As empresas de Wall Street adoram contratar CEOs renomados, ex-presidentes, generais aposentados e treinadores famosos para dar palestras inspiradoras para a alta administração e funcionários comuns. Como filantropo e cofundador do The Carlyle Group –uma das maiores empresas de capital privado do mundo com US$ 221 bilhões em ativos sob gestão–, David Rubenstein participou de parte desses eventos apenas para descobrir que alguns dos palestrantes “não são os que mais brilham.”
“Eu meio que tive a ideia que talvez eu pudesse tornar o evento um pouco mais animado se os entrevistassem. Só pensei que poderia adicionar um pouco de humor”, Rubenstein conta à Forbes sobre a inspiração para seu último livro “How To Lead: Wisdom from World’s Greatest CEOs, Founders, and Game Changers” (“Como liderar: sabedoria dos maiores CEOs, fundadores e cambistas do mundo”, em tradução livre e sem lançamento em português).
Com base em dezenas de entrevistas que conduziu com executivos, políticos, líderes de pensamento e pioneiros da indústria nos últimos cinco anos, Rubenstein deseja que os leitores vejam todo o espectro ativo e passivo dos líderes, incluindo Bill Gates, Jeff Bezos, Tim Cook, os ex-presidentes norte-americanos Bill Clinton e George W. Bush, a juíza Ruth Bader Ginsberg e Oprah, que inspirou Rubenstein a ser um ouvinte melhor. “Esperançosamente, você terá uma liderança melhor em tudo isso”, diz ele, com o objetivo de inspirar as gerações mais jovens a serem líderes.
“Qual será um dos legados que posso deixar para as pessoas e meus filhos? Talvez eu possa ter alguns livros”, diz o bilionário que publicou sua primeira coletânea de entrevistas, “The American Story” (“A história americana”, em tradução livre e sem lançamento em português), no ano passado. Leitor insaciável que lê “seis jornais por dia, pelo menos uma dúzia de periódicos semanais e pelo menos um livro por semana”, Rubenstein acredita que uma vida inteira de curiosidade é essencial para um bom líder.
Para aqueles que desejam alcançar o topo rapidamente, não há atalho para se tornar um líder, diz Rubenstein. Refletindo sobre sua entrevista de 2017 com o cofundador da Nike, Phil Knight, ele escreve que a visão original de Knight de abrir uma empresa de calçados esportivos não foi o único fator de seu sucesso. Também era a disposição do cofundador “trabalhar muitas horas –e sofrer as falhas e crises ocasionais– para tornar essa visão uma realidade e, nos últimos anos, entregar a operação a gerentes experientes que pudessem desenvolver ainda mais a empresa.”
Além das entrevistas, Rubenstein também lista 12 pilares para ser um bom líder: sorte, desejo de sucesso, busca de exclusividade, trabalho árduo, foco, persistência, persuasão, humildade, compartilhamento de crédito, capacidade de manter o aprendizado, integridade e falha. Rubenstein, que tem um patrimônio avaliado em US$ 3,2 bilhões, admite que seu maior erro comercial foi vender o investimento de US$ 80 milhões da Carlyle na Amazon logo após seu IPO em 1996. Ele diz que essa participação valeria, atualmente, cerca de US$ 4 bilhões.
Finanças à parte, 2020 foi um ano devastador àqueles que se espelharam em líderes –na política, negócios, esportes e entretenimento– em busca de clareza e esperança. Rubenstein acredita que os que entendem de humildade e se mostram à altura serão os lembrados por suas ações, como o falecido congressista e líder dos direitos civis John Lewis, e o Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas.
“Tony Fauci está sozinho”, diz Rubenstein. “Ele foi golpeado por diversas pessoas e algumas o criticam por vários motivos, mas ele permaneceu e lutou pelo que acredita serem princípios muito bons.”
Outro líder que teve de se apresentar em 2020 e foi entrevistado por Rubenstein no ano passado é o comissário da NBA, Adam Silver. “Quem não ficaria chateado quando as pessoas são atingidas pelas costas ou mortas sem motivo aparente?” Rubenstein comenta sobre o ataque em toda a liga após o alvejamento de Jacob Blake em Kenosha, Wisconsin. “Acho que o mundo reconheceu que não se pode ignorar os protestos dos jogadores só porque são atletas. Agora, todos percebem que é provavelmente um erro fazer o que a NFL fez em termos de não deixar Colin Kaepernick voltar a jogar.”
Um nome que não fez parte da nova coleção de Rubenstein é Donald Trump. “Entrevistei o presidente Trump antes de ele ser presidente do Economic Club of Washington, e foi aí que ele me disse que se candidataria à presidência”, disse Rubenstein, que achou a entrevista datada demais para ser incluída no livro. “Eu estava surpreso. Eu realmente não acreditei que ele faria isso nem achei que ele fosse conseguir. E ele fez.”
Ao contrário de Trump, Rubenstein não se imagina na arena política tão cedo. “Ainda sou um jovem pelos padrões dos candidatos à presidência, então talvez eu seja um pouco jovem demais para concorrer agora”, disse o investidor de 71 anos, em comparação a Trump, com 74 anos, e Biden, aos 77 anos. “Mas, falando sério, acho que há muitas pessoas que provavelmente são mais jovens e fariam um trabalho melhor.” Esperançoso com o futuro próximo, ele diz que o país terá um novo começo em 2021 após uma vacina contra a Covid-19 e as eleições.
Relembrando uma conversa recente que teve com o jurado do programa “Shark Tank”, o bilionário Mark Cuban, Rubenstein diz que espera que as pessoas criem grandes empresas após a Covid-19, priorizando diversidade e inclusão, filantropia e impacto social, bem como lucros. “Se você está pensando em fazer algo empreendedor”, diz Rubenstein, “faça isso mais cedo ou mais tarde”.
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