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A joia da coroa dos Domínios Barões Rothschild (DBR) é um dos cinco Premier Cru – a mais alta classificação vinícola da região de Bordeaux – e faz parte de um império que compreende oito vinícolas que cobrem 1.200 hectares de vinhedos, espalhados por três continentes e comercializados por 80 distribuidores internacionais. Foi como parte dessas celebrações que a FORBES Brasil foi até a França, mais precisamente à vila de Pauillac, na região de Médoc (a noroeste de Bordeaux), para conhecer onde é produzido aquele que é tido por muitos conhecedores como o melhor vinho da denominação Bordeaux.
Mesmo para os menos versados, entrar em Lafite é uma experiência impressionante e inesquecível. Seja pela paisagem, que parece ter sido pintada à mão, seja pela arquitetura imponente do château, seja pelo fato de estarmos diante do terroir responsável por algumas das melhores cepas de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot que o mundo pode produzir.
Nosso tour guiado iniciou pelo impressionante cellar da propriedade, onde o moderno e a tradição secular se misturam de forma homogênea. Caminhamos por entre as enormes barricas de madeira, onde o processo de fermentação ocorre, seguindo para o enorme salão onde repousam os barris de carvalho – 2 mil barris são produzidos todos os anos por cinco tanoeiros da DBR, usando carvalho selecionado das grandes florestas de Allier e Nivernais, que secam ao ar livre por dois anos em Lafite, antes de serem trabalhados.
Se a visão do salão repleto de barris já impressionava, a apoteose fica para adega circular do château, idealizada pelo barão Eric de Rothschild, construída sob a supervisão do arquiteto Ricardo Bofill e inaugurada em 1987. Destinada ao envelhecimento dos vinhos em seu segundo ano, é caracterizada por sua forma octogonal incomum e um arco sustentado por 16 colunas. Pode acomodar até 2.200 barris. A sensação é a de estarmos entrando num imponente e silencioso templo. O design inovador permite que os barris sejam “rolados” até o ponto onde são lavados, periodicamente, percorrendo uma distância muito menor que numa adega linear. De tão inovador, passou a ser copiado por outras vinícolas mundo afora.
De volta à superfície, caminhamos em direção ao belo Château Lafite para uma degustação, ao ar livre, da deliciosa Champagne Domaines Barons Rothschild acompanhada por popovers e foie gras. Findados os aperitivos, caminhamos lentamente pelas salas ricamente decoradas com o melhor do estilo Rothschild, um dos mais opulentos em decoração de interiores do século 19. Nas paredes, pinturas de membros do clã reforçam a sensação de que estamos, sem dúvida, entre a nobreza.
Jantar no Château Lafite Rothschild só é possível se você for um membro da família ou se estiver acompanhado
por algum deles. Para nossa sorte, estávamos acompanhados pelo barão Philippe, que, depois de saudado pelo gentil staff, pediu que tomássemos nossos lugares à mesa. O sol ainda brilhava forte, por volta das 20h30 – talvez por isso tenhamos demorados a notar que a sala era iluminada exclusivamente por velas, do grande lustre sobre a mesa aos candelabros ao redor da sala (não há energia elétrica naquele exótico ambiente).
Iniciava ali um delicioso passeio por alguns dos vinhos e pratos prediletos de nosso anfitrião. Começamos com um Duhart-Milon 2008 que fazia par com uma delicada massa folhada acompanhada de ovos ao molho de cogumelo e mostarda. Entre uma garfada e um gole, ouvíamos o barão e Jean-Guillaume falarem sobre vinhos, história, tradição e suas experiências com o mercado brasileiro.
A sala já começava a escurecer quando Philippe nos convidou para um conhaque em uma sala com paredes forradas de tecido verde, contrastando com os sofás estilo rococó revestidos de veludo vermelho. Era o desfecho perfeito para uma noite inesquecível nos domínios do barão.