A tecnologia vem corroendo as fronteiras entre trabalho e casa há anos, mas a pandemia acelerou esse processo. Depois que o novo coronavírus exigiu o isolamento social, as casas se tornaram um lugar de demandas impossíveis. Nossa vontade de relaxar e estar com a família competem com demandas de cuidados infantis e e-mails de trabalho, tudo no mesmo espaço físico. O estresse é muito real e coloca as equipes em risco de desgaste e diminuição da produtividade.
Um recente estudo feito por pesquisadores da Universidade de Illinois incentiva as pessoas a definirem limites em suas vidas profissionais. A pesquisa afirma que, se os funcionários tiverem um senso de controle sobre as interferências do trabalho na vida pessoal, eles poderão lidar melhor com o estresse. E isso compensa em produtividade quando eles se envolvem novamente com o trabalho.
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A crença de que poder trabalhar em qualquer lugar nos torna mais produtivos é uma ilusão. É um erro fácil de cometer. Mas os alertas que ecoam em nossos smartphones realmente aumentam nosso estresse. De fato, a equipe responsável pela pesquisa que estuda o estresse ocupacional e o bem-estar dos funcionários ressalta que as notificações dos celulares criam “picos de estresse”. Isso contribui para humor negativo, reflexão sobre as atividades do trabalho e sono ruim. Quando as pessoas estão sob um cultura que exige disponibilidade a todo momento, elas começam a temer o trabalho.
O estresse no trabalho é pior se trabalharmos a qualquer momento.
A perda de produtividade no trabalho associada ao estresse crônico tem sido bastante estudada. Mas o corpo de pesquisa também tem crescido no que diz respeito à questão específica das demandas fora do horário de trabalho. Segundo o coautor do estudo Yihao Li, professor de relações trabalhistas, tal fenômeno está se tornando cada vez mais importante para os trabalhadores.
Todos nós sabemos a facilidade com que somos atraídos para responder um e-mail do nosso chefe ou resolver um problema para nosso colega de trabalho rapidamente. Pode levar apenas alguns minutos ou pode nos levar a um buraco de complexidade, mas cada interrupção afeta nossa capacidade de descanso. É assim que nosso cérebro funciona.
O problema é exponencial para os pais, que colocam a rotina de dormir de seus filhos em espera para lidar com as demandas do trabalho. Para a criança que não está aguardando o e-mail de trabalho dos pais, o evento é negativo. Elas ficam mais ansiosas e exigentes, uma vez que não sabem quando podem contar com a disponibilidade dos pais. Os efeitos são picos de estresse doméstico.
A conveniência dos celulares custa o preço de nossa saúde mental, a menos que tenhamos controle sobre os limites entre vida profissional e não profissional.
De acordo com o co-autor do estudo YoungAh Park, “a maioria das pessoas simplesmente não pode trabalhar sem um smartphone, tablet ou computador. Essas tecnologias são tão onipresentes e convenientes que podem levar algumas pessoas a pensar que os funcionários precisam estar sempre ativos ou sempre disponíveis. Claramente, esse tipo de intrusão após o expediente no domínio da vida doméstica ou pessoal não é saudável, e nossa pesquisa mostra que uma mente sempre ativa tem uma grande desvantagem na forma de aumento do estresse no trabalho”, disse ela em um comunicado à imprensa.
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Para estudar o impacto das intrusões no trabalho na vida fora do trabalho, os autores do estudo pesquisaram mais de 500 professores de escolas públicas em período integral durante cinco semanas. “Perguntamos sobre a interferência da tecnologia na rotina de trabalho semanal, especificamente durante o período fora do horário comercial – se eles deveriam responder a mensagens e e-mails relacionados ao trabalho imediatamente e se foram contatados sobre problemas relacionados ao trabalho depois do expediente”, disse YoungAh.
Mas por que estudar professores? “Descobrimos que a interferência após o horário comercial através da tecnologia pode ser realmente estressante para eles”, disse a pesquisadora. “Portanto, embora essa descoberta seja específica dos professores, uma classe de trabalhadores que pensamos que têm limites claros na vida profissional, agora é um problema para todos que estão conectados ao trabalho após o horário comercial.”
Se os professores usassem limites de tecnologia, como silenciar alertas de e-mails profissionais, eles sentiriam menos interferência do trabalho. Mas, enquanto eles não estipulam limites, eles desenvolvem pensamentos negativos sobre suas rotinas.
Se, no entanto, os diretores, que atuam como supervisores, enviassem uma mensagem de apoio ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, os professores se sentiriam confortáveis para estabelecer limites. Por outro lado, os pais, que exigem disponibilidade imediata dos professores, também são um grande fator de estresse.
O mesmo vale para o mundo corporativo. Se os supervisores comunicassem um apoio ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, os funcionários teriam uma maior sensação de controle. No entanto, no momento em que eles não enviam mensagens prestando atenção aos limites da vida profissional e e-mails urgentes às 21h30, os funcionários sabem que não têm esse controle. Mas se os funcionários têm “líderes que modelam comportamentos para o equilíbrio entre vida profissional e trabalho eficaz com os funcionários para resolver de forma criativa conflitos entre vida profissional e trabalho, isso se traduz em menos estresse.
Portanto, na próxima vez em que você quiser enviar um e-mail, programe para a parte da manhã. Ou diga ao seu colega de trabalho que você não espera uma resposta imediatamente, porque você estava escrevendo apenas para não esquecer. Mensagens de respeito pelo tempo um do outro contribuem bastante para reforçar uma cultura de trabalho saudável. E isso se traduz em uma equipe mais produtiva.
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