Onde e por que o mundo tem ficado mais perigoso

12 de junho de 2018

O mundo está menos pacífico hoje do que em qualquer outro período da última década, segundo uma nova pesquisa do Instituto de Economia e Paz (IEP), divulgada na última quarta-feira (6).

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No ano passado, a situação em 71 países melhorou, mas piorou em outros 92, segundo a última edição do Índice Global da Paz anual do IEP. Os maiores fatores que contribuíram para essa tendência incluem o aumento de conflitos em fronteiras e guerras civis, um aumento na repressão política e compromissos reduzidos de muitos países para os esforços de manutenção da paz da ONU.

Tanto a Europa como a América do Norte pioraram no ano passado, segundo o relatório, que compila e analisa 23 indicadores qualitativos e quantitativos para construir seu índice, com fatores que variam de guerras a níveis de encarceramento, gastos militares, corrupção, repressão política e estado das relações com os países vizinhos.

Isso significa que o estudo não é apenas uma inspeção de quais países são os mais devastados pela guerra; em vez disso, fornece uma definição mais ampla de estabilidade política, que incluem tensões políticas internas. Isso ajuda a explicar a contínua má posição dos EUA (121º lugar entre 163 países), com seu ambiente político cada vez mais partidário, envolvimento em múltiplos conflitos em todo o mundo e grande população carcerária.

A classificação dos Estados Unidos entre os 50 países menos pacíficos do mundo os coloca ao lado de países como México, África do Sul, Arábia Saudita, Índia, Turquia e Rússia.

Na região da Ásia-Pacífico, 11 dos 19 países viram a sua tranquilidade diminuir no último ano, com Mianmar sendo o mais afetado. A maioria das nações da região da Rússia e da Eurásia também sofreu queda nas pontuações, liderada pela Armênia e pela própria ex-URSS. Na América Latina, os maiores desafios para a paz são frequentemente crime, corrupção e ilegalidade. Nos últimos oito anos, a América Central e o Caribe se saíram pior do que qualquer outro lugar em termos de homicídios e outros crimes violentos, bem como percepções de criminalidade.

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A disparidade entre os países mais pacíficos e mais violentos é maior no sul da Ásia do que em qualquer outro lugar do mundo, com o Afeganistão e o Paquistão em contínua piora, em contraposição à melhora do Butão e do Sri Lanka. Algo similar ocorre na África Subsaariana, onde a situação em lugares como a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul se deteriorando, enquanto países como a Mauritânia e o Botswana se classificam no topo do índice.

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No entanto, a situação é a pior de todas no Oriente Médio e no Norte da África, que mantém sua posição como a região menos pacífica do mundo. Os países desses lugares preenchem quatro dos sete últimos lugares do índice, com a Síria como o pior país, seguida pelo Iraque (160º), Iêmen (158º) e Líbia (157º).

A colocação desses países mostra que uma das principais razões para o agravamento da situação global é que muitos dos conflitos e crises que surgiram nos últimos dez anos nesses lugares permanecem não resolvidos hoje, mesmo com o surgimento de novos problemas, o que significa que o nível geral de violência tem aumentado.

“É muito mais difícil construir a paz do que destruí-la”, diz Steve Killelea, presidente e fundador do IEP. “Isso explica em parte por que os países no final do índice permanecem presos em conflitos prolongados. As tensões que acontecem no momento, como as da Síria, Iêmen, Líbia e Afeganistão, contribuíram, na última década, para um aumento significativo das mortes em campo de batalha, uma crescente população de refugiados e um aumento do terrorismo.”

O impacto econômico de toda essa violência atingiu US$ 14,8 trilhões em 2017, segundo a pesquisa, o equivalente a 12,4% do PIB global, ou quase US$ 2 mil por pessoa.

Pode ser difícil separar correlação de causalidade quando se trata de desempenho econômico e instabilidade política. No entanto, o IEP aponta que os países pacíficos tendem a ter vantagens econômicas consideráveis ​​sobre os menos pacíficos, com inflação e taxas de juros mais baixas e maiores níveis de investimento em nações politicamente mais estáveis.

“Países com níveis de paz mais altos tiveram uma média adicional de dois pontos percentuais nas taxas de crescimento do PIB nos últimos 60 anos em comparação com os países menos pacíficos”, diz Killelea. “Na última década, nações que melhoraram em paz tiveram taxas de crescimento do PIB quase sete vezes maior do que os países que diminuíram em tranquilidade.”

O Catar teve a maior queda no índice de paz do que qualquer país, devido ao boicote político e econômico imposto por Bahrein, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Um aumento na repressão política também contribuiu para pontuações mais baixas em muitos países da região, incluindo Omã. No geral, nove das 20 nações de lá tiveram sua pontuação reduzida no último ano, enquanto oito caíram uma ou mais posições no índice.

Os países mais bem classificados da região incluem o Kuwait, seguido pelos Emirados Árabes Unidos e, apesar de sua grande queda, o Catar. No entanto, há alguns outros lampejos de luz na região. Embora o Oriente Médio e o Norte da África ainda sejam as regiões menos pacíficas do mundo, houve uma ligeira melhora na pontuação geral no ano passado, devido ao contínuo sucesso dos ataques a militantes do Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

No outro extremo da escala, Islândia, Nova Zelândia, Áustria, Portugal e Dinamarca são os países mais pacíficos, e a Europa continua como a região Top 1, apesar da queda da sua pontuação no último ano.

O Brasil ocupa a 106ª posição, com um índice de 2,160.

Veja, na galeria de fotos a seguir, os 10 países mais e menos pacíficos do mundo:

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