Morte alerta sobre o perigo de comer ostras cruas

24 de julho de 2018
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A Vibrio vulnificus, depois que se instala em uma ferida, começa a consumir a carne ao seu redor e, então, se espalha rapidamente para o resto do corpo

O mundo pode ser uma ostra, mas você deveria se certificar de cozinhar o ingrediente primeiro. A recente morte de um homem de 71 anos mostrou que há riscos reais de se comer ostras cruas. Os frutos do mar aparentemente foram contaminadas com Vibrio vulnificus, considerada uma bactéria que come carne e que vive em água salgada.

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A bactéria literalmente “come carne”. A Vibrio vulnificus, depois que se instala em uma ferida, começa a consumir a carne ao seu redor e, então, se espalha rapidamente para o resto do corpo, matando cerca uma a cada sete pessoas infectadas e deixando muitos sobreviventes com cicatrizes ou amputações.

Quando uma pessoa consome ostras cruas ou outros frutos do mar mal cozidos que contenham a Vibrio vulnificus, o resultado pode ser uma infecção gastrointestinal com diarréia aquosa, febre, cólicas abdominais, náuseas e vômitos.

Se a bactéria entrar na corrente sanguínea, efeitos colaterais como queda de pressão e choque também podem acontecer. Mais da metade das pessoas com infecções na corrente sanguínea morreram, segundo dados da Food and Drug Administration (FDA) sobre 459 casos relatados entre 1992 e 2007. Curiosamente, cerca de 85,6% dos pacientes eram do sexo masculino, provavelmente pela crença de que ostras são afrodisíacas. Dos 180 casos de 2002 a 2007, a maioria (92,8%) comeu ostras cruas e 95,3% já apresentavam algum tipo de doença que pode suprimir o sistema imunológico.

É provável que, se você consumir ostras cruas, não seja infectado pela Vibrio vulnificus. Tais casos, felizmente, são bastante raros. No entanto, comer ostras cruas pode ser como jogar em um caça-níqueis, no qual você não vai gostar do que pode acontecer se acertar o jackpot. Outros agentes patogênicos podem estar presentes; por exemplo, no início deste ano, a FDA emitiu um aviso de norovírus sobre ostras colhidas na Colúmbia Britânica, no Canadá (especificamente nas partes sul e central de Baynes Sound).

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Segundo a Agência de Saúde Pública do Canadá, houve 176 casos de doenças gastrointestinais relacionadas à ostra entre meados de março e meados de abril de 2018, incluindo 137 na Colúmbia Britânica, 14 em Alberta e 25 em Ontário. O surto se espalhou para os EUA também, o que resultou em pelo menos 100 casos na Califórnia. O norovírus gastrointestinal pode causar náusea, diarréia e vômito bastante severos em 70% ou mais dos infectados.

Há muita coisa dita sobre como preparar alimentos crus que não têm nenhuma base científica. Por exemplo, molho picante ou o álcool não vão matar patógenos como Vibrio ou norovírus. Evitar ostras de águas poluídas não vai impedir que você fique doente. Você nem sempre sabe se uma ostra é segura. As ostras podem parecer perfeitamente normais, mas ainda têm micróbios à espreita. Evitar ostras em meses de verões mais quentes também não vai ajudar muito.

A melhor maneira de prevenir doenças é não comer ostras cruas – e sim cozinhá-las antes do consumo. Claro, muitas pessoas comem ostras cruas a cada ano sem ficarem doentes. Se você é saudável, pode sobreviver a uma infecção sem efeitos duradouros. Mas há a chance de você sofrer consequências a longo prazo e até mesmo morrer, especialmente se tiver doenças no fígado, diabetes ou qualquer outra condição que possa enfraquecer seu sistema imunológico.