O momento pós-pandemia não trará apenas traumas e memórias difíceis. Estudos conduzidos pela empresa americana de pesquisa e análise de mercado The Harris Poll, que reuniu 55 pesquisas com mais de 114.000 entrevistados, mostram uma nova lista prioridades da população para o futuro, realizado pelo Waking Up, app voltado à compreensão da mente. Nos resultados, boas notícias emergem das descobertas.
Otimismo
Segundo as pesquisas, 64% dos participantes dizem que o pior já passou, percentual que apresentou melhora em relação a levantamentos realizados no início do ano. Além disso, 58% das pessoas apontam que conseguem ver “ luz no fim do túnel”, um visível avanço em relação ao início do ano, quando 71% das pessoas pensavam que o pior ainda estava por vir.
As respostas também indicam que os entrevistados passaram a valorizar o que é mais importante, com 41% das pessoas dizendo que descobriram “as coisas na vida que realmente importam” e 46% apontam: “Aprendi a gostar das pequenas coisas”.
Mais próximos da família
De acordo com os estudos, também reforçamos nosso apreço pela família em tempos difíceis. Uma grande maioria (72%) diz que a família é mais importante agora do que antes da pandemia. E os adultos entre 35-54 anos (78%) têm maior probabilidade de se sentirem assim. Além disso, boa parte das pessoas se sentem gratas: 68% dizem sentir gratidão por suas famílias, relacionamentos e os sacrifícios feitos diante do coronavírus, superando os índices daqueles que dizem alimentar sentimentos de raiva (43%) ou irritação (26%). Dos entrevistados, 53% também afirmam que “aprenderam a viver melhor com as pessoas que dividem a casa”.
Também há evidências de que as pessoas se tornaram mais seletivas em relação a amizades. De acordo com 57%, suas redes sociais tornaram-se menores, mas também mais conectadas. E 31% relatam que identificaram com quem mais podiam contar em seu círculo social. Além disso, 43% dos questionados declararam estar planejando maior aproximação com amigos e familiares após a pandemia. E 46% estão mais propensos a se reconectar com pessoas com quem perderam contato, em comparação com suas intenções antes da pandemia. A maioria (62%) espera que as amizades se tornem mais próximas no futuro.
A pandemia também colocou a qualidade das amizades em maior relevo. Mais de 30% perceberam que não querem passar tempo com amigos que não agregam valor às suas vidas e 48% abandonaram amizades que não serviam mais.
O poder da comunidade
As pessoas estão relatando que a sua comunidade é cada vez mais importante. Entre os entrevistados, 38% declararam valorizar mais a comunidade agora, em comparação com as suas prioridades antes da pandemia. Pouco menos da metade (45%) diz que a religião e as conexões com a sua comunidade religiosa ficaram mais importantes, e 45% dos entrevistados afirmam que também se tornaram mais próximos de seus vizinhos. Na verdade, 67% estão se sentindo mais empáticos e reservando um tempo para se dedicar às pessoas ao seu redor. Isso também está alinhado com as doações: 76% das pessoas planejam continuar a apoiar as instituições de caridade a que deram suporte durante a pandemia.
Impacto: A neurociência demonstra que estamos preparados para conexões e que, quando temos relacionamentos positivos com outras pessoas, nossos cérebros liberam substâncias químicas que nos dão bem-estar. Além disso, a empatia faz parte da condição humana – sentir pelos outros e expressar cuidado – e há evidências significativas de que é benéfica. Passar por tempos difíceis oferece uma janela para as necessidades humanas e também abre uma oportunidade para desenvolvermos compaixão e ações para ajudar os outros.
Quando passamos por tempos críticos, somos forçados a enfrentar e explorar novas capacidades, o que também pode motivar novos sentidos de exploração e aventura. Viajar é uma forma de conseguir atingir esses estados, e 37% das pessoas dizem que viajar é mais importante para eles agora do que antes da pandemia. A aventura também está em suas mentes: 16% dos entrevistados afirmaram estar mais propensos a fazer paraquedismo no momento atual, em comparação com antes da pandemia.
As pessoas estão interessadas em aumentar suas habilidades e aprender coisas novas. Foram relatados interesses em desenvolver uma infinidade de talentos, desde habilidades culinárias ao aprendizado de guitarra. Isso é evidenciado pelos mais de 50 milhões de matrículas em cursos de plataformas como o Coursera, um aumento de 444% em relação ao ano anterior.
Impacto: Quando estamos mais felizes, tendemos a definir metas maiores e probabilidades mais altas de alcançá-las. Além disso, quando nos esforçamos, tentamos coisas novas e resolvemos problemas fora da nossa zona de conforto. Tendemos a prosperar e a sentir mais felicidade. A pandemia abriu portas para a expansão do pensamento e uma maior tendência de exploração – o que é um bom presságio para nossas experiências positivas.
Saúde antes de tudo
A saúde física também está no radar. Uma grande maioria (71%) das pessoas afirma que a saúde física é mais importante agora do que antes da pandemia. Os entrevistados na faixa etária de 35-54 (76%) têm maior probabilidade de relatar essa prioridade. No geral, 42% esperam se manter mais fisicamente ativos no futuro.
Impacto: O bem-estar é holístico, abrangendo saúde física, cognitiva e emocional, e é fundamental para a nossa felicidade e realização como seres humanos. Maior resiliência mental e emocional e maior compromisso com hábitos construtivos têm impactos positivos nas pessoas e também nas comunidades.
Carreiras em revisão
As pessoas estão reconsiderando as suas carreiras. Muitos entrevistados (43%) disseram que a carreira é mais importante agora do que antes da pandemia. Essa redefinição de prioridades fez com que alguns repensassem a satisfação com seus empregos atuais, com 23% dizendo que é mais provável abandonarem seus empregos em comparação com antes da pandemia. Esse sentimento é mais prevalente entre os homens (27%) e naqueles com idades entre 18 e 34 anos (30%).
Impacto: O trabalho é fundamental para contribuir com nossas habilidades, talentos e dons, fornecendo um propósito mais amplo. O “efeito lufada de ar fresco”, detectado nas pesquisas, sugere que podemos estar sentindo um desejo de expandir nossas contribuições profissionais ou encontrar uma “grama mais verde” em outra organização. Este é um momento para todos os tipos de novos começos, inclusive para o nosso trabalho.
Resumindo
Todos nós tivemos altos e baixos durante a pandemia. Às vezes parece que estamos lidando de forma admirável e outras vezes podemos nos sentir pessimistas ou cínicos. Mas, no geral, as notícias são boas e todos nós podemos nos reinventar e prosseguir com otimismo e esperança. Explorar lugares desconhecidos, desenvolver habilidades, experimentar novas experiências (como paraquedismo) e expandir nossas carreiras são ações que podem aumentar a riqueza de nossa experiência. Mas, ainda mais significativo, é que estamos com as conexões renovadas com o nosso pessoal, nova intencionalidade em relação ao nosso bem-estar, e com a resiliência expandida. Todas essas premissas sugerem um futuro muito brilhante para todos nós.