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Das 400 mil pessoas estimadas no parque de exposições, 700 eram estrangeiras lotadas em 35 comitivas internacionais. Não por acaso, o Brasil no mundo foi alvo de lideranças logo na abertura dos trabalhos. “O material genético das raças zebuínas produzido e melhorado aqui no Brasil tem maior facilidade de acessar os mercados internacionais, especialmente o da Ásia, de forma indireta, através de outros países. Precisamos destravar processos e agilizar ao máximo os protocolos de exportação”, disse Gabriel Garcia Cid, presidente da ABCZ. “E da porteira para dentro precisamos baixar custos, senão muitos negócios se tornarão inviáveis. É muito natural que outros países entrem em queda de braço com o Brasil por não quererem perder espaço.”
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Na agenda estava o 2º Comcebu (Congresso Mundial dos Criadores de Zebu), com quatro dias de palestras, como a de Ian Wright, que até 2021 era o presidente-executivo da Food and Drink Federation, que é voz da fabricação de alimentos e bebidas no Reino Unido; e ações como o Zebu Connect Day, um evento inédito na feira de raças zebuínas. “Já é tradição do Brazilian Cattle os Farm Tours, que são as visitas às fazendas da região e centrais de genética, mas as mais distantes ficavam de fora”, afirma Yasmin Perissê, analista da ABCZ. “Então, decidimos unificar em um só lugar”.
O evento ocorreu na fazenda experimental da ABCZ. Uma das centrais que ficavam fora desse circuito era a Seleon Biotecnologia, de Itatinga (SP), a 460 km de Uberaba, e que não perdeu a oportunidade. “ “Somos prestadores de serviço em produção de sêmen. Hoje, a Seleon processa em torno de 5 milhões de doses por ano. Temos uma visão de cinco anos e nosso plano de investimento está na casa dos R$ 20 milhões”, diz Bruno Grubisich, CEO da empresa.
Outro encontro internacional foi o da Federação Internacional de Criadores de Zebu (Ficebu), com cerca de 40 lideranças de associações, para debater temas como protocolos sanitários e colaboração entre os países. “Esse é nosso segundo fechamento do ano da diretoria, onde propusemos quatro tarefas e vamos cumprindo”, afirmou o guatemalteco José Santiago Molina, presidente da Ficebu. Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, vice-presidente da ABCZ, conta que “a Ficebu faz um trabalho importante que é o de padronização dos registros genealógicos e das provas zootécnicas para que facilite o intercâmbio de material genético entre os países.”
Dos acordos internacionais de cooperação, dois foram realizados pelas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), um com a boliviana Federación de Ganaderos de Santa Cruz (Fegasacruz), que representa 39 associações de pecuaristas daquele país, e outro com a Asociación Provincial de Ganaderos de Esmeraldas, do Equador, visando relações acadêmicas e científicas entre os países.
Raças zebuínas monitoradas
Nesta edição, a ABCZ também anunciou o lançamento do Programa de Avaliação de Bezerros de Corte. O intuito é dar consistência às informações dos rebanhos, inclusive com dados de abate, progênie de touros e qualidade da carne e para participar é preciso fazer parte do Programa de Melhoramento Genético para rebanhos comerciais (PMGZ Comercial).
“É uma cooperação técnica comercial com a indústria frigorífica para que a gente tenha as informações dos animais que forem para abate e, consequentemente, tendo dados de carcaça de pais conhecidos e os currículos desses animais, teremos todos os dados produtivos e genéticos. Será uma avaliação completa”, afirma o zootecnista Ricardo Abreu, gerente Fomento dos Programas de Melhoramento Genético da ABCZ.
O diretor executivo e de originação da JBS, Eduardo Pedroso, disse que os dados dos diversos boiteis da empresa estarão disponíveis. Entre eles, dois confinamentos estão próximos a Uberaba, um com capacidade estática para engordar 10.600 animais e outro 12.500 animais. “A proposta é estender o Boitel JBS para uma vitrine tecnológica de testagem de progênie e democratizar o acesso ao sistema de terminação intensiva no cocho sem desembolso antecipado do pecuarista para engorda”, afirmou Pedroso. “Todo banco de dados irá retroalimentar o PMGZ Comercial e alavancar a acurácia da avaliação de novos touros. Com essa parceria iremos aproximar ainda mais a indústria da carne do melhoramento genético chancelado pela ABCZ e fomentar o uso cada vez maior de touros Zebu PO melhoradores no rebanho nacional.”