Apple armazena ligações feitas no iPhone por até 4 meses sem autorização, revela empresa russa

18 de novembro de 2016

A Apple possui uma ferramenta escondida no iPhone: ligações feitas são armazenadas em tempo real no iCloud por até quatro meses. E não há como desliga-la

A Apple possui uma ferramenta escondida no iPhone: ligações feitas são armazenadas em tempo real no iCloud por até quatro meses. A descoberta foi feita pela empresa russa de tecnologia Elcomsoft, que afirma que a ferramenta é automática e não há como desligá-la.

A partir desta revelação, usuários de iPhone estão preocupados que dados pessoais importantes sejam reportados à Apple sem autorização. O CEO da Elcomsoft, Vladimir Katalov, contou que, mesmo com a opção backup desligada, as ligações continuam sendo gravadas. “A única maneira de desativar este sistema é desligar o iCloud por completo, mas, neste caso, o uso de aplicativos que dependem da nuvem também é perdido”, explica. O CEO acrescentou ainda que as ligações via Facetime também são gravadas.

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Katalov acredita que esta ferramenta automática do iCloud pode ser benéfica a investigações criminais que precisem acessar dados de ligação. Para ele, a Apple não divulgou adequadamente quais informações estavam sendo enviadas automaticamente para a nuvem, ou seja, não há como saber o que exatamente poderia ser requisitado pela lei para casos de investigação.

Um documento divulgado pela Apple afirma que a empresa não guarda dados de ligações via FaceTime por mais de 30 dias. Mas a Elcomsoft afirma que conseguiu extrair informações de até quatro meses anteriores as ligações.

Um porta-voz da Apple explicou que a sincronização de fato existe. “Nós oferecemos a sincronização do histórico de ligações por conveniência aos clientes para que eles possam retornar às ligações de qualquer dispositivo”, declarou a empresa. “A Apple está comprometida em garantir a segurança das informações do cliente. É por isso que damos aos clientes a opção de manter os dados em modo privado. Os dados do dispositivo são encriptados com a senha do usuário, e o acesso ao iCloud exige o ID da conta Apple e senha.”

“Suspeito que isto seja mais um problema de engenharia”, afirma Jonathan Zdziarski, especialista em iOS. “Eles precisam estar aptos a recolher dados, e qualquer software usado para isso provavelmente decidiu armazenar no drive do iCloud.”

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Para ele, a solução então seria prover um iCloud completamente encriptado e ainda assim, manter a usabilidade. “A Apple já resolveu problemas deste tipo antes com o iCloud Keychain e seu ciclo de sinais. Uma solução assim resolveria todas as dores de cabeça em gerenciamento de chave”, afirma. “Mas politicamente falando, isto poderia criar uma guerra entre agências federais que utilizam os dados com frequência.”