Como o suicídio transformou os negócios de Frank King

20 de agosto de 2018
Como o suicídio transformou os negócios de Frank King

Ironicamente, foi preciso que Frank King chegasse perto do fim para que percebesse o propósito da sua vida.

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King foi um comediante profissional que trabalhou com Jerry Seinfeld, Ellen DeGeneres e Robin Williams. Ele foi roteirista de Jay Leno, do “The Tonight Show”, por 20 anos. Hoje, é palestrante e instrutor que trata temas relacionados à prevenção do suicídio como uma questão de saúde e segurança no trabalho.

Eu sei o que você está pensando: “Um comediante, falando sobre suicídio, como isso pode dar certo?”. Bem, a depressão e o suicídio fazem parte da família de King. O nome disso é depressão geracional. Sua avó se suicidou, assim como sua tia-avó – e ele chegou muito perto de acabar com a sua vida.

Em abril de 2010, King e a esposa perderam quase tudo em uma falência. O comediante chegou perto o suficiente do suicídio, a ponto de poder dizer qual o gosto do cano da sua arma.

Alerta de spoiler: ele não puxou o gatilho. Um amigo que estava na plateia de uma de suas palestras perguntou: “Ei, cara, por que você não puxou o gatilho?”. Como um bom comediante, King respondeu: “Ei, cara, você poderia tentar parecer um pouco menos desapontado?”.

Mas, mais uma vez, eu sei o que você está pensando – que não há nada realmente engraçado sobre sobre depressão e suicídio?” Comediantes dirão que você pode tirar sarro de qualquer grupo do qual pertença. King é duplamente qualificado para falar e brincar sobre o assunto. Ele tem transtorno depressivo e suicidalidade crônica.

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Logo depois da tentativa de suicídio, alguém deu a King uma cópia do livro da palestrante e coach, Judy Carter, “The Message of You, How to Turn Your Life Into a Money Making Speaking Career” (não disponível em português), no qual ela sugere que o que o público quer ouvir não é sobre o seu sucesso, mas os seus conflitos e estresse, e como você os superou.

Inspirado no livro, King deixou de ser apenas um palestrante divertido. Ele tornou-se engraçado por simplesmente ganhar a vida falando, para – como diz Carter – ganhar a vida e fazer a diferença falando. Ele transformou completamente seu negócio.

O que se seguiu foram quatro TEDx Talks (o quinto será em fevereiro de 2019 no TEDxSantaClarita em Monterey, Califórnia) e a criação de sua marca The Mental Health Comedian.

Entre os palestrantes profissionais há um ditado que diz: “As riquezas estão nos nichos”. King escolheu um nicho dentro de outro, que também está dentro de outro. Ele simplificou seu marketing e fez com que seu cachê fosse de US$ 3,5 mil para US$ 7,5 mil.

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A saúde mental é um nicho. Depressão e prevenção do suicídio são outros, inseridos no nicho da saúde mental. E a prevenção do suicídio como uma questão de saúde e segurança no trabalho é um nicho dentro do nicho de prevenção do suicídio.

Como palestrante, King não leva apenas alívio cômico para corporações e associações – ele pode levar, inclusive, alívio financeiro para empresas norte-americanas. De acordo com a “Scientific American”, para cada dólar gasto no tratamento da depressão, US$ 4,70 adicionais são gastos em custos diretos e indiretos de doenças relacionadas, e mais US$ 1,90 é gasto em uma combinação de produtividade reduzida no local de trabalho e os custos econômicos associados ao suicídio diretamente ligado à depressão.