Como coaches executivos podem aprender com seus erros

14 de outubro de 2019
Reproduçao/Forbes

Apesar de nem todos os trabalhos de coaching serem bem-sucedidos, é possível melhorar os resultados a partir da construção de um relacionamento de qualidade entre o coach e o cliente

Resumo:

 

  • Embora coaching executivo seja uma opção popular para quem busca orientação em aprimoramento pessoal e de carreira, este trabalho nem sempre é bem-sucedido;
  • Um artigo escrito para o Institute of Coaching, afiliado à Harvard, evidencia alguns efeitos nocivos que a prática pode ter sobre quem está sendo guiado e os próprios profissionais;
  • Uma das sugestões é que os coaches expliquem que há possibilidade efeitos colaterais.

O coaching executivo é uma opção popular para quem busca orientação em aprimoramento pessoal e de carreira. Esta é uma alternativa procurada constantemente porque tem sucesso quase sempre. 

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Mesmo em sessões de coaching bem-sucedidas, podem surgir problemas de envolvimento. Embora a pesquisa sobre esse assunto ainda esteja em evolução, um artigo escrito por Carsten Shermuly e Caroin GraBmann para o Institute of Coaching (IOC, órgão afiliado à Harvard) observa o efeito nocivo que o coaching pode ter sobre aqueles que estão sendo guiados e os próprios coaches.

Para os clientes que realizaram as sessões, os resultados negativos incluíam identificação de problemas fora do escopo do coaching, conflitos gerados por comportamentos modificados e a percepção de que o trabalho se tornou menos significativo. Tais fatores podem surgir porque o cliente chega a um novo entendimento de si e, por conta disso, essas mudanças podem entrar em conflito com suas ações e a forma como ele é percebido no local de trabalho.

Os aspectos que afetaram o desempenho negativo dos coaches contemplam incapacidade de se conectar efetivamente, falta de competência, má interpretação das avaliações e falha em entender a cultura organizacional do cliente. Esses são fatores que podem ser aprimorados por meio de um treinamento eficiente, bem como uma análise mais minuciosa sobre as características em comum entre o coach e o cliente.

Os próprios profissionais também sofreram efeitos negativos, como o fato de “serem pessoalmente afetados por tópicos em discussão”, medo de fracassar, dificuldades com a comunicação, exaustão emocional e antipatia pelos comportamentos dos clientes. Por mais que eles precisem manter uma postura profissional, este trabalho é uma experiência pessoal que pode ser mais emocionalmente desafiadora do que o pretendido.

Para melhorar o cenário, Shermuly e GraBmann têm sugestões que incluem a “criação de relacionamentos de coaching de qualidade”, nos quais os efeitos negativos podem ser abordados. Especificamente, os autores incentivam os coaches a explicar que “efeitos colaterais” não são incomuns. Em vista disso, os profissionais devem “estar preparados para as consequências negativas, como problemas mais profundos, conflitos com supervisores ou dependência do coach por parte do cliente”. Além disso, aqueles que conduzem as sessões devem se beneficiar daquilo que aconselham seus clientes a fazer: tornar o autocuidado uma prioridade.

Entre na zona de desconforto

Do meu ponto de vista, como um coach com duas décadas de experiência, este trabalho é projetado para desafiar as percepções e normas existentes. Por esse motivo, quando os indivíduos saem da zona de conforto, os efeitos nem sempre são agradáveis. Antes do início do compromisso, coaches precisam estabelecer uma  “química boa” com o cliente a fim de criar um espaço seguro para os problemas serem discutidos. O coaching só funciona quando há uma base sólida de confiança. Muitos dos problemas levantados pelos autores deste estudo poderiam ser reduzidos se o profissional e o cliente pudessem se conectar mais profundamente e se comunicar com mais honestidade.

Um tópico não discutido neste artigo é o fato de que nem todo cliente está disposto a aprender. Alguns passam pelo processo de coaching porque seu chefe os ordenou, ou muitas vezes, mas nem sempre, essas pessoas sentem que não são elas que têm problemas, e sim as outras. Tais crenças as tornam, como diz a autoridade global de liderança Marshall Goldsmith, “inacessíveis”.

Embora o artigo do IOC deixe claro que a pesquisa sobre os efeitos nocivos no coaching ainda se encontra em evolução, vale a pena ficar de olho. À medida que a prática desta profissão amadurecer, continuará a enfrentar tanto aspectos positivos como negativos. Descartar críticas é fracassar em aprender e, portanto, a continuidade do aprofundamento no estudo do coaching apenas tornará o exercício deste trabalho mais robusto e eficaz.

Uma vez que o coaching é uma prática de desafio constante, apesar de isso gerar desconforto, os profissionais e clientes podem aprender juntos com a experiência a fim de melhorar os resultados.

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