Para muitos millennials e jovens da geração Z, perseguir um propósito pode significar deixar o escritório presencial para trás para sempre
O cenário econômico continua incerto, especialmente após os recentes desafios bancários e demissões contínuas no setor de tecnologia. A instabilidade em ramos tradicionalmente populares para jovens em busca de emprego parece estar tendo um impacto, com muitos agora considerando caminhos alternativos na formação de suas carreiras.
De acordo com uma pesquisa de fevereiro de 2023 da marca norte-americana de roupas corporativas Carhartt, com mais de mil jovens millennials e da geração Z, quase metade (48%) dos entrevistados expressaram incerteza em suas carreiras futuras. Uma porcentagem semelhante (44%) relatou que “encontrar um emprego que se alinhe com meus valores” foi o principal desafio no mercado de trabalho atual.
Esse mesmo relatório também revelou outra visão sobre a mentalidade de carreira dos jovens: 85% da geração Z e dos millennials estão pelo menos um pouco abertos a um trabalho no ramo de conservação da natureza ou ao ar livre. Isso decorre do fato de que, para 46% dos jovens entrevistados, ter que ficar sentado por 8 horas todos os dias é a maior desvantagem de um ambiente de escritório tradicional. A falta de ar puro (24%) e a falta de aventura (24%) também foram os principais aspectos ausentes nos ambientes corporativos tradicionais.
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“Ao trabalhar em um escritório, algumas pessoas podem se sentir como ‘apenas um número’ e isso pode não ser gratificante para os mais jovens, muitos dos quais demoraram a entrar no mercado de trabalho devido à pandemia e não estão tão acostumados com o tradicional horário comercial”, diz Linda Hubbard, presidente e COO da Carhartt. “Quando você pensa sobre isso, o trabalho ocupa um terço de nossas vidas – possivelmente mais se você trabalhar mais de 8 horas por dia. Isso é um grande investimento de tempo. As gerações mais jovens, que descobrimos serem tipicamente mais orientadas para um propósito, estão olhando para esse investimento de tempo e questionando como seu trabalho contribui para o bem maior”.
Em resposta a essa tendência, a Carhartt fez parceria com a NPF (National Park Foundation) para lançar uma nova campanha de conscientização pública que destaca as oportunidades de trabalho em preservação e proteção dos parques nacionais dos EUA para as gerações atuais e futuras. O objetivo da campanha é aumentar a conscientização sobre os mais de 500 empregos entre as organizações locais do Service Corps em todo o país. A Forbes entrevistou Lise Aangeenbrug, diretora de programas do NPF, para obter algumas informações adicionais sobre a oportunidade que tem atraído a atenção dos jovens.
Saindo do escritório
Graças à pandemia, muitos de nós nos acostumamos a trabalhar remotamente. Alguns jovens que entraram no mercado de trabalho naquela época podem nunca ter trabalhado presencialmente em um escritório. Como resultado, eles podem se sentir desconfortáveis agora que devem voltar ao trabalho presencial.
“Acho que trabalhar em casa e em modelos híbridos acelerou essa percepção para os jovens que passaram muito tempo na frente da tela do computador durante a pandemia”, diz Hubbard. “Acredito que é da natureza humana querer se movimentar e explorar o mundo ao nosso redor – e certos empregos podem fornecer um meio para fazer isso.”
Hubbard diz que a vantagem de trabalhar em empregos especializados é que você geralmente trabalha em diferentes locais de trabalho de semana para semana.
“Muitos desses trabalhos são considerados ‘essenciais’ e contribuem para as necessidades básicas das pessoas comuns, seja na construção de uma rodovia que conecta cidades, na execução de trabalhos elétricos para abastecer um bairro inteiro – ou, no caso da iniciativa da NPS, construindo trilhas e contribuindo para a preservação de locais históricos para manter os parques nacionais bonitos e identificáveis”, diz a presidente e COO da Carhartt. “Esses empregos são importantes e acho que os jovens verão seu valor ao considerar futuras oportunidades de carreira.”
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Novas alternativas para as formações tradicionais
Curiosamente, a pesquisa da Carhartt descobriu que 3 em cada 4 (76%) pessoas da geração millennial e da geração Z concordam que mais jovens americanos devem considerar cursos profissionalizantes e técnicos em vez de estudar para um diploma universitário acadêmico de quatro anos.
“Ao longo dos anos, as gerações mais jovens testemunharam ou experimentaram em primeira mão a dívida de ter empréstimo estudantil envolvido nos cursos universitários tradicionais e o fardo que essa dívida impôs à força de trabalho americana – fazendo com que muitas pessoas adiassem grandes momentos da vida como comprar uma casa, casar e constituir família”, diz Hubbard.
Ela ressalta que a busca por uma educação profissionalizante e técnica muitas vezes vem com menos investimento financeiro e abre um caminho para os jovens começarem a ganhar dinheiro e escapar da dívida do empréstimo estudantil de maneira mais rápida.
“À medida que as gerações mais jovens buscam mais propósito em suas carreiras, elas procuram mais empregos que forneçam os serviços essenciais de que este país precisa para construir um futuro melhor”, diz Hubbard.
Trabalhos com propósito maior
Quando se trata de encontrar um propósito maior para suas carreiras, 74% dos millennials e da geração Z disseram que a mudança climática e/ou do meio ambiente é uma das principais preocupações de sua geração e das gerações futuras. Além disso, 92% dos entrevistados em todas as gerações concordaram que é importante preservar os parques nacionais dos Estados Unidos para as gerações futuras.
Para muitos jovens, perseguir um propósito pode significar deixar o escritório presencial para trás para sempre. E isso é bom.
* Mark C. Perna é colaborador da Forbes USA. Ele é dono de uma empresa de consultoria corporativa e escreve sobre a transformação geracional do mercado de trabalho.
(Traduzido e adaptado por Gabriela Guido)
