Cultura do cancelamento: como lidar com funcionários excluídos na empresa

26 de novembro de 2019
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O termo “cancelamento”, que significa banir uma pessoa de uma conversação ou círculo, é cada vez mais utilizado

Resumo:

  • O termo “cancelamento”, que significa banir uma pessoa de uma conversação ou círculo, é cada vez mais utilizado;
  • Muito comum nas redes sociais, essa cultura pode estar chegando também aos escritórios;
  • Neste caso, o comportamento pode configurar bullying e até assédio;
  • Saiba quais questionamentos fazer sobre a presença desse fenômeno em sua empresa e como resolver a situação.

Quando alguém é “cancelado”, significa que ele deixa de existir para a outra pessoa. Não há comunicação com eles ou sobre eles. No caso de uma figura ou uma instituição conhecida nacional ou internacionalmente, há um corte de qualquer atenção, dinheiro ou promoção. O termo “cancelado” é relativamente novo, e a mídia social tem contribuído para o aumento de seu uso, pois há muito poder para transmitir uma mensagem em um período tão curto de tempo.

Alguns acham que “cancelar” é necessário, uma maneira imediata de deixar alguém saber que seu comportamento não é aceitável. Em alguns casos, a pessoa “cancelada” é vista como alguém que demonstrou uma violação tão flagrante de comportamento que a única maneira de transmitir a mensagem é pelo ostracismo. Outros acham que “cancelar” não permite que as pessoas, principalmente as mais jovens, cometam erros de julgamento. Um comportamento que já foi aceito como um erro de julgamento digno de um pedido de desculpas agora é visto como uma razão para o fim da comunicação, e isso agora pode ser anunciado para todo o mundo em segundos por meio de um post nas mídias sociais. Além disso, segundo alguns estudos, expressar emoções fortes nas redes gera mais seguidores e compartilhamentos.

Pessoas “canceladas” formaram redes para encontrar apoio e aconselhamento. Este é particularmente o caso quando a situação foi iniciada por alguém movido por puro ciúme ou despeito, e no caso de influenciadores de mídia social, o “cancelamento” levou a uma perda significativa de renda e emprego. Em um caso, um autor precisou adiar a estreia de seu livro devido a uma reação nas contas do Twitter, muitos dos quais não haviam lido a obra.

Há um argumento de que “cancelar” não altera o comportamento de uma pessoa e nega a natureza inerente aos seres humanos. As pessoas raramente são totalmente boas ou más, elas são falhas. Foi postulado que agir dessa forma pode ser propagado por alguns como uma maneira de obter um senso de superioridade. Outros dizem que ficam calados por muito tempo, e “cancelar” é uma maneira de recuperar o poder.

No trabalho

Mas quando o “cancelamento” alcança o estigma de bullying? A natureza do comportamento inadequado é importante? E o que você faz quando é líder de uma empresa em que o “cancelamento” está sendo usado para excluir outras pessoas?

Se você ouvir em seu escritório que um funcionário foi “cancelado”, é importante resolver o problema diretamente. O “cancelamento” no escritório pode variar de um grupo que exclui propositadamente um colega de trabalho de um projeto e retém importantes comunicações, até a publicação de fotos e vídeos do colega nas mídias sociais. “Cancelar” é uma forma muito pública de vergonha. Quando uma pessoa é envergonhada nas mídias sociais, é fácil que outras se agrupem, principalmente quando são anônimas. 

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Primeiro, identifique quem se envolveu no caso e quem é o foco dessa situação. Qual foi o comportamento original que resultou na exclusão? Lembre-se de que se o “cancelamento” se qualificar como assédio, sua empresa poderá ser responsabilizada.

Às vezes, a situação é resultado de as pessoas não serem ouvidas pela gerência quando levantam objeções ao comportamento inadequado de uma pessoa. Você tem procedimentos para relatar comportamento ofensivo? Mais importante, sua empresa realmente segue esses procedimentos? Também há casos em que um alvo pretendido não se envolve em comportamentos que justifiquem “cancelamento”. Fingir que alguém não existe e, em seguida, fazer com que outros se juntem, é uma maneira de exercer poder. Existe uma estrutura de poder em sua empresa entre os colegas de trabalho? Existe um funcionário em especial que pode obter poder e satisfação ao colocar as pessoas umas contra as outras?

Os membros do seu conselho ou gerência exibem comportamentos de bullying? Alguns de seus funcionários estão aprendendo que esse é um comportamento aceitável? Como os supervisores estão tratando os funcionários? Se o comportamento de opressão ou intimidação estiver sendo praticado por um supervisor, os funcionários responderão em formas de protesto se sentirem que não estão sendo tratados de maneira justa ou que estão sendo humilhados. Mais uma vez, “cancelar” pode ser visto como uma maneira de recuperar o poder.

Mesmo que não esteja claro qual comportamento iniciou o “cancelamento” e quem iniciou o movimento, é importante que toda a empresa seja educada sobre como as pessoas devem ser tratadas no local de trabalho. Esse treinamento deve incluir o protocolo adequado para relatar comportamentos de bullying ou assédio. Também deve incluir informações sobre o comportamento apropriado das mídias sociais. Muitas companhias têm uma regra de que os funcionários não devem representar sua empresa nas mídias sociais, inclusive proibindo a publicação de fotos ou vídeos do local de trabalho ou de seus funcionários. Como a mídia social é um fenômeno relativamente novo na história dos negócios, muitos manuais de funcionários podem estar atrasados nesse âmbito. .

Agora sua empresa precisa seguir esses protocolos. A presença de um psicólogo organizacional, revisão da cultura empresarial e os protocolos existentes para adequação podem ajudar sua companhia a criar uma atmosfera de aceitação e respeito.

Um diálogo aberto entre as partes pode ser útil se a conversa for mediada por alguém treinado e imparcial. Novamente, é importante que a empresa assuma responsabilidade por acabar propagando desrespeito consciente ou inconscientemente entre os funcionários.

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