Ações caem no exterior após denúncia contra Temer

18 de maio de 2017
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Por aqui, Bovespa também pode desabar mais de 10% nesta quinta-feira (18) (iStock)

A notícia de uma gravação em que o presidente Michel Temer (PMDB) supostamente teria dado aval para a JBS pagar uma mesada pelo silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) também caiu como uma bomba no mercado financeiro. As ETFs brasileiras negociadas pelo mundo apresentaram queda significativa. ETF é a sigla em inglês para Exchange Trade Fund, que corresponde a um fundo cuja performance é determinada por um índice de referência de um setor, de uma bolsa de valores ou da variação do preço de uma commodity.

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Nos Estados Unidos, a cota do iShares MSCI Brazil Capped ETF, maior fundo baseado no desempenho da Bolsa brasileira, com US$ 6 bilhões aportados, chegou a cair 14%. Já o American Depositary Receipt (ADR), que funciona como recibo de ações, da Petrobras teve uma queda de 16,91% no pré-mercado de Nova York. No Japão, na manhã de hoje (18), uma ETF baseada nos índices brasileiros desabava 9%.

ETF brasileira em Nova York chegou a desabar 14%

Os números indicam um dia nervoso também no mercado brasileiro nesta quinta-feira. Se confirmar uma queda de 10%, a Bovespa irá interromper o pregão por 30 minutos, em uma ação denominada “circuit break”. Após o retorno das operações, se o índice chegar a uma queda de 15%, o pregão será suspenso por 1 hora. No pior cenário, se, ao retomar o pregão, o índice chegar a um terreno negativo de 20%, as negociações serão suspensas por tempo indeterminado. O último circuit break na Bovespa foi durante a crise financeira de 2008.

Na avaliação dos analistas de mercado, a iminente queda vem de encontro ao otimismo com a economia brasileira após a posse de Temer e a promessa de realização de reformas, como a da Previdência e a trabalhista. A alta da Bovespa no último ano era reflexo das expectativas em relação à aprovação dessas mudanças. Com a acusação contra o presidente, o caminho natural é a perda do amplo apoio no Congresso, que não aprovaria mais as reformas.

Acusação

Michel Temer foi acusado de concordar com o pagamento de uma mesada pelo silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, por meio dos empresários e irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. Orientados pela PF, como parte de uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, os irmãos gravaram uma conversa com o presidente em que relatariam a prática e ouviriam de Temer a orientação para que isso continuasse. “Tem que manter isso, viu?”, teria dito o presidente na gravação, que ainda não foi divulgada.

Os irmãos da JBS também teriam gravado um pedido de R$ 2 milhões de Aécio Neves, presidente nacional do PSDB. Na manhã desta quinta-feira, Andrea Neves, irmã do senador, foi presa preventivamente em Belo Horizonte (MG). Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador, foi preso em casa, em um condomínio em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. O Supremo Tribunal Federal (STF) também pediu o afastamento de Aécio do cargo.