Empresa faz sucesso com aposta em couro de abacaxi

27 de dezembro de 2018

Bolsa de couro de abacaxi da marca vegana Alexandra K, que é aprovada pelo PETA: € 329

“É sustentável, mas é horrível” e “ecologicamente correto não combina com luxo” são algumas das frases que surgem quando alguém propõe a utilização de matérias-primas alternativas no segmento de alto padrão. Houve avanços nos últimos anos, é claro, mas ainda prevalece na indústria a impressão de que essa equação não foi ainda devidamente resolvida. Daí a importância de produtos como o couro feito de abacaxi, usado nos produtos que ilustram este texto, criado pela espanhola Carmen Hijosa e totalmente amigo do meio ambiente.

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Carmen trabalhou no segmento de couro — o de animais mesmo — durante 15 anos, até decidir buscar substitutos à altura. Foi numa viagem às Filipinas, quando não só percebeu que a qualidade da matéria-prima animal vinha caindo como se deu conta de que as inúmeras plantações de abacaxi locais jogavam fora volumes enormes de folhas.

Assim surgiu a semente do negócio que virou seu grande propósito profissional.

Aos 62 anos, criou a start-up Ananas Anam (fica o exemplo para quem se sente velho demais para empreender!), fabricante do material que batizou de Piñatex. Antes disso, encarou sete anos de estudos sobre a indústria têxtil na Royal College of Art, em Londres, de onde saiu Ph.D. No mercado desde 2015, aprimorou o material e atraiu marcas grandes como a Hugo Boss. Em seguida, foi finalista do Initiative Women’s Awards, da joalheria Cartier.

Tênis da grife Hugo Boss fabricados com Piñatex

Produzir um metro quadrado de Piñatex requer 460 folhas. O que não é um problema para a marca, que estima que o material orgânico que vai para o lixo nos dez maiores produtores de abacaxi seria suficiente para substituir 50% do couro animal usado no mundo. O processo de fabricação é todo ecocorreto, e o metro quadrado do produto é vendido a preços entre €25 e €40.

Dá para dizer que o couro de abacaxi substitui COM PERFEIÇÃO o bovino? Não, não dá. Mas chega bem perto disso, e pode virar produtos excelentes como os da galeria de imagens a seguir. É uma alternativa interessantíssima, que merece ser aprofundada. Sobretudo numa era em que a moda começa a atender à demanda dos consumidores jovens por produtos mais conscientes — outro dia mesmo, a Chanel anunciou que não vai mais usar peles e couros de animais exóticos.

As primeiras versões do produto ainda não tinham cor, mas já rendiam peças interessantes
Atualmente há versões douradas...
...e com cores fortes
Essa aqui não tem quem diga que não é couro animal, vai
A característica rústica do material ainda pode ser mais trabalhada, como se nota nesta bolsa...
...e nestas sapatilhas
Mas a variedade de usos é grande, pois serve mesmo como estofado de carros...
...pulseiras de relógio...
...e roupinhas para bichos de estimação

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