Um ateliê de conserto de máquinas de raio-X, montado por um imigrante alemão na década de 1920, deu origem a uma das 13 multinacionais brasileiras mais promissoras, de acordo com o estudo elaborado pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Em quase 100 anos, a empresa tornou-se responsável por 90% das exportações do setor neonatal do Brasil, em mercados tão diferentes como Índia, México e Oriente Médio.
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Esta companhia, a Fanem, é apenas um dos exemplos captados pelo Observatório de Multinacionais Brasileiras, coordenado pelo professor Gabriel Vouga. “A Fanem é uma empresa pequena que aposta em um produto inusitado e não deixa de inovar em um setor que é bastante forte”, diz Vouga, ao destacar o trabalho da empresa.
Desde 2013, o observatório reúne pesquisadores, professores e acadêmicos para monitorar a performance das empresas no exterior. Com base em resultados captados a partir de 2012, já analisou o desempenho dinâmico de cerca de 80 multinacionais brasileiras. “As companhias nacionais não estão acostumadas a trabalhar com universidades, como acontece nos países mais desenvolvidos, para acelerar e aprofundar o processo de estudo de mercado”, diz Vouga. “É uma questão cultural que vale a pena ser transformada.” A Fanem, por exemplo, é, ao lado da Embraer, uma das brasileiras que mais investem em tecnologia. A empresa revolucionou alguns tratamentos neonatais, como o para icterícia, com luzes ultravioleta.
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“As multinacionais brasileiras representam uma nova geração de empresas. Por serem menores, têm potencial para a modernidade e são mais ágeis para se internacionalizar”, afirma o turco Tamer Cavusgil, professor da Universidade de Geórgia, nos Estados Unidos, e diretor do Centro de Educação Internacional de Negócios e Pesquisa (Ciber, na sigla em inglês). Cavusgil, assim como Vouga, aposta no setor de alimentos e bebidas. “É uma combinação de vocação para a produção de alimentos e a sabedoria para usufruí-la”, diz. “No entanto, o setor de TI [tecnologia da informação] brasileiro vem acompanhando o movimento mundial, e as empresas têm se tornado mais competitivas. Sem dúvida, é um ramo em que vale a pena apostar, já que não há extrema necessidade de um grande número de funcionários, se comparado com uma fábrica.” Na lista do observatório, TOTVS e Stefanini tiveram destaque neste setor.
Das multinacionais brasileiras, a maior parte escolhe se instalar em outros países da América Latina. A região representa fatias significativas dentro do faturamento das companhias que aí investem — a Fanem, por exemplo, prevê que a produção da subsidiária mexicana seja responsável por 25% da produção da matriz brasileira. Empreendedores brasileiros não descartam lugares diferentes em busca de novos consumidores e de baratear o produto. “Na mente dos executivos brasileiros, ainda há muito a ser transformado. Nenhum mercado é 100% nacional. A visão dos negócios precisa ser holística. É o que chamamos de global mindset”, diz Vouga.
Durante a pesquisa, ele notou que as subsidiárias componentes da amostra apresentam características em comum no que diz respeito à motivação e, principalmente, à autonomia. Há liberdade para o desempenho de atividades como demissão e contratação de funcionários, gestão de compras, fornecedores e parceiros, entrada em novos mercados, mudança ou desenvolvimento de novos produtos. Foi possível observar que conferir maior autonomia às subsidiárias aumenta a responsividade local e contribui para a adaptação de negócios no país de origem da multinacional. Ainda que as matrizes sejam tradicionalmente conhecidas como fontes de estudo e evolução, a importância estratégica das subsidiárias tem crescido nas últimas décadas, em razão de seus recursos e de suas capacidades. Estas têm muito a contribuir para a geração de valor e o subsequente ganho de vantagem competitiva para toda a corporação multinacional. “Chamamos de transferência reversa de conhecimento quando a ideia é desenvolvida nas subsidiárias, volta à matriz e é instituída em todos os processos de produção”, explica Vouga.
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Mas nem sempre as multinacionais brasileiras fazem boas escolhas para implementar suas subsidiárias. Os EUA, por exemplo, são celeiro de muitas pesquisas tecnológicas e acadêmicas, além de ter um bom mercado consumidor. No entanto, há quem vá atrás de um público já alcançado para que não haja necessidade de grandes adaptações. É o caso daqueles que fazem a opção pela entrada via Flórida, Estado com mais de 30 mil brasileiros residentes e média de 770 mil visitantes anuais. “Quando uma companhia brasileira chega à Flórida, ela é considerada parte do mercado étnico. Dentro dos supermercados, tem as posições com menos visibilidade, pouco espaço disponível e, consequentemente, pouquíssimo giro”, diz Vouga. O professor, em uma ação com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), trabalha na capacitação de empresas por meio de robustos planos de marketing, para que sejam capazes de desenvolver fábricas nos EUA, e não só centros de exportação. “Ainda que algumas estratégias visem caminhar para o mais fácil, o clichê que mais se aplica à realidade é que, para inovar, é preciso estar em meio ao caos.”
Na lista das multinacionais brasileiras mais promissoras, 13 companhias tiveram destaque nos critérios escolhidos pelo laboratório. Eles abrangem de modelo de governança a resultados financeiros, sem no entanto ranquear as participantes. Veja na galeria de fotos as empresas que mereceram destaque:
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Brasil Foods
Fundação: 1934
Setor de atuação: Alimentos
Sede: Itajaí (SC)
Funcionários no mundo: 105 mil
Faturamento 2015: R$ 32.2 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 47% (2015)
Número de unidades no Brasil: 35
Número de unidades no exterior: 18 fábricas e 40 centros de distribuição
Presença no exterior: Argentina, Holanda, Reino Unido, Tailândia e Emirados Árabes UnidosMais promissora em
• Evolução do faturamento
• Crescimento e força de trabalho
• Evolução das exportações
• Governança (novo mercado) -
Braskem
Fundação: 2002
Setor de atuação: químico e petroquímico
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no mundo: cerca de 8.000
Faturamento 2015: R$ 47,28 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 43%
Número de fábricas no Brasil: 29
Número de fábricas no exterior: 11
Presença no exterior: Estados Unidos, México e AlemanhaMais promissora em
• Evolução do faturamento
* Crescimento da força de trabalho -
Embraer
Fundação: 1969
Setor de atuação: aeroespacial e defesa
Sede: São José dos Campos (SP)
Funcionários no mundo: 17.530
Faturamento 2015: R$ 20,3 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 90%
Número de unidades no Brasil: 12
Número de unidades no exterior: 17
Presença no exterior: China, Emirados Árabes Unidos, EUA, França, Holanda, Irlanda, Portugal, Reino Unido e SingapuraMais promissora em
• Intensidade tecnológica
• Governança (novo mercado)
• Evolução das exportações -
Fanem
Fundação: 1924
Setor de atuação: equipamentos médicos e laboratoriais
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no mundo: 272
Faturamento 2015: R$ 120 milhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 36,5%.
Número de unidades no Brasi: 1
Número de unidades no exterior: 3
Presença no exterior: Índia, Jordânia e MéxicoMais promissora em
• Intensidade tecnológica -
Anúncio publicitário -
Fibria
Fundação: 2009
Setor de atuação: papel e celulose
Sede: Jacareí (SP)
Funcionários no mundo: 17 mil
Faturamento 2015: R$ 10,08 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: não divulgado
Número de unidades no Brasil: 4
Número de unidades no exterior: 40
Presença no exterior: Áustria, China, EUA, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Malásia e TaiwanMais promissora em
• Evolução das exportações
• Governança (novo mercado) -
Gerdau
Fundação: 1901
Setor de atuação: siderurgia
Sede: Porto Alegre (RS)
Funcionários no mundo: cerca de 40 mil
Faturamento 2015: R$ 43,58 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 77,6% (1º trimestre de 2016)
Número de fábricas no Brasil: 13 usinas
Número de fábricas no exterior: 37 usinas
Presença no exterior: Argentina, Chile, Peru, Colômbia, Uruguai, Venezuela, Guatemala, República Dominicana, México, Estados Unidos, Canadá e ÍndiaMais promissora em
• Evolução do faturamento
* Presença internacional -
JBS
Fundação: 1953
Setor de atuação: alimentos
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no Brasil: 2.400
Faturamento 2015: R$ 162,9 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: não divulgada
Número de unidades no Brasil: 42 unidades de processamento de bovinos, 3 unidades de confinamentos de bovinos, 26 unidades de couro e 33 centros de distribuição
Número de unidades no exterior: 114
Presença no exterior: Austrália, Argentina, China, Itália, EUA, Bélgica, Hong Kong, Paraguai, Reino Unido, Uruguai, Irlanda, México, França, Rússia, Paraguai, Itália, Coréia do Sul, Canadá, Vietnã, Chile, Taiwan, Japão, Porto Rico, Emirados Árabes, HolandaMais promissora em
• Evolução do faturamento
* Governança (novo mercado)
• Presença internacional -
Magnésia
Fundação: 1939
Setor de atuação: refratários, Serviços e Minerais
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no mundo: 7003
Faturamento 2015: R$ 3.33 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 69%
Número de unidades no Brasi: 27
Número de unidades no exterior: 37
Presença no exterior: EUA, Colômbia, China, Paraguai, Uruguai, África do Sul, Malásia, Coréia do Sul, Itália, Alemanha, Taiwan, México, Argentina, Chile, Austrália, Áustria, República Dominicana, Índia, Suécia, Itália, Inglaterra, Japão, Peru, Sri Lanka, Líbano, VenezuelaMais promissora em
• Governança (novo mercado) -
Metalfrio
Fundação: 1960
Setor de atuação: sistemas de refrigeração (tecnologia)
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no Brasil: 1.948
Faturamento 2015: R$ 1,01 bilhão
Participação dos negócios internacionais no faturamento: não divulgado
Número de unidades no Brasil: 2
Número de unidades no exterior: 3 unidades industriais e 220 distribuidoras
Presença no exterior: México, Rússia, Dinamarca, EUA e TurquiaMais promissora em
• Governança (novo mercado) -
Oxiteno
Fundação: 1970
Setor de atuação: ondústria química
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no mundo: 819
Faturamento 2015: US$ 352 milhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: não divulgado
Número de unidades no Brasil: 5
Número de unidades no exterior: 6
Presença no exterior: fábricas na Venezuela, Uruguai, México, EUAMais promissora em
• Crescimento da força de trabalho -
Stefanini
Fundação: 1987
Setor de atuação: tecnologia da informação
Sede: Jaguariúna (SP)
Funcionários no mundo: 21.200
Faturamento 2015: US$ 1 bilhão
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 53%
Número de unidades no Brasil: 21
Número de unidades no exterior: 71
Presença no exterior: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela, Panamá, México, Uruguai, El Salvador, Estados Unidos e Canadá; Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra, Bélgica, Polônia, Alemanha, França, Romênia, Suécia, Dinamarca, Holanda e Suíça; Filipinas, China, Malásia, Tailândia e Índia; Austrália; Angola e África do SulMais promissora em
• Presença internacional -
TOTVS
Fundação: 1983
Setor de atuação: tecnologia
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários no Brasil: 12 mil
Faturamento 2015: R$ 1,91 bilhão
Participação dos negócios internacionais no faturamento: não divulgado
Número de unidades no Brasil: 15 filiais, 52 franquias, 5 mil canais de distribuição e 10 centros de desenvolvimento
Número de unidades no exterior: 41
Presença no exterior: Estados Unidos, México, China e TaiwanMais promissora em
• Crescimento e força de trabalho
• Governança (novo mercado) -
WEG
Fundação: 1961
Setor de atuação: equipamentos eletro-eletrônicos
Sede: Jaguará do Sul (SC)
Funcionários no mundo: 30 mil
Faturamento 2015: R$ 9,76 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 57%
Número de unidades no Brasil: 12
Número de unidades no exterior: 20
Presença no exterior: Argentina, Colômbia, México, EUA, Espanha, Portugal, Alemanha, Áustria, África
do Sul, China e ÍndiaMais promissora em
• Evolução das exportações
• Presença internacional
* Governança (novo mercado)
Brasil Foods
Fundação: 1934
Setor de atuação: Alimentos
Sede: Itajaí (SC)
Funcionários no mundo: 105 mil
Faturamento 2015: R$ 32.2 bilhões
Participação dos negócios internacionais no faturamento: 47% (2015)
Número de unidades no Brasil: 35
Número de unidades no exterior: 18 fábricas e 40 centros de distribuição
Presença no exterior: Argentina, Holanda, Reino Unido, Tailândia e Emirados Árabes Unidos
Mais promissora em
• Evolução do faturamento
• Crescimento e força de trabalho
• Evolução das exportações
• Governança (novo mercado)