Agora que não trabalho mais no meu consultório, localizado do outro lado da cidade, as sessões de terapia online economizaram meu tempo de deslocamento, além de oferecer outras vantagens. Não me sinto tão apressado para sair pela porta e tenho sido capaz de trabalhar sem ter que cancelar compromissos devido ao mau tempo ou porque algum paciente testou positivo para Covid-19. Apesar disso, muitos profissionais em home office contam uma história diferente, citando prós e contras para saúde mental desde que começaram a trabalhar em casa, o que tem sido um apelo aos líderes empresariais.
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Já se passaram meses desde que a pandemia obrigou os funcionários a entrarem em um período prolongado de trabalho remoto. Existem vantagens e desvantagens, mas a transição repentina tornou o ajuste difícil para muitas empresas.
Um novo estudo da empresa Stoneside entrevistou mais de 1 mil funcionários remotos para saber o que as empresas estão fazendo para ajudar aqueles que trabalham em casa. No geral, os funcionários se sentiam bem com a cultura da empresa antes da pandemia, com 77,7% dizendo que a classificariam como positiva, embora a Covid-19 tenha causado impactos nas relações.
Pessoas que trabalhavam presencialmente antes da quarentena tinham três vezes mais chances em comparação àquelas que já estavam acostumadas com o home office de dizer que a cultura da empresa estava pior desde o início da crise sanitária. Quase 92% das pessoas já acostumadas com o trabalho remoto disseram que a cultura da empresa permaneceu a mesma ou melhorou. Para elas, esse momento provavelmente não abalou a rotina de trabalho tanto quanto abalou a rotina daquelas que tiveram que se adaptar com o novo sistema.
Quase 56% dos entrevistados disseram que a pandemia prejudicou seu relacionamento com a equipe. Dada a quantidade de estresse que esse período gera, não é exagero pensar que isso impacta até mesmo as melhores relações de trabalho. Quase 43% das pessoas que não trabalhavam remotamente disseram que estão interagindo menos com colegas. Os entrevistados que já faziam home office disseram que estavam interagindo mais com os colegas de trabalho desde a pandemia. Isso indica que os funcionários que já possuíam sistemas e hábitos de comunicação enquanto remotos são bem mais equipados para manter essas conexões em uma crise. Além disso, os eventos de socialização virtual não parecem ser amplamente adotados, com apenas 31,8% das pessoas relatando ofertas da empresa de happy hours virtuais, 29,7% com chats de café e 24,8% com jogos ou curiosidades.
Quando questionados sobre as vantagens, recursos e iniciativas que o empregador ofereceu durante o isolamento social para ajudar a manter a cultura da empresa e tornar a transição para o trabalho remoto mais fácil, apenas 39% disseram que foi fornecido recursos de saúde mental. Os funcionários sentiram que as ofertas mais eficazes nesse momento eram remunerações extras (36%), ajuda psicológica e programas de bem-estar (33%).
Aqueles que disseram que a empresa estava pior tinham duas vezes mais chances de dormir pouco e ter problemas de saúde mental do que os funcionários cujas culturas da organização permaneceram iguais ou melhoraram. Apesar disso, os mais estressados são aqueles que trabalham em companhias que dispensaram funcionários ao longo da pandemia.
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O futuro da saúde mental no local de trabalho
O trabalho remoto não vai acabar tão cedo. Segundo uma pesquisa da Enterprise Technology Research, dos Estados Unidos, a porcentagem de trabalhadores remotos em tempo integral em todo o mundo dobrará de 16,4% antes do surto do novo coronavírus para 34,4% em 2021. Muitos líderes empresariais, como Mary-Clare Race, diretora de inovação da LHH, insiste que essa crise exige que as empresas façam do bem-estar uma prioridade: “Com escritórios agora totalmente virtuais, a maioria das corporações, gerentes e lideranças sêniores está incumbida do novo desafio de priorizar a saúde mental remotamente.”
Uma das maneiras pelas quais as empresas podem apoiar a saúde mental é encorajar a equipe a tirar o máximo proveito dos dias dedicados ao tema e das férias. Mas uma nova pesquisa da Skynova com 1 mil funcionários mostra que isso não está acontecendo, já que 54% dos entrevistados estão apreensivos em pedir licença adicional por medo de ficar para trás.
Claire Barnes, vice-presidente sênior de recursos humanos do site Monster Worldwide, fala sobre essas descobertas. “Muitas empresas, incluindo a nossa, fizeram um esforço para reforçar a importância de fazer uma pausa. Nós adicionamos dias de folga e de saúde mental para encorajar ainda mais os funcionários a descomprimir e tirar um tempo merecido para eles.” Para este fim, líderes de negócios como Jamie Coakley, vice-presidente da empresa de suporte de TI Electric, passaram a ter menos horas de trabalho e mais tempo livre como possibilidades para 2021. “As empresas que celebram folga e descanso se tornarão a norma.” Coakley também previu que o acesso à terapia, meditação e formas alternativas de bem-estar serão benefícios essenciais neste ano.
Para atender à demanda do trabalho remoto, Ray Grainger, cofundador e CEO da Mavenlink, acredita que as companhias devem garantir que os funcionários obtenham os softwares adequados para cumprir seus objetivos. E Yoav Landman, cofundador e CTO da JFrog, concorda que todos precisam acessar as ferramentas necessárias para continuar fazendo seu trabalho, independentemente de sua localização.
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