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A startup já facilitou mais de US$ 6,37 bilhões em empréstimos desde seu lançamento, em 2010, a maioria no mercado do Reino Unido. A empresa está agora no caminho certo para se tornar a maior IPO de uma fintech do país desde a listagem da gigante de pagamentos globais WorldPay, que levantou US$ 6,1 bilhões em 2015.
A construção da Funding Circle
“O grande segredo é que os bancos realmente não se importam com esse tipo de empréstimo”, afirma Desai. Sentado no escritório londrino, a poucos passos do Banco da Inglaterra, o chefe de 35 anos não tem medo de opinar sobre seus grandes rivais bancários. “Eles equivalem, em média, a apenas 5% dos seus balanços. Ou seja, os bancos ganham muito mais dinheiro com coisas como hipotecas, empréstimos corporativos, cartões de crédito e todos os outros produtos.” Desai, por outro lado, acredita que os incentivos da Funding Circle estão alinhados para atender seus principais clientes, mutuários de pequenas empresas e credores.
A empresa percorreu um longo caminho desde 2010, quando Desai e os cofundadores James Meekings e Andrew Mullinger imaginaram o que, inicialmente, pensavam ser credores de nicho, “talvez em financiamento dentário ou em alguma outra área do mercado”. Em vez disso, eles encontraram uma inexplorada demanda pós-recessão para empréstimos a pequenas empresas.
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Empréstimos peer-to-peer funcionam, no caso da Funding Circle, ao permitir que pequenas empresas peguem emprestado até £ 500.000 (quase US$ 650.000) diretamente de um grupo de investidores públicos e institucionais, tudo por meio de uma plataforma on-line e com taxas de juros atraentes.
E é esse modelo que levou a empresa a rivalizar com as maiores instituições financeiras do mercado de empréstimos da Grã-Bretanha, avaliado em US$ 108,9 bilhões. “Fizemos mais empréstimos do que todo o sistema bancário do Reino Unido combinado no segundo trimestre”, diz Desai.
Expansão e aquisição
O próximo passo no plano de Desai é usar o IPO como um trampolim para impulsionar o crescimento internacional. Ele afirma sua crença de que a Funding Circle tem potencial de emprestar US$ 100 bilhões nos próximos anos. Os EUA serão uma parte fundamental dessa expansão. Em 2013, Desai lançou seus negócios no país com a aquisição da startup peer-to-peer Endurance Lending Network.
“Já fizemos mais de US$ 1 bilhão em empréstimos desde que começamos [nos EUA], portanto, na verdade, já somos o maior credor das pequenas empresas”, diz ele. “Parte do motivo pelo qual as pessoas provavelmente não ouviram falar de nós é apenas em função do tamanho deste mercado.”
O problema em todos os mercados da Funding Circle é que a conscientização sobre os empréstimos peer-to-peer continua dolorosamente baixa. No Reino Unido, apenas 5% das empresas lembram dela quando perguntadas onde conseguir financiamento, enquanto 95% continuam a escolher seus tradicionais bancos, de acordo com os dados da empresa. “Não é uma equação maluca para resolver”, diz Desai.
De acordo com ele, muitas marcas com capacidade tecnológica gastaram dinheiro para conquistar níveis mais elevados de conscientização. “E é exatamente isso que faremos nos próximos 12, 24, 36 meses, investindo para aumentar a compreensão das pessoas.” Se sua campanha de marketing funcionar, o plano é que os lucros venham na sequência.
O mercado
Enquanto isso, na China, os empréstimos desse tipo têm sido, historicamente, não regulamentados, levando as plataformas de empréstimos a entrar em default (quando há o não cumprimento das cláusulas dos contratos de empréstimos) em um ritmo vertiginoso nos últimos meses.
Londres ainda não viu um credor peer-to-peer chegar ao mercado: “Tenho a impressão de que os que surgiram nos EUA saíram provavelmente um pouco mais cedo de cena. Eu não acho que o mercado tenha amadurecido adequadamente nesse estágio”, diz James Clark, chefe de tecnologia e de lifesciences da Bolsa de Valores de Londres, à FORBES.
Dadas as receitas da Funding Circle, que saltaram para £ 63 milhões (US$ 81 milhões) no primeiro semestre de 2018, a avaliação de £ 1,65 bilhão (US$ 2,13 bilhões) da empresa é um ágio para as fintechs listadas nos EUA, que negociam em média três vezes a receita do Nasdaq Fintech Index. No entanto, alguns analistas disseram que a faixa de preço da Funding Circle era justo com base no desempenho de seus ativos de empréstimos subjacentes.
Se Desai vender a visão de crescimento da Funding Circle para o mercado, poderá gerar lucros inesperados para investidores importantes, como a Index Ventures, cuja participação está próxima de 20% – o que pode valer US$ 200 milhões.
“É uma história muito simples e sempre foi uma história muito simples”, conclui Desai. “Vamos continuar fazendo a mesma coisa em mais e mais lugares, em maior e maior escala – e não vamos tentar ser espertos demais.”. A questão agora é se os investidores concordarão.