Muita coisa mudou desde essa data – há novas cepas da doença, novas aprovações de vacinas e medicamentos e dezenas de milhares de novos estudos científicos. Para que os chatbots sejam úteis no mundo da medicina, eles precisam ter acesso às pesquisas mais recentes.
Com investimento de US$ 32 milhões (R$ 151 milhões), quase uma dúzia de funcionários com doutorados (ou candidatos a um) e um supercomputador no deserto de Nevada, Daniel Nadler tem trabalhado para resolver esse problema com sua nova startup OpenEvidence.
Nadler, 40 anos, basicamente fornece à IA acesso a um novo conjunto de dados antes de responder à pergunta feita pelo usuário – um processo que os cientistas da computação chamam de “geração aumentada de recuperação”.
Se você perguntar ao chatbot da OpenEvidence sobre a questão das vacinas e a nova variante da Covid, ele responde que “estudos específicos sobre essa variante são limitados” e inclui informações de pesquisas publicadas em fevereiro e maio de 2023 com citações. A principal diferença, diz Nadler, é que seu modelo “pode responder com um livro aberto, ao contrário de um livro fechado”.
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Do mercado financeiro à saúde
Durante a pandemia, quando o número de estudos científicos sobre a Covid-19 aumentou de zero para dezenas de milhares em poucos meses, Nadler percebeu que os profissionais de saúde enfrentavam um problema semelhante ao dos traders: como separar informações confiáveis e importantes do barulho?
Ele logo descobriu que isso não valia apenas para os estudos da Covid, mas para o campo médico de forma mais ampla, já que são publicados cerca de dois artigos científicos por minuto. “A base do problema era idêntica”, diz Nadler. “Uma sobrecarga de informações e a necessidade de triagem dessas informações e de usar computadores para fazer isso.”
Potencial de negócios de inteligência artificial e saúde
Investidores de capital de risco aportaram mais de US$ 46 bilhões (R$ 217 bilhões) em startups de inteligência artificial e aprendizado de máquina com foco em saúde nos EUA na última década, de acordo com dados da empresa de finanças PitchBook. O investimento atingiu um pico de US$ 13,4 bilhões (R$ 63 bilhões) em 2021 e caiu para US$ 10,3 bilhões (R$ 48,6 bilhões) em 2022. As startups levantaram US$ 3 bilhões (R$ 14 bilhões) em 205 negócios até agora este ano.
A OpenEvidence está tentando assumir o grande banco de dados usado por dois milhões de profissionais de saúde em todo o mundo, chamado UpToDate, da empresa de dados global com sede na Holanda, Wolters Kluwer.
Para Nadler, seu negócio, que usa a inteligência artificial, tem uma vantagem em relação a plataformas que são editadas por humanos, como o UpToDate. A OpenEvidence é interativa em vez de uma página estática de texto, o que significa que os usuários podem adaptar suas perguntas a cenários específicos de pacientes e fazer acompanhamentos, em vez de ter que ler grandes textos. Ele também pode digitalizar dezenas de milhares de periódicos em comparação com centenas.
A OpenEvidence está recolhendo informações de mais de 35 milhões de artigos científicos. Nadler diz que vasculha a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, que tem mais de 31 mil periódicos revisados por pares, várias vezes ao dia. Segundo ele, há cerca de 24 horas de atraso para processar os novos artigos de periódicos e colocá-los no sistema.
Limitações
Até agora, o uso da OpenEvidence é gratuito para os primeiros usuários, profissionais médicos licenciados. Antonio Forte, professor de cirurgia plástica na Mayo Clinic, e membro do conselho consultivo médico da OpenEvidence, diz que a maior diferença ao usar a OpenEvidence nas últimas semanas foi a economia de tempo. Em vez de ter que ler o equivalente a um capítulo de livro, ele pode obter uma resposta “em 30 segundos, não em 10 minutos”.
Nadler diz que ainda não se decidiu sobre um modelo de receita para a sua empresa. Ele está entre os modelos de assinatura e anúncios, mas está inclinado para uma mistura dos dois. De uma coisa ele tem certeza: a OpenEvidence não se tornará um chatbot para o paciente comum. “Existe um limite muito claro para qualquer dano que possa advir do uso da tecnologia para um paciente, porque vai estar sempre sendo intermediado por um profissional.”
Com colaboração de Kenrick Cai