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A ideia do Big Bang apareceu, primeiramente, nos anos 1920 e 1930. Quando nós observamos galáxias distantes, descobrimos algo peculiar: quanto mais distantes elas estavam, mais rapidamente pareciam estar se afastando de nós. De acordo com as previsões da teoria geral da relatividade de Einstein, um universo estático seria gravitacionalmente instável, tudo precisaria estar se afastando ou indo em direção a um colapso se a estrutura do espaço seguisse suas leis. A observação desse aparente recuo ensinou que o universo está expandindo, hoje, e se as coisas estão se afastando conforme o tempo passa, significa que estavam próximas em um passado distante.
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É tentador, portanto, continuar estudando o passado, quando o universo era ainda mais quente, denso e compacto. Se fizermos isso, iremos encontrar:
– Uma época em que era muito quente para um núcleo atômico ser formado e na qual a radiação era tão alta que qualquer ligação de prótons e nêutrons seria destruída;
– Uma época em que prótons e nêutrons se transformavam em plasmas de quarks e glúons, conforme as temperaturas e densidades eram tão altas que o universo se tornava mais denso do que dentro de núcleos de átomos;
– E, finalmente, uma época em que a densidade e a temperatura aumentavam em valores infinitos, conforme toda a matéria e energia no universo eram contidas dentro de um único ponto: uma singularidade.
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Obviamente, tudo menos o último ponto foi confirmado. Nós criamos o plasma de quark-glúons em laboratório, desenvolvemos pares de matéria e antimatéria, fizemos os cálculos para o que cada elemento da luz deveria formar e em que quantidade durante os primeiros estágios do universo, tiramos as medidas, e descobrimos que eles combinam com as previsões do Big Bang. Avançando ainda mais, nós medimos as variações na radiação cósmica de fundo em micro-ondas e vimos como estruturas gravitacionalmente ligadas, como estrelas e galáxias, se formam e crescem. Para todo lugar para onde olhamos, encontramos uma relação gigante entre teoria e observação. O Big Bang parece um vencedor.
Exceto por alguns aspectos. Três pontos específicos que você poderia esperar do Big Bang não aconteceram:
– O universo não possui temperaturas diferentes em direções diferentes, apesar de uma área de bilhões de anos luz de distância em uma direção nunca ter tido tempo (desde o Big Bang) de interagir ou trocar informações com uma área de bilhões de anos luz na direção oposta;
– O universo não tem nenhum vestígio de uma alta energia apesar do fato de que as temperaturas que poderiam criar esses vestígios deveriam ter existido se o universo fosse arbitrariamente quente.
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Os teóricos que analisam esses pontos começaram a refletir sobre alternativas a uma “singularidade” para o Big Bang e, em vez disso, o que poderia recriar esse estado quente, denso, expandido, resfriado, evitando esses problemas. Em dezembro de 1979, Alan Guth descobriu uma solução.
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Essa foi considerada uma ideia convincente, mas especulativa. Entretanto, havia uma maneira de testá-la. Se os cientistas conseguissem medir as variações no brilho restante do Big Bang e elas exibissem um padrão particular consistente com as previsões da inflação, seria uma prova concreta. Além disso, essas variações teriam que ser muito pequenas para que o universo nunca tivesse alcançado as temperaturas necessárias para criar vestígios de alta energia e muito menores do que as temperaturas e densidades em que o espaço e o tempo apareceriam para emergir de uma singularidade. Nos anos de 1900 e 2000 e, novamente, em 2010, cientistas mediram essas variações em detalhes e encontraram exatamente isso.
A conclusão é inevitável: o quente Big Bang, definitivamente, aconteceu, mas não se estendeu para retornar a um estado arbitrariamente quente e denso. Em vez disso, no passado, o universo passou por um período no qual toda a energia que poderia ser a matéria e radiação presentes atualmente era, em vez disso, vinculada à própria estrutura do espaço. Esse período, conhecido como inflação cósmica, terminou e deu origem ao quente Big Bang, mas nunca criou um estado arbitrariamente quente e denso ou uma singularidade. O que aconteceu antes da inflação ainda é uma questão em aberto, mas uma coisa é certa: o Big Bang não é o começo do universo.