SAIBA MAIS: Lições dos países que estão perto da igualdade de gênero
Formada em farmácia pela Universidade de Montreal, no Canadá, Niven diz ter escolhido o curso pela paixão que tem pela ciência e pela forma como ela pode impactar a vida das pessoas. Sua principal motivação, ainda hoje, é buscar soluções para aqueles que mais precisam, objetivo que combina com uma preocupação constante com a diversidade social e cultural.
Durante a chamada Revolução Egípcia – série de manifestações de rua, protestos e atos de desobediência civil que ocorreram no país em 2011 -, a mãe de dois filhos ganhou ainda mais notabilidade ao se tornar diretora geral da Sanofi, não só no Egito, mas também no Sudão, dando início à presença e influência da empresa farmacêutica no mundo árabe.
Vivendo atualmente em Paris, na França, Niven relembra as dificuldades enfrentadas ao viver em países árabes enquanto ainda estava crescendo na carreira. “Minha família tinha certeza que eu ia voltar rapidamente, e isso fez com que eu acabasse encarando a experiência como um desafio.” Na época da mudança, a tecnologia ainda não era tão avançada, o que deixava a situação ainda mais difícil. “Eu não tinha GPS, não sabia onde eram os hospitais, nem onde fica minha casa direito. A comunicação também era muito difícil – as pessoas percebiam o meu sotaque e muitas delas não conseguiam se comunicar comigo”, conta.
Como mulher, os obstáculos foram ainda maiores. Em uma sociedade altamente machista, Niven, no papel de líder e diretora de uma grande empresa local, tinha um legado a deixar na terra dos faraós: a percepção de que o gênero não importa na carreira. “Não existem líderes homens ou mulheres, existem líderes. Um líder de verdade, com credibilidade e respeito, deve ser tratado como um mestre, e não como homem ou mulher. As pessoas têm que dar o valor que você tem, e só então começarão a ignorar a qual gênero pertencem.”
Apesar de tudo que viveu e do que acredita, Niven não se identifica como feminista, mas sim como uma mulher que acredita na inclusão e no poder da diversidade. “É muito importante dar empoderamento, confiança, coragem e suporte não só às mulheres, mas a todas às pessoas. Eu acreditaria em qualquer pessoa que investisse em seus sonhos e tivesse ambição, independentemente do sexo.”
O equilíbrio de gênero é uma meta pessoal para a atual Presidente da Sanofi do Canadá. Segundo ela, existem vários motivos pelos quais a igualdade entre homens e mulheres no mundo corporativo são importantes. Um deles é o próprio argumentos comercial – algumas pesquisas provam que empresas que conquistaram essa condição desenvolvem melhor e mais rapidamente diferenças na forma de pensar e entendimento das necessidades do cliente. “Cerca de 80% das decisões poderiam ser tomadas por mulheres. A mulher é a mãe, a filha, a esposa, uma amiga, uma colega de trabalho. Se estamos em uma empresa, não podemos ignorar a opinião das mulheres. Se queremos falar de inovação, temos que falar de igualdade de gênero.”
O discurso é seguido de ações práticas. “Nós precisamos apoiar e suportar umas às outras”, diz. Convidada com frequência para falar sobre sua carreira em palestras ao redor do mundo, Niven considera o “boca-a-boca” entre as mulheres uma parte importante do processo de mudança da sociedade. A CEO aconselha outras mulheres a seguirem seus sonhos e as estimula a definirem e equilibrarem suas vidas pessoais e profissionais. “Esse equilíbrio é um tesouro. Os desejos variam de pessoa para pessoa, mas saber conciliar as coisas é o que nos deixa felizes e realizadas.” Acreditar em si mesma, dominar as situações e sair da zona de conforto ajudaram a executiva a chegar onde chegou. “Sente-se no banco da frente do carro, mas não se esqueça de uma coisa: você é a motorista e deve saber para onde ir. Mas não está sozinha no veículo e, muito menos, na estrada. Por isso, vá com cuidado.”