Escolas de robótica conquistam mercado

31 de março de 2018

Breno, Matheus, Marlon e Marcelo, sócios na Buddys

Foi na sala de casa que Marlon Wanderllich começou a dar aulas de programação e robótica para crianças e adolescentes. Estudante de engenharia elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais, fez uma especialização na França e voltou cheio de vontade de empreender. Com a ajuda da família e R$ 500 de investimento, imprimiu alguns panfletos e saiu distribuindo nas escolas de Belo Horizonte. Os primeiros alunos vieram, o boca a boca funcionou e logo Wanderllich precisou de ajuda. Os irmãos Matheus e Marcelo se uniram à empreitada e um empréstimo de R$ 10 mil de uma prima deu o empurrão para estruturar a Buddys, escola voltada para alunos de 5 a 17 anos.

LEIA MAIS: Professores tecnológicos: escola finlandesa testa robôs educadores

As primeiras aulas começaram em 2013 e, até o ano seguinte, a empresa ainda funcionava no apartamento da família, conta Wanderllich, que chegou a ter 40 alunos na sala de casa. O salto veio em 2015, quando os empreendedores abriram uma unidade na zona sul da capital mineira e estruturam o projeto de expansão por meio de franquias. A entrada de um novo sócio, o primo Breno Leles, deu fôlego financeiro para os passos seguintes. Hoje a Buddys tem 18 unidades no país e faturou R$ 1,5 milhão no ano passado – a meta é fechar 2018 com 50 unidades franqueadas. Nada mal para uma empresa jovem e gerida por jovens: a idade média dos quatro sócios é de 22 anos. “Ainda é um nicho de mercado, mas há um movimento de pais que querem que os filhos tenham acesso a esses conteúdos, e de filhos querendo aprender”, diz Wanderllich. O perfil dos alunos é majoritariamente de meninos entre 10 e 12 anos, das classes AB, que querem aprender a desenvolver seus próprios jogos e aplicativos.

Com o mesmo propósito atua a Happy Code, startup criada por Rodrigo Santos, ex-executivo da área de TI que, após um período nos EUA, notou o fascínio que a robótica despertava nas crianças, especialmente nos chamados nativos digitais, que já cresceram com um tablet ou um celular na mão. Um dos cursos mais procurados é o de drone autônomo, para alunos a partir de 8 anos. Mas o ensino de competências digitais vai além do aspecto lúdico, já que as profissões ligadas a tecnologia são promissoras. “Há um grande mercado a ser conquistado. Estudos mostram que 65% das crianças de hoje vão trabalhar em funções que ainda não foram inventadas”, diz Walter Fernandes Júnior, diretor comercial da Happy Code. A empresa já contabiliza 80 franquias no Brasil, dez na Europa (Portugal e Espanha), além de um escritório em São Francisco.

 

Reportagem publicada na edição 56, lançada em dezembro de 2017