
Empresas demonstram um crescente descontentamento com alunos egressos das faculdades mais antigas e renomadas dos Estados Unidos. Em uma pesquisa da Forbes respondida por mais de 380 profissionais em cargos de liderança – incluindo executivos C-level, vice-presidentes e outros gestores de grandes companhias —, 37% afirmam que estão menos propensos a contratar graduados de universidades da Ivy League do que há cinco anos. Isso representa um aumento em relação aos 33% que afirmaram o mesmo no ano passado.
Outros 12% dizem que jamais contratariam um profissional formado por alguma universidade da Ivy League (grupo composto por algumas das mais conceituadas instituições de ensino dos EUA: Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Penn, Princeton e Yale).
Os entrevistados apontaram atitudes dos graduados, como a falta de humildade, como pontos problemáticos. “Acredito que os graduados da Ivy League são supervalorizados e frequentemente têm uma opinião inflada de si mesmos”, disse um executivo C-Level. “Candidatos a cargos de entrada devem estar dispostos a aprender, não ter ego ou se acharem ‘superiores’ por causa da faculdade em que estudaram”, afirmou outro entrevistado.
Então, se o mercado não está satisfeito com os profissionais formados nas principais universidades privadas dos Estados Unidos, para onde empregadores, estudantes e pais estão olhando agora?
Pelo segundo ano consecutivo, a lista Forbes New Ivies selecionou 10 universidades americanas públicas e 10 privadas que estão atraindo os melhores alunos e formando estudantes que estão superando a maioria dos graduados da Ivy League aos olhos das empresas.
Confira as 20 faculdades públicas e privadas que estão desbancando a Ivy League nos EUA:
*Fonte: Centro Nacional de Estatísticas da Educação e sites das universidades
Muitas dessas universidades estão aparecendo na lista pela segunda vez. É o caso da Universidade Johns Hopkins, a Universidade Northwestern e a Universidade de Michigan, por exemplo.
Mas, este ano, surgem seis novatas: a Universidade de Washington em St. Louis, a Universidade Tufts em Massachusetts, a Universidade Purdue em Indiana, a Academia Militar dos Estados Unidos em West Point, a Universidade de Pittsburgh e a William & Mary na Virgínia.
As novatas na lista das New Ivies
Faculdades públicas
Academia Militar dos EUA
De todas as faculdades públicas listadas, a Academia Militar dos Estados Unidos obteve a maior pontuação entre os empregadores. Em vez de estudantes, a escola de West Point matricula cadetes. A maioria das aulas é ministrada por oficiais militares, frequentemente com experiência em combate.
A matrícula é gratuita para todos — que se formam como tenentes no Exército dos EUA — e devem cumprir cinco anos de serviço ativo e três anos na reserva após a formatura. Ainda assim, a faculdade tem as características de uma típica graduação — com 4,5 mil alunos ao ano, oferece 15 times de esportes masculinos e 9 femininos, um campus arborizado no Vale do Rio Hudson, em Nova York, e uma gama de opções de estudo nas artes e ciências, desde inglês e filosofia até física e ciência da informação geoespacial.
William & Mary
Para estudantes que procuram uma universidade histórica com prédios de tijolos centenários e um campus arborizado, a faculdade William & Mary, fundada em 1693, é uma excelente opção. Das dez universidades públicas na lista da Forbes, a escola em Williamsburg, na Virgínia, é a mais parecida com as da Ivy League. A universidade matricula 7 mil estudantes de graduação — mil a menos que Brown e Princeton — e é mais antiga do que qualquer outra universidade americana, exceto Harvard. A maioria dos alunos segue um currículo equilibrado de artes e ciências.
Universidade de Purdue e Universidade de Pittsburgh
As outras duas novatas no ranking das New Ivies — Universidade de Purdue e Universidade de Pittsburgh — se destacam entre as universidades públicas. Purdue, em West Lafayette, Indiana, matricula mais de 56 mil estudantes (uma parte deles estuda online), e Pittsburgh matricula 35,6 mil estudantes.
Faculdades privadas
Universidade Tufts
Novidade na lista das New Ivies privadas deste ano, está a Universidade Tufts em Somerville, Massachusetts. Entre os ex-alunos, estão o fundador do Ebay, Pierre Omidyar, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, e a cantora e compositora Tracy Chapman. A universidade matricula quase 7 mil estudantes de graduação e 5,5 mil na pós-graduação, sendo conhecida por seus programas de estudos internacionais, ciência da computação e medicina.
Universidade de Washington
Também se juntando à lista deste ano está a Universidade de Washington em St. Louis, uma faculdade de pesquisa que matricula 7,3 mil estudantes de graduação e 6,9 mil estudantes de pós-graduação, sendo elogiada por seus programas de medicina. Segundo especialistas, Tufts e Washington são ótimas opções para estudantes que buscam as Ivies, mas talvez não consigam uma vaga.
“A crescente reputação dessas universidades também expandiu o número de candidatos, atraindo estudantes que antes se concentravam exclusivamente nas Ivies”, diz o conselheiro universitário Adam Nyguen sobre Tufts, Washington e William & Mary.
Em 2024, William & Mary recebeu 17.799 inscrições — um aumento de 25% em relação aos números de 2020. Na Universidade de Washington, 2024 foi o ano mais difícil para as admissões — 13% dos 27,9 mil candidatos da universidade foram admitidos.
Por que as New Ivies ganham espaço no mercado de trabalho?
Muitas empresas americanas se distanciam dos graduados da Ivy League, ao mesmo tempo em que estão cada vez mais dispostas a considerar profissionais formados em outras instituições privadas e públicas dos EUA.
Cerca de um terço dos entrevistados da pesquisa da Forbes afirmam que estão mais propensos a contratar graduados de faculdades privadas fora da Ivy League do que estavam há cinco anos, e 38% dizem o mesmo sobre graduados de universidades públicas.
Apenas 6% afirmam que estão mais propensos a contratar formados da Ivy League. “A diferença entre os graduados da Ivy League e os de outras universidades públicas e privadas está diminuindo”, diz um vice-presidente de uma empresa com mais de 5 mil funcionários. “Os estudantes de universidades públicas demonstram mais empatia do que outros. A paixão para inovar e enfrentar curvas de aprendizado para dominar habilidades exigidas nas situações atuais é importante.”
Quatro em cada dez entrevistados afirmam que as universidades da Ivy League estão fazendo um trabalho pior em preparar candidatos para cargos de nível inicial do que faziam há cinco anos.
Três em cada dez dizem que a preparação é mais ou menos a mesma, e apenas 8% afirmam que as universidades da Ivy League estão melhorando nesse aspecto. “Nos últimos anos, mudamos intencionalmente nossa postura em relação à contratação de graduados de instituições da Ivy League”, diz um entrevistado que ocupa um cargo C-level. “Nos últimos cinco anos, as universidades da Ivy League se tornaram ambientes onde a discordância é desencorajada, e os graduados saem sem a resiliência, adaptabilidade e habilidades práticas necessárias para o sucesso em indústrias competitivas.”
Os empregadores ficaram mais impressionados com as mudanças nas universidades públicas. Cerca de 42% afirmam que as faculdades públicas estão fazendo um trabalho melhor em preparar candidatos para cargos de nível inicial do que faziam há cinco anos. Outros 30% dizem que não mudou muito, e 16% acreditam que as faculdades públicas estão fazendo um trabalho pior. Para as instituições privadas não-Ivies, 37% dos respondentes afirmam que as faculdades estavam fazendo um trabalho melhor em preparar candidatos para cargos de nível inicial, 33% não enxergam muitas mudanças, e 17% acreditam que elas estão piorando.
Metodologia
Começamos com uma lista de todas as faculdades públicas e privadas, com fins não lucrativos e que conferem diplomas de quatro anos nos Estados Unidos, usando os dados mais recentes disponíveis do National Center for Education Statistics (Centro Nacional de Estatísticas da Educação). Removemos as universidades da Ivy League — Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth, Harvard, Penn, Princeton e Yale — assim como as quatro universidades “Ivy plus”, frequentemente consideradas de alto prestígio – Stanford, MIT, Duke e a Universidade de Chicago.
Para serem consideradas para a lista das New Ivies, as faculdades precisavam atender a três critérios.
- 1. Tamanho: as faculdades privadas devem matricular pelo menos 3,5 mil estudantes, e as faculdades públicas, 4 mil estudantes.
- 2. Seletividade: as faculdades privadas devem admitir menos de 20% de seus candidatos, e as faculdades públicas, menos de 50%.
- 3. Altas pontuações em testes: As privadas precisam admitir alunos com uma média nas provas americanas SAT (Scholastic Aptitude Test) de 1530 e ACT (American College Test) de 34. As públicas precisam admitir alunos com uma média no SAT de 1410 e uma média no ACT de 32.
As instituições que atendiam a todos os três critérios foram apresentadas a empregadores em uma pesquisa para os assinantes das newsletters C-suite da Forbes.
A Universidade da Califórnia — amplamente considerado um dos melhores sistemas universitários estaduais do país e sede da UCLA e da Universidade da Califórnia-Berkeley — não divulga as pontuações dos testes e não foi considerado para este ranking.