Butler se viu naquela situação, já que não apenas os dois homens são negros, mas apenas alguns dias antes, ele se tornou CEO da Exelon, outra grande empresa de serviços públicos de capital aberto. “No dia em que aconteceu, enviei uma mensagem para Chris e disse: ‘Estou orgulhoso de você e feliz por nós’”, disse Butler à Forbes. “Nós”, segundo ele, se refere a todos os negros dos EUA.
Butler e Womack juntam-se a Lloyd Yates, que se tornou CEO da empresa americana NiSource no ano passado, como membros de dois grupos históricos. Quando Womack iniciar seu novo trabalho na Southern Co. em maio, ele será o oitavo CEO negro entre as empresas do índice S&P 500, que reúne as maiores companhias de capital aberto dos EUA.
“Acho que é uma coincidência”, disse Yates à Forbes. “Acho que foi apenas um momento em que houve muita transição de CEOs no setor e sei que nós três estávamos preparados.”
Mais CEOs negros
Não é sempre que executivos negros têm a oportunidade de liderar as maiores corporações dos Estados Unidos. Entre 2000 e 2020, houve 16 novas nomeações de CEOs negros, de acordo com Richie Zweigenhaft, professor emérito de psicologia do Guilford College, na Carolina do Norte, que estuda diversidade executiva. Desde 2020, no entanto, houve pelo menos cinco novas nomeações de CEOs negros no S&P 500, um ritmo acelerado.
Os outros CEOs negros das empresas do índice são Rosalind “Roz” Brewer da Walgreens Boots Alliance, Marvin Ellison da Lowe’s LOW, René Jones do M&T Bank, Craig Arnold da empresa industrial Eaton, e Frank Clyburn da companhia de materiais International Flavors & Fragrances IFF.
O caminho até as cadeiras de CEOs
Womack, Butler e Yates, cada um com mais de 20 anos de experiência no setor, disseram que não viram muitos executivos negros à medida que avançavam em suas carreiras. Ainda assim, eles foram capazes de trilhar seus caminhos para o topo, adquirindo experiência em várias funções e sendo guiados por pessoas em cargos mais altos.
“Todo mundo consegue uma boa educação e experiência”, disse Yates. “Mas acho que o verdadeiro diferencial é um mentor que vai te vender e falar de você quando você não estiver na sala. Isso faz uma grande diferença.”
Para Yates, 62 anos, o caminho para se tornar CEO parecia quase fechado alguns anos atrás, quando dirigia uma divisão da Duke Energy, em 2019.
“Ninguém chega com tudo perfeito, mas acho que tive muitas experiências diferentes ao longo de um período de 30 anos”, disse Yates. “Então, quando o conselho analisou isso, todas essas características me ajudaram.”
Womack, 65 anos, começou sua carreira na década de 1980 como assessor legislativo do então congressista e posteriormente secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta. Em 1988, ele assinou contrato com a Southern Co., onde fez carreira e chegou a cargos de alto escalão em vários departamentos, incluindo assuntos externos, produção de energia e recursos humanos.
A Southern Co., com sede em Atlanta, é a maior das três empresas de serviços públicos, com US$ 29,3 bilhões (R$ 152 bilhões) em receita em 2022 e 9 milhões de clientes. Womack disse que nunca buscou ser CEO. “Meu foco sempre foi fazer um bom trabalho.”
Segundo ele, houve dois marcos que foram fundamentais na sua jornada até o topo. O primeiro foi estabelecer um relacionamento com o ex-CEO de serviços públicos Robert Viets.
O segundo foi aceitar uma oferta para administrar uma das fábricas de uma gráfica de Illinois no início dos anos 2000. “Foi fundamental para mim sair da equipe corporativa para administrar um negócio”, disse Butler. Ele está na Exelon desde 2008 e foi CEO de duas subsidiárias da empresa antes de ser nomeado diretor de operações no ano passado.
CEOs negros ainda estão à frente de menos de 2% das empresas do S&P 500. Mesmo assim, as três promoções em um período tão próximo mostram que o mercado corporativo dos EUA está mudando, disse JT Saunders, diretor de diversidade da empresa de consultoria de gestão Korn Ferry.
(traduzido por Fernanda de Almeida)