Segundo dados do Consulado Geral do Brasil em Miami, ela está em posição de destaque no mapa dos 300 mil brasileiros que vivem na Flórida – a maior concentração verde-amarela em um estado americano. Juntos, eles movimentam US$ 5 bilhões por ano e são os estrangeiros que mais gastam em imóveis em Miami e outras cidades do sudeste do país, como Orlando e Fort Lauderdale. Isso sem contar investimentos em outros setores, como indústria, finanças, alimentação e varejo.
Recentemente, Peres voltou à carga no mercado imobiliário de luxo de Miami, em carreira solo. O magnata submeteu ao Miami Beach Design Review Board, no ano passado, seu projeto de construção de uma torre residencial de luxo na área que abriga um dos edifícios mais antigos de Miami Beach. Para isso, a Miami Beach Associates LLC, empresa de Peres na Flórida, solicitou a demolição do Marlborough House Condominium, prédio de 12 andares que ocupa desde 1961 um endereço privilegiado, de frente para o mar, na Collins Avenue. A proposta de demolição causou polêmica – vários moradores e frequentadores do bairro manifestaram-se contrariamente, com argumentos ligados à preservação histórica e arquitetônica do lugar.
Precavido, Peres não quis falar sobre o projeto, mas, segundo fontes locais, a companhia do empresário na Flórida adquiriu as 110 unidades do Marlborough House dos proprietários individuais em várias transações, numa negociação concluída na segunda metade de 2016. A compra de todos os imóveis da área de 5.900 metros quadrados foi estimada pelo mercado em US$ 100 milhões.
No endereço, na 5775 Collins Ave, o bilionário brasileiro pretende erguer uma torre de 17 andares, com 86 apartamentos, garagem subterrânea, salão de festas e piscina de frente para a praia.
Outra empresa brasileira que elegeu Miami para lançar âncora nos EUA foi a Pandurata Alimentos, dona da marca de panetones Bauducco. Depois de quase quatro décadas exportando para o mercado americano via Miami, a companhia decidiu instalar na metrópole um complexo com fábrica, centro de distribuição e centro administrativo – como trampolim para os demais estados americanos.
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“Nós temos uma visão muito ambiciosa para a expansão, e os Estados Unidos são o melhor mercado para o desenvolvimento”, disse Erik Volavicius, diretor de marketing da Bauducco nos EUA, na época do anúncio do projeto. “Escolhemos Miami porque, como o Brasil, ela tem uma cultura muito diversificada. E também por causa de suas vantagens logísticas.”
NA MESA, NO BALCÃO E NA PAREDE
Também no varejo e no mercado de gastronomia, o sotaque brasileiro se faz ouvir em Miami. Grandes redes como Madero, Coco Bambu, Giraffas e Paris 6 abriram restaurantes na cidade. O chef celebridade Henrique Fogaça está em fase de prospecção de ponto para abrir lá uma unidade de seu restaurante, o Sal Gastronomia.
Lojas de marcas nacionais como Saccaro (móveis), Track&Field (moda fitness), Orlean (revestimentos de paredes e tecidos), Artefacto (móveis), Morana (bijuterias finas), Água de Coco (moda de piscina e jardim), Tidelli (móveis de praia) e Jorge Bischoff (calçados) também marcam presença na cidade.
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Outra área que vem levando empreendimentos brasileiros a Miami é a arte. No rastro do sucesso do consagrado artista pop pernambucano Romero Britto, que tem um QG na Lincoln Road, artistas e galerias verde-amarelas estão “pendurando” suas molduras na metrópole. Recentemente, foi a vez de a art adviser brasileira Bianca Cutait inaugurar lá a galeria Arte Fundamental.
ESCRITURA DE LUXO
Os brasileiros chegaram a alcançar a segunda posição entre os estrangeiros que mais investem no mercado imobiliário da cidade. “Em 2010, eles salvaram Miami da maior crise imobiliária que os Estados Unidos já viram”, afirma Eduardo Cofresi, do Master Brokers Forum, que reúne profissionais de real estate da metrópole. O setor imobiliário já verificou que o interesse oscila conforme o câmbio do real. Outro motivador é a insatisfação com a instabilidade e a insegurança do Brasil, o que leva investidores a aportar dinheiro fora do país. E não faltam brasileiros que compram imóveis em Miami para transformá-los em seu endereço definitivo.
PÓS-CRISE
Depois de um recuo entre 2015 e 2016, os investidores brasileiros voltaram às compras no ano passado. Levantamento divulgado pela Miami Association of Realtors aponta que ocupamos a terceira posição entre os maiores compradores estrangeiros de seus imóveis – só atrás da Colômbia e Venezuela.
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“Normalmente, os brasileiros oscilam entre o primeiro e o segundo lugar entre os compradores estrangeiros – e número 1 nas vendas em dólar”, conta Edgardo Defortuna, CEO do Fortune International Group, que dá chancela ao Ritz-Carlton e a vários grandes desenvolvimentos em andamento em Miami e em outros lugares do sul da Flórida. “Eles tendem a comprar as unidades mais caras.”