 10 milhões de euros (US$ 10,6 bilhões) em vigilância por meio de vídeos e outras medidas de segurança em locais próximos a museus, monumentos, hotéis e outras áreas turísticas de Paris, incluindo a rodovia A1, onde as irmãs Qatari foram roubadas.

Jean-François Martins, secretário de turismo da cidade, disse que as estatísticas da polícia mostram que os assaltos caíram 11% entre 2013 e 2016, enquanto os assaltos violentos caíram 28% neste mesmo período. “Nós estamos mais seguros em Paris do que há três anos”, afirmou.

Marc-André Kamel, diretor da Bain & Company para Europa, África e Oriente Médio baseado em Paris, afirmou que o problema de segurança afeta também outros países da Europa, como, por exemplo, a Alemanha. “E não podemos esquecer que o mercado de luxo de Paris sozinho é do mesmo tamanho do que o mercado de todo o Reino Unido”, completa.