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Fluência digital, empreendedorismo, sustentabilidade, autonomia e habilidade para enxergar as necessidades do outro hoje são matérias tão importantes na formação desse futuro líder quanto os conhecimentos de ciências e matemática. E a língua inglesa passou a ser tão relevante quanto o uso do português – tanto é que as aulas desse idioma passaram a ser diárias nas novas escolas top de linha. Com propostas inovadoras, Concept, Avenues e Eleva estão entre as que se empenham em preparar os pequenos cidadãos para esse mundo mutante e veloz. Para montar seus currículos inovadores, os empresários da educação foram em busca dos modelos adotados por países como Finlândia, Singapura, Canadá, Suíça, Coreia do Sul e Suécia, que há anos ocupam os primeiros lugares nos rankings mundiais de qualidade de ensino e aprendizado.
alertando sobre o profundo abismo entre a escola, que classifica como “museu”, e a realidade dos alunos, que nasceram imersos no dinamismo provocado pelas novas tecnologias. “A escola não pode estar fechada em condomínios
mentais. Para ser realmente inovadora, ela precisa romper com esses limites.” Segundo Moran, o avanço recente dos currículos escolares se deu com a percepção dos próprios pais de que os modelos existentes já não faziam sentido para a geração digital. Para o educador, a escola tem a missão de encantar e abrir os horizontes de crianças e jovens. Ele ressalta que “o aluno hoje está muito mais envolvido nas decisões e tem um lado mais participativo e não apenas executivo, como era antes”. O papel do professor mudou, e hoje é fundamental que ele escute mais seus alunos e valorize as ações em grupos. Moran sublinha, porém, que nenhuma dessas ações tem propósito se não combater um dos principais entrave educacionais do país: a desigualdade social.
“Diante de um cenário bastante complexo, um grande líder precisa ser capaz de entender e resolver problemas globais”, afirma Jeff Clark, presidente da Avenues. Da sede em Nova York, que abriga filhos de bilionários americanos, Clark conversou por telefone com a FORBES sobre a filial brasileira, inaugurada no início deste ano, em
São Paulo. “Esperamos ver nossos alunos atuais e futuros aprenderem e crescerem para se tornarem líderes dentro da comunidade local, bem como globalmente, pelas próximas décadas ”, disse ele.
A Avenues foi fundada em 2012 por Alan Greenberg, ex-publisher da revista “Esquire”, Benno Schimidt, ex-presidente da Universidade Yale, e Chris Wittle, do setor de educação. A sede nova-iorquina, estabelecida em Chelsea, teve investimento inicial de US$ 100 milhões. Cada um dos 1.500 alunos paga US$ 50 mil por ano. No Brasil, a mensalidade está em torno de R$ 8 mil. Por ser uma escola global, a ideia é que os alunos de várias partes do mundo interajam entre si. Clark ressaltou o intercâmbio entre as escolas brasileira e americana, com estudantes de São Paulo participando de um projeto de quatro semanas em Nova York. Rachel, Felipe, Chiara e Rafael, da Avenues São Paulo, inscreveram-se no programa Mastery de Nova York. Rafael, por exemplo, optou pela política ao formular hipóteses sobre como seriam os resultados das próximas eleições presidenciais do Brasil se ocorressem nos Estados Unidos. Já Felipe, por meio do uso do iLab, fabricou modelos 3D de prédios nova-iorquinos. O intercâmbio deverá ser ampliado com as unidades em Shenzhen, na China, no Vale do Silício, na Califórnia, e em Doha, no Catar. Em uma década, a Avenues pretende abrir 25 escolas em metrópoles ao redor do mundo.
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Idealizada por Jorge Paulo Lemann, o maior bilionário do Brasil, e financiada pelo fundo Gera Venture Capital, a escola bilíngue Eleva, estabelecida em 2017, no Rio de Janeiro, também figura entre as mais inovadoras do país. Situada no bairro Botafogo, onde abriga 360 alunos, a Eleva chegou a ter uma lista de espera de 1.500 estudantes. A solução foi abrir uma nova unidade, que será inaugurada no ano que vem na Barra da Tijuca. O fundo Gera, do qual Lemann é o principal investidor, agrega 89 unidades das redes de ensino Pensi, Elite, Coleguium, Alfa e Nota 10, que somam 50 mil estudantes.
Antecedendo as escolas inauguradas nos últimos dois anos está a Lumiar, fundada há 15 anos pelo empresário Ricardo Semler e considerada pela Unesco como uma das 12 escolas mais inovadoras do mundo. Semler associou-se à rede de ensino Anima para colocar em prática um plano arrojado de expansão. Em apenas um ano, abriu uma escola na Holanda, duas na Inglaterra, uma nos Estados Unidos e uma na Bulgária, além de fechar acordo para a construção de uma unidade na Finlândia. A ideia do empresário é criar um “método Lumiar” de ensino self-managed, em que profissionais da área se apropriem da plataforma para montar suas próprias escolas. Semler ainda pretende levar esse modelo para as escolas públicas do país.
As tradicionais se adaptam
Com a fusão com a Anhanguera e, mais recentemente, com a aquisição da Somos Educação, focada no Ensino Básico, a Kroton, que já tem 50 anos de trajetória, tornou-se uma das maiores do setor. Tem 143 unidades de Ensino Superior em 20 estados, além de 1.310 polos de Ensino a Distância no país. Ricardo Galindo, CEO do grupo, afirma que, desde abril de 2017, eles sentiram os efeitos da revolução digital. “Não estava muito claro para mim e para alguns executivos da empresa qual era a dimensão dessa transformação digital e o real potencial que ela tinha de impactar a vida da organização. Senti-me na obrigação de buscar informação. Fizemos um trabalho de imersão gigantesco para entender esse tema a fundo e sua capacidade de transformar a vida da empresa. Realmente foi um muro que caiu na minha frente”, diz ele.
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Para entrar de cabeça nesse processo, Galindo conta que convidou desde o CTO da Pixar, que foi responsável pela integração entre a Pixar e a Disney, até bancos que fizeram processos de transformação digital. “Foi uma decisão muito pensada e amadurecida que levou a um engajamento efetivo. Hoje temos adaptive learning, flipped classroom, gamification e a melhor solução possível de ambiente virtual de aprendizagem (AVA) implementada, ou seja, tecnologias suportando o engajamento do aluno”, diz ele.
Mauro de Salles Aguiar, presidente do Bandeirantes, também pontua que “a grande revolução não advém da tecnologia”. Para ele, o importante “é o novo papel do professor e do aluno, onde o estudante passa a ser realmente o protagonista do seu aprendizado e o professor passa a ter uma posição mais importante”. De acordo com Aguiar, o novo mestre, “em vez de repetir conceitos, passa a ser um facilitador do aprendizado, um mentor que organiza esse aprendizado”.
Reportagem publicada na edição 63, lançada em novembro de 2018
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