O “Journal of Psychiatry and Neuroscience” publicou hoje (24) resultados de um novo relatório que revelou que o tetraidrocanabinol (THC, principal componente psicoativo da cannabis) deixa os ratos menos dispostos a tentar uma tarefa cognitivamente exigente.
Pesquisadores da University of British Columbia treinaram 29 ratos para um experimento comportamental. Os cientistas deram aos roedores uma escolha entre aceitar um desafio fácil e escolher uma tarefa difícil.
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Eles também alimentaram os ratos com guloseimas como recompensa. Os ratos em condições normais preferiram o desafio mais difícil para ganhar a maior recompensa: duas pastilhas de açúcar. Já os roedores que consumiram THC selecionaram a opção mais fácil.
“Quando o estudo foi concluído, checamos o nível de receptores de canabinoides nos cérebros”, disse Mason Silveira, o principal autor do estudo e candidato a Ph.D. no departamento de psicologia da University of British Columbia. “É nos receptores de canabinoides que o THC se fixa para que possa exercer seus princípios psicoativos. Parece que quanto mais receptores você tem no seu córtex frontal, pior será a sua capacidade de tomar decisões sob o efeito da droga.”
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É difícil determinar se seres humanos reagiriam da mesma maneira. Ambas as espécies compartilham os mesmos substratos e circuitos neurais, por isso, é possível que isso aconteça, disse Silveira.
“Estudos anteriores mostraram que o THC pode afetar habilidades de execução de tarefas, mas ninguém nunca estudou como a droga pode influenciar como a pessoa escolhe distribuir seus recursos cognitivos”, afirmou. “Achamos que essa é uma questão importante a ser considerada, dado que grandes decisões frequentemente envolvem decidir quanta energia mental você está disposto a investir para um resultado particular.”
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O canabidiol (CBD), um ingrediente na cannabis que não afeta a sobriedade do usuário, não afetou a capacidade de tomar decisões nem a atenção dos roedores, mas também não bloqueou os efeitos negativos do THC.
“No estudo, trabalhamos para ver onde esse efeito do THC pode ser amenizado no cérebro. Agora que podemos focar em uma parte do cérebro, queremos ver se no futuro será possível bloquear esse dano causado pela substância. Isso deve guiar pesquisas futuras para desenvolver drogas canabinoides que maximizam os benefícios terapêuticos (tratamentos para dor, por exemplo), enquanto minimizam as deficiências de tomada de decisão que observamos no estudo atual.”