Por que Keanu Reeves está no auge

13 de junho de 2019

Reeves é popular hoje pela qualidade geral de seus longas de ação e sua capacidade de criar novos heróis

Resumo:

  • “John Wick 3” está perto de ultrapassar a bilheteria de “Matrix Revolutions” para se tornar a terceira maior bilheteria de Keanu Reeves nos Estados Unidos, atrás de “Matrix” e “Matrix Reloaded”;
  • “Toy Story 4” será o segundo filme de destaque do ator em um mês, depois da participação em “Meu Eterno Talvez”, da Netflix;
  • Reeves tem um talento especial para criar personagens originais, tanto heróis de ação como heróis românticos.

“John Wick 3: Parabellum” teve um bom desempenho no terceiro final de semana de exibição, com queda de apenas 33% e receita de US$ 7,4 milhões nas bilheterias. Ao todo, o longa acumula US$ 138 milhões desde sua estreia e está perto de ultrapassar “Matrix Revolutions” (US$ 139 milhões em 2003) para se tornar a terceira maior bilheteria de Keanu Reeves nos Estados Unidos, atrás de “Matrix” (US$ 171 milhões em 1999) e “Matrix Reloaded” (US$ 281 milhões em 2003).

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De acordo com informações de “Toy Story 4”, da Pixar, vazadas nas redes sociais, o personagem Duke Caboom, interpretado por Keanu Reeves, rouba a cena. Esse será o seu segundo filme de destaque em um mês, depois da participação em “”Meu Eterno Talvez”, da Netflix. O ator estará, ainda, no videogame “Cyberpunk 2077”. Quer isso signifique ou não que Keanu Reeves irá participar do próximo jogo de “Super Smash Bros.”, ele está tendo um grande momento. No 25º aniversário de “Velocidade Máxima”, vale a pena analisar o porquê.

Como eu notei muitas vezes desde a estreia de “John Wick”, em outubro de 2014, as crianças que cresceram com Reeves por meio de “Bill e Ted’s Excellent Adventure”, “Point Break”, “Velocidade Máxima” ​​e/ou “Matrix” tornaram-se adultos críticos. Uma parte considerável da atual mídia de entretenimento (inclusive eu) é composta de “defensores” de Reeves. Então, à medida que os fãs lentamente se tornaram uma grande parcela do novo consenso crítico (e máquina de mídia geral), a narrativa sobre ele, em relação ao seu trabalho e seu valor como ator, também começou a mudar.

Na época em que Reeves produziu (e narrou) o fantástico documentário “Lado a Lado” (sobre o debate entre cinema e tecnologia digital como futuro dos filmes), em 2012, e dirigiu o longa de artes marciais “O Homem do Tai Chi”, em 2013, a maré estava agitada. No momento em que a Lionsgate anunciou o primeiro “John Wick”, no final de 2014, o lançamento foi tratado como uma coroação geracional. A produtora independente foi capaz de aproveitar essa onda para transformá-la no que é hoje: a sua maior franquia em curso.

Há também o nosso fascínio com a aparente recusa do ator de 54 anos em envelhecer e com seus atos aleatórios de bondade, que dão a ideia de que ele realmente é tão bom quanto esperaríamos que uma pessoa famosa pudesse ser. Ele também se tornou, quase por acidente, talvez a maior estrela de Hollywood (com todo respeito à Chow Yun-fat, Jackie Chan e Donnie Yen) da sua geração. Diga o que quiser sobre os melhores filmes de ação de Denzel Washington, Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone ou Dwayne Johnson, mas eles só têm alguns (ou vários, se eu for honesto sobre o trabalho de Schwarzenegger com James Cameron) tão bons quanto “Velocidade Máxima”, a trilogia de “John Wick” e todos os três filmes “Matrix”.

“Point Break”, dirigido por Kathryn Bigelow, envelheceu muito bem desde 1991 ao ampliar sua mentalidade de que “não há finais felizes quando o sangue é derramado”, também refletida em “Jogo Perverso”, “Guerra ao Terror”, “A Hora Mais Escura” e “Detroit em Rebelião”. Você pode pegar ou largar “47 Ronins” (embora não tenha feito sucesso, apesar de ter sido caro), já que “Os Reis da Rua”, “Johnny Mnemonic, o Cyborg do Futuro” e “Constantine” não são realmente filmes de ação. Mas quando Keanu Reeves entra em cena como um herói de ação, temos quase sempre um clássico. Além disso, ele ainda é capaz de seguir a linha entre ser um protagonista “improvável” (o que aumenta o charme) e ser aceito como genuíno e de primeira linha.

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Ao contrário da maioria de seus colegas (com exceção de Denzel Washington e Harrison Ford), ele é tão convincente em um filme do gênero quanto é como herói romântico e ator dramático. Seria extremamente estranho ver Dwayne Johnson em “Caminhando nas Nuvens”, Jason Statham em “Alguém Tem Que Ceder” ou Sylvester Stallone em “A Casa do Lago”. Ele consegue ser uma estrela em um filme de ação ou de romance, e atrai o público, pelo menos em parte, porque as pessoas querem ver Keanu Reeves.

Se você observar apenas seu trabalho no cinema de ação, verá que ele tem um talento especial para criar personagens originais – Johnny Utah, Jack Traven, Thomas Anderson, John Wick etc.. Isso acontece até em “Constantine”, que é tanto um thriller de horror de grande orçamento, estrelado por Reeves e Rachel Weisz, como uma adaptação da DC Comics. Até “Mulher-Maravilha”, que estreou há apenas dois anos, “Constantine” era o maior filme além de “Batman” ou “Superman”.

O personagem Duke Caboom, interpretado por Keanu Reeves, rouba a cena em “Toy Story 4”

“John Wick 3” é um sucesso para adultos que cresceram assistindo “Matrix” e “Velocidade Máxima”, ​​e para crianças que só conhecem Reeves da franquia atual. Por mais que você argumente que Harrison Ford tem mais filmes de ação do que Reeves, principalmente pelos quatro de “Star Wars” e de “Indiana Jones”, ele não teve um “novo” hit desta natureza desde “Força Aérea Um” em 1997. O que Reeves fez com “John Wick” seria o mesmo que Ford faria, se ainda estivesse lançando novas franquias de ação em 2014. Até mesmo Stallone tem tido dificuldades, exceto por dois destaques em 1993 (“Risco Total”) e 1997 (“Cop Land”), além de “Rocky” e “Rambo”.

Isso não quer dizer que as pessoas verão Reeves em qualquer coisa. Ele ainda tem uma vantagem sobre os Chris (Pine, Hemsworth, Evans, Pratt etc), que só conseguem prender o público em suas franquias. O mesmo vale para vários candidatos atuais a estrelas de cinema (como Ryan Gosling e Tom Hardy), que conseguem alguma fama se atuarem em um filme indicado ao Oscar. Como Denzel Washington e Leonardo DiCaprio, Reeves não teve sua imagem associada a uma propriedade intelectual na medida em que nega sua habilidade de atrair multidões fora dessas franquias. “John Wick” é enorme devido ao ator que o interpreta.

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Reeves é popular hoje pela qualidade geral de seus longas de ação e sua capacidade de criar novos heróis. Ele também representa a fantasia da estrela de cinema mundialmente famosa, como uma das pessoas mais bonitas e legais da Terra, e é por isso que o seu papel no recém-lançado “Meu Eterno Talvez” talvez tenha sido engraçado.

Keanu Reeves é amado como sempre foi. Aqueles que não assistirão “Toy Story 4” poderiam apenas vê-lo roubar a cena como um dublê atrevido dos anos 1970. “John Wick 3: Parabellum” ainda está no caminho para ser melhor do que o segundo filme, assim como fez “Capitão América: Guerra Civil” em relação a “Capitão América: O Soldado Invernal”. Reeves não precisou de nenhum “Vingadores” para conseguir isso, apenas de si mesmo, de uma assistência de Halle Berry e da qualidade dos “John Wick” anteriores. Vinte e cinco anos depois de “Velocidade Máxima” ​​e duas décadas após “Matrix”, Keanu Reeves está no auge.


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