WebSummit Lisboa 2017: a revolução não virá de Davos

21 de novembro de 2017
WebSummit Lisboa 2017 (Getty Images)

WebSummit Lisboa 2017 (Getty Images)

Na semana passada, ocorreu o WebSummit 2017, em Lisboa, o maior evento de inovação e tecnologia do planeta, batizado “a Davos dos Geeks”. Infelizmente, entre os mais de 60.000 inscritos e 1.200 palestrantes, de mais de 170 países, o Brasil estava presente na proporção de seu PIB no mundo, ou seja: muito pouco para nossas dimensões e para o nosso potencial.

Ir a Portugal neste período de forte retomada da economia daquele país nos traz grandes lições. A pequena nação Europeia, da qual todos carregamos e herdamos traços culturais óbvios, conseguiu se transformar na porta de entrada do ecossistema da inovação Brasileiro e de grande parte da América Latina. Ao se tornar a nova queridinha turística de norte-americanos e europeus, somada a uma infraestrutura desenvolvida, mão-de-obra barata para padrões de União Europeia, legislação tributária e trabalhista mais amigável e relativa celeridade na constituição e regularização de empresas, Portugal voltou a surpreender o mundo.

Foram debatidos a fundo a ética e as consequências políticas e econômicas de temas como cryptomoedas, fintechs e soluções sustentáveis geradas por agritechs

Foram quatro dias em que, ainda que virassem quatro semanas, não seria possível ter acesso a todos os stands, palcos e exposições ali presentes, em um cenário perfeito para muitas conversas, reuniões marcadas pelo formidável aplicativo criado apenas para o evento, excelentes oportunidades de negócios e discussões sobre o futuro da tecnologia digital e da humanidade e, em especial no nosso caso, sobre como o direito irá dialogar daqui para a frente com este universo.

Falou-se muito de políticas públicas e econômicas globais, privacidade, direitos humanos. Também foram debatidos a fundo a ética e as consequências políticas e econômicas de temas como cryptomoedas, fintechs, soluções sustentáveis geradas por agritechs, a influência de mediatechs e as redes sociais na sociedade e no meio publicitário, além das polêmicas a respeito da tributação de tech e os perigos da inteligência artificial usada sem responsabilidade.

Entre os palestrantes, tiitãs como Al Gore, François Hollande, Margrethe Vestager, Steve Huffman, Werner Vogels, Brian Krzanich e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, marcaram presença.

Realmente, parecia que estávamos em Davos, mas com propósitos possivelmente mais revolucionários do que os tópicos normalmente debatidos na cidade suíça. A conclusão a que chego é a de que todos querem ser “tech”, todos querem ser player do ecossistema, não apenas os investidores-anjos, fundos de venture capital, aceleradoras, incubadoras e startups.

Se há espaço para todos neste mercado não sabemos, mas o propósito de desenvolver um ambiente empreendedor mais justo, acessível e saudável e a capacidade de transformar o mundo em um lugar melhor com a tecnologia digital foram a tônica do evento.

Rodrigo Bruno Nahas é advogado, especialista em Direito da Inovação, pós-graduado em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, com passagem pela Universidade de Edimburgo – UK.

 

Eduardo Barbato é idealizador do Hackerspace3. Cursou Singularity University, com especialização no MIT, dentro em Ecossistema de Inovação.

 

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