Em um futuro pós-pandemia, depois de limpar um quarto de hotel, um membro da equipe de limpeza leva seu carrinho para o próximo quarto. Em seguida, ele aperta um botão em um alto dispositivo, que então entra em ação desinfetando as superfícies com luz ultravioleta, enquanto outra funcionária limpa o quarto ao lado.
Essa é a visão dos cofundadores da R-Zero Systems, uma empresa com sede em San Jose, que tem como objetivo levar a higienização hospitalar para empresas, como hotéis e restaurantes.
“A ideia que nos atrai ao pensar nesse projeto é a oportunidade de criar ambientes mais seguros”, diz o cofundador Grant Morgan, que já projetou dispositivos médicos na Abbott e foi membro da equipe fundadora da iCracked.
A empresa se reuniu no início da pandemia em fevereiro, quando o cofundador Ben Boyer, também cofundador da companhia de capital de risco Tenaya Capital, começou a analisar relatórios da China e o impacto sobre as empresas de seu portfólio, como a Lyft.
Pensando em como grandes eventos, como os ataques terroristas de 11 de setembro, levam a novas demandas de mercado, por coisas como Palantir, Boyer e Morgan (que já se conheciam porque Boyer estava no conselho da iCracked) começaram a discutir ideias sobre como poderiam ajudar no impacto imediato causado pela pandemia. “Tive uma carreira de capital de risco longa o suficiente para passar por algumas alterações de mercado”, diz Boyer.
Isso os levou a pensar sobre como os hospitais podem, no dia a dia, fazer negócios e, ao mesmo tempo, atuar para minimizar a propagação de doenças. “Se os hospitais podem descobrir, outras empresas também podem”, comenta.
Na pesquisa de mercado, os cofundadores focaram em duas coisas: frequência de lavagem e desinfecção das mãos nos hospitais e uso de luz ultravioleta C (UV-C) para higienização em hospitais. Durante o estudo, eles foram apresentados ao Dr. Richard Wade, especialista em saúde pública com foco em desinfecção.
Hospitais que utilizaram luz UV-C obtiveram resultados positivos. Vários estudos randomizados controlados descobriram que o uso leva a uma diminuição nas infecções adquiridas em hospitais. Diversas pesquisas preliminares também descobriram que ele pode levar à inativação do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Embora o raio por si só não seja suficiente, combinado com protocolos de limpeza completos, é mais eficaz do que a limpeza ou o UV-C por si só.
Inicialmente, os cofundadores tiveram a ideia de construir um projeto baseado em serviços para instalar lâmpadas ultravioleta para higienização em ambientes não hospitalares. Eles logo descobriram, no entanto, que os sistemas de luz UV existentes no mercado eram muito caros, com preços variando de US$ 60 mil a US$ 120 mil. Depois de estudarem a engenharia, o custo dos materiais e incluírem um terceiro cofundador, ex-membro da Forbes Under 30, Eli Harris, eles decidiram mudar de ideia e construir seus próprios procedimentos.
“O custo é uma peça de nosso sistema de saúde e percebe-se o quão ineficiente ele é”, diz Boyer. “Não é sobre o valor de construção e materiais.”
A equipe percebeu que poderia mudar o foco para lugares onde o sistema UV-C era anteriormente proibido, como restaurantes, hotéis e escolas. “O nível de envolvimento que estamos tendo com grandes redes de escolas é imenso”, diz Boyer.
A empresa, então, fez dois produtos principais. O primeiro é um dosador antisséptico para as mãos que não necessita contato, com capacidade de conexão para garantir que os prédios saibam quando substituir o produto e que possui um sensor térmico, que pode ser usado para determinar se alguém está com febre. Já o segundo são unidades UV-C móveis para desinfetar salas, projetadas com operação simples que podem higienizar um espaço de 93 metros quadrados em cerca de sete minutos.
Mas a empresa oferece mais do que apenas mercadorias. Em conjunto com o Wade, ela também oferecerá protocolos específicos aos clientes, garantindo que eles possam usar os produtos conforme o regulamento dos lugares, bem como as suas próprias necessidades exclusivas. Isso é acompanhado por um aplicativo com indicações sobre o uso do produto.
A empresa já construiu peças para clientes como parte de um processo de teste beta e garantiu instalações de fabricação em San Jose. Os cofundadores planejam ter os produtos testados separadamente neste mês para eficácia, já que a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) não exige aprovação para dispositivos UV-C.
O próximo passo é assinar mais acordos, transformando clientes beta em clientes contínuos e aumentando a produção até o ponto em que os produtos podem começar a ser enviados em maior escala. Nada mal para uma empresa que foi incorporada em abril. “Em quatro meses, nós projetamos, desenvolvemos e fabricamos”, diz Boyer.
Os cofundadores da R-Zero também veem uma oportunidade de manter seus negócios avançando além da atual pandemia, pois a luz UV-C desinfeta uma ampla variedade de doenças. “Podemos reduzir os dias de licença médica nas escolas, nos escritórios e fazer as pessoas se sentirem bem para voltar a trabalhar”, diz Morgan.
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